Por Felipe Stutz*
O ano só começou, mas me diga: quantos relatórios e matérias você já viu sobre as principais tecnologias para 2018? Imagino que muitos, não é verdade? Essas projeções nos ajudam a pensar e planejar o ciclo que se inicia, não só em um horizonte de 365 dias, mas também em um futuro de médio a longo prazo – três, cinco anos. O fato, porém, é que muitas dessas tendências apenas dão continuidade a um movimento que já faz parte das nossas vidas e de nossas organizações.
A transformação digital foi – e continuará sendo – o foco de CIOs e empresas: predição da IDC aponta que, até o final de 2018, pelo menos 40% das companhias terão uma equipe dedicada ao digital para acelerar as iniciativas dessa natureza e, até o final de 2019, os gastos mundiais chegarão a U$S 1.7 trilhão com tecnologias relacionadas, um aumento de 42% na comparação com 2017.
Na América Latina, com a crise nos cenários político e econômico, 2017 foi um ano de cautela e avaliação das possibilidades para o futuro. Naturalmente, as decisões de investimento foram postergadas e, no Brasil, a retomada de projetos e iniciativas aconteceu apenas no final do terceiro trimestre, impulsionada pela busca por eficiência e redução de custos.
Após o período mais crítico, o mercado de tecnologia está em expansão na região e, de acordo com o Gartner, terá um crescimento de 6% – maior que os 4,8% previstos na média global – até 2021. Para 2018, a expectativa é que soluções de colaboração e cloud computing se fortaleçam, enquanto novos conceitos de conectividade, que é a base para o desenvolvimento de tecnologias emergentes e inovadoras,comecem a ganhar tração nas economias latino-americanas. Destaco algumas delas abaixo:
Cloud computing: é um bom exemplo de tendência impulsionada pela crise e que se consolidou, praticamente, por conta da necessidade de tornar a TI mais enxuta. Para este ano, a Forrester prevê que mais de 50% das empresas globais irão depender de pelo menos uma plataforma pública de nuvem para nortear seus processos de disrupção e a criação de experiências que encantem o cliente.
Conectividade: organizações que adotaram a estratégia de cloud buscam, agora, resolver o problema de conectividade, para reduzir custos e aumentar performance. O conceito é a base para a adoção de futuras tecnologias. E, na medida em que a demanda por capacidade de rede privada e pública, internet e nuvem aumenta, a expectativa é que projetos de redes definidas por software (software-defined network, ou SDN, e software-defined wide area networking , ou SD-WAN) sejam colocados em prática. Previsões da IDC apontam que, até 2021, as receitas com infraestrutura e serviços de SD-WAN chegarão a U$S 8,05 bilhões.
Colaboração: no processo de transformação e digitalização das empresas, o uso de ferramentas colaborativas, como videochamada e plataformas de time continuará a crescer, como resposta à necessidade das empresas de promover comunicação entre colaboradores e clientes na base 24/7. A pesquisa “Rewriting rules for the digital age” (ou “Reescrevendo regras para a era digital”), da Deloitte, feita com mais de 10 mil respondentes de 140 países, aponta que 94% das organizações consideram agilidade e colaboração fatores críticos para o sucesso dos negócios.
Inteligência artificial e IoT: ainda é preciso pavimentar o caminho para a adoção dessas duas tecnologias. Os conceitos podem alavancar projetos em diversas vertentes, mas o período ainda será de compreensão sobre impactos, benefícios e usabilidade das soluções em diversos segmentos de mercado. Para IoT, a McKinsey estima um potencial impacto econômico de US$ 11,1 trilhões por ano, até 2025; e a IDC prevê US$ 57,6 bilhões de gastos mundiais em sistemas de inteligência cognitiva e artificial, até 2021.
Se, por um lado, a crise atrasa projetos, por outro, a redução de custos e a otimização de processos é crucial para o desenvolvimento estratégico dos negócios. Não veremos mudanças drásticas este ano, mas o mercado segue em expansão e, aos poucos, começa a arriscar e investir com mais afinco em tecnologias já em processo de consolidação em mercados europeus e estadunidenses.
*Felipe Stutz é diretor de soluções para América Latina da Orange Business Services
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