A proporção de indústrias brasileiras que realizaram algum tipo de inovação em processos ou produtos no 1º trimestre de 2018 foi de 45,9% e alcançou o melhor resultado em um ano. É o que aponta a Sondagem de Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) encomendada à Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“O Brasil subiu cinco posições no ranking mundial de inovação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, divulgado recentemente, e passou para o 64º lugar entre 126 países. Melhoramos e a Sondagem da ABDI mostra que há um crescimento nos gastos em inovação, mas temos muito que avançar e isso só irá acontecer com investimento continuado, melhora do cenário econômico e reformas, como a tributária”, afirma Guto Ferreira, presidente da ABDI.
A Sondagem revela que os gastos com inovação foram retomados após seis meses de queda. O indicador voltou a subir e passou de 92,8 pontos para 96,6 pontos entre o 4º trimestre de 2017 e o 1º período deste ano. O dado é obtido pela diferença entre a proporção de empresas que afirmaram ter aumentado os gastos em inovação e aquelas que mantiveram ou diminuíram, acrescido de 100. Quando o indicador, que varia em uma escala de 0 a 200, se mantém abaixo dos 100 pontos, significa que um maior número de empresas diminuiu ou não realizou investimentos em inovação no período pesquisado.
A parcela de empresas pesquisadas que aumentaram os gastos com inovação foi de 11% para 21,6%, maior nível desde o 3º trimestre de 2014 (23,4%), enquanto as indústrias que diminuíram os recursos para inovação passaram de 13,6% para 11,3%, no mesmo período. No entanto, o percentual de empresas que não fizeram gastos passou de 4,6% no 4º trimestre de 2017 para 13,7% no 1º trimestre de 2018.
Perspectiva de investimento
Dentre as empresas pesquisadas, 54,1% pretendem inovar no segundo trimestre de 2018, um aumento de 3,5 pontos percentuais em relação ao período anterior. Este é o melhor resultado desde o 2º trimestre de 2015, que teve perspectiva de inovação de 56% das indústrias.
No entanto, este otimismo pode ser afetado pela greve dos caminhoneiros, deflagrada após a realização da Sondagem de Inovação. A paralisação provocou recuo de 3,34% na atividade econômica de maio, em comparação com abril, segundo dados do Banco Central.
“Eu acredito que, mesmo com menos dinheiro disponível, esta greve mostra que as empresas devem aumentar os investimentos em inovação ao contrário de diminuir. Foi uma situação que revelou a dependência do país em um único modal de transporte, um panorama que será superado apenas com novas soluções em logística, o que demanda pesquisa e investimentos”, analisa Guto Ferreira, presidente da ABDI.
Produtividade
Para elevar o nível de produtividade nos próximos anos, 64,2% das empresas avaliam que investir em equipamentos e instalações e 63% na melhoria dos métodos de gestão são esforços que devem ser considerados. A qualificação da mão de obra foi outro item mencionado por mais da metade das empresas (51,5%). Apenas 2,4% delas dizem não ter ações previstas de ganho de produtividade no horizonte.
Os investimentos em inovação ficaram em quarto lugar na prioridade das empresas para aumento de produtividade, com 41,4% das indicações. Do universo dessas 79 empresas que acreditam que investimentos em inovação podem aumentar a produtividade nos próximos anos, 30,7% pertencem a segmentos com sistema produtivo ligado a Transformação da estrutura produtiva – que em média tem uma tendência em inovar mais produtos do que os demais – 25,7% Intensivos em escala, 25% Intensivos em trabalho e 18,6% relacionado ao Agronegócio.
Ocupação em P&D
O aumento da proporção de empresas que inovam, tem como uma de suas causas prováveis a melhoria da qualificação dos profissionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Houve um crescimento proporcional de indústrias com mestres, de 50,6% para 58,2%, e doutores, de 27,6% para 30,4%, no 1º trimestre de 2018 em relação ao 3º trimestre de 2017. As empresas que afirmam possuir mais de sete profissionais com pós-graduação dedicados à inovação chegaram a 29,3%, o maior nível da série iniciada em 2010.
O período de coleta da Sondagem de Inovação é trimestral e ocorre nos dois primeiros meses subsequentes ao trimestre de referência da pesquisa. Para a edição do 1º trimestre de 2018, foram aplicados 338 questionários entre 13 de abril e 25 de junho.
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