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Nova tecnologia muda tudo em três anos

Nova tecnologia muda tudo em três anos

Com a rápida transformação digital dos negócios, os próximos três anos serão mais críticos para as empresas do que tem sido nos últimos 50 anos. Quem não se adaptar corre risco de sair do mercado, adverte Roberto Wagmaister, CEO e fundador do gA.

Contrariamente às mudanças anteriores, observa o dirigente, como a adoção da eletricidade ou ferrovias, a digitalização é baseada na evolução de vários componentes, entre eles semicondutores, redes de comunicação, computador, engenharia, análise de dados, dispositivos de acesso, robótica, inteligência artificial e sensores, com impacto determinante na produção de bens e serviços provocadas pela incorporação massiva de novas tecnologias. Isso implica, observa o empresário, uma reestruturação das cadeias de valor através da introdução de comunicações, aplicações, plataformas e conteúdo tecnológico.

A tecnologia se assemelha às camadas tectônicas de um planeta em constante movimento. Às vezes, os movimentos são imperceptíveis e demoram mais para serem notados. O que vemos agora com a combinação de diversas tecnologias disruptivas (Internet das coisas, Big Data, Cloud, Analitics) é uma nova forma de pensar e, no fundo, uma revolução, adverte Wagmaister.

A transformação digital também é chamada de digitalização da produção, da cadeia de valor ou Internet industrial e pode ser definida como as diversas mudanças associadas à adoção generalizada de tecnologias digitais nos processos produtivos, com a conseqüente mudança nos modelos operacionais e na dinâmica do funcionamento do mercado.

Em breve, será comum produtos conectados, como a cafeteira elétrica, ter autonomomia para fazer o pedido de reposição do café. Caminhões sem motoristas para entregas com logística definida para otimizar roteiros. Lojas sem caixas, com o débito no cartao de crédito na saída. Pizzarias robotizadas desde o pedido até a fabricação e entrega. A telemetria começa a mudar o mercado de seguros, com preços mais vantajosos para o segurado que tem seus dados monitorados. Já temos redes neurais que permitem a previsão de demanda com base no uso inteligente de grandes volumes de dados de clientes em tempo real. A plataforma utiliza algoritmos matemáticos para executar grandes volumes de transações de dados do cliente e eventos externos, tais como previsões meteorológicas, concorrência de preços e campanhas promocionais, para sincronizar automaticamente a demanda em conjunto com os sistemas de planejamento, que por sua vez , ajusta e otimiza a cadeia de fornecimento das plataformas de execução.

Neste contexto, será preciso transformar as pessoas, seus padrões de pensamento e saber como avançar para tirar proveito de todas essas mudanças, aponta o dirigente do gA.

“Próximos três anos serão mais críticos do que

as últimas cinco décadas para as empresas

devido à transformação digital dos negócios”

O principal desafio hoje é as empresas suportarem o movimento tectônico da tecnologia. “Tudo mudou, não podem mais conduzir seus negócios como faziam antes. A saída agora é principalmente tornar a integração da cadeia de valor de forma rentável e lucrativa. Tem muita tecnologia no mercado, falta ganhar dinheiro com elas”, adverte o dirigente.

Os próximos três anos serão mais críticos para as empresas nascidas analógicas do que tem sido nos últimos 50 anos. ”No recente World Economic Forum, em Davos, uma previsão alarmou os executivos: a transformação digital irá injetar US$ 100 trilhões na economia mundial em uma década. As empresas precisam entender que a transformação digital dos negócios já chegou, não existe mais a opção de ignorar o que precisa ser feito, como o redesenho organizacional que permita analisar os dados para tornar seus negócios mais rentáveis. Tome-se o o exemplo dos fabricantes de máquinas fotográficas, como a Kodak, fortemente abalados pela invenção da fotografia digital; quem não se adaptou praticamente desapareceu do mercado. Estamos entrando no quarto grande ciclo de transformação da humanidade e do conhecimento, impulsionado pela aquisição e gestão de dados; mas é necessário modificar os sistemas de negócios para capitalizar a tecnologia disponível”, aponta o empresario do gA.

O consumidor tem sido até mais rápido na adaptação às mudanças do que muitas empresas. Existem dois blocos no processo onde as mudanças ocorrem. De um lado, o consumidor, que já usa, por exemplo, seu telefone celular para chamar um táxi, comprar ingressos, fazer check-in no avião, etc. De outro a crescente oferta de produtos e serviços ao consumidor final por meio de canais digitais. “A fim de aproveitar essas oportunidades, as empresas precisam descobrir como unir a nova demanda criada pelos consumidores com o que é chamado de lado industrial, que é como as empresas compram seus insumos, como distribuí suas mercadorias, a logística. Isso é o que o mundo chama de Indústria 4.0. Então, quando se fala sobre a compra, fabricação, distribuição e logística, o que se forma é a cadeia de valor de uma empresa. Esta cadeia de valor é o que tem que ser transformada para capitalizar os benefícios das novas tecnologias. A empresa não pode continuar a produzir e distribuir como fazia antes do surgimento das novas tecnologias”, acentua Wagmaister

A nova tecnologia também obriga as consultorias de gestão a se adaptarem aos negócios. “Precisamos colocar a mão na massa . Trabalhamos para alinhar todos os processos às novas tecnologias disruptivas, habilitar novas plataformas de negócios, assim como capacitar as pessoas. Em outras palavras, não é mais simplesmente desenvolver um projeto e implementar na empresa, o cliente de um lado, a consultoria de outro. Fazemos juntos, criamos a plataforma de negócios em conjunto que será operada pelo cliente. Com esta metodologia de trabalho conseguimos desenvolver relacionamentos duradouros, temos mais de 30 clientes estratégicos, multinacionais, e mais de 70 líderes em áreas como varejo, ciências da saúde, manufatura e empresas de consumo”, relata o empresário.

O gA é uma consultoria internacional com 1.400 funcionários espalhados por 11 países na América Latina e Estados Unidos, com faturamento ao redor de U$S 80 milhões. Grande parte das receitas ainda é gerada pelo Brasil, que possui três filiais (Paraná, São Paulo e São José dos Campos).

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