De todas as importantes tendências tecnológicas que impactam a indústria financeira, a chamada Inteligência Artificial (I.A.) vem dando o que falar. Assim como sua “prima” Blockchain, a I.A. traz à tona questões de grande impacto na sociedade e na economia global.
Estamos falando de disrupção generalizada não só dos modelos de negócios, mas também do mercado de trabalho com enormes mudanças previstas no conjunto de habilidades necessárias para prosperar neste novo cenário.
A Inteligência Artificial é a combinação de múltiplas tecnologias que permitem que as máquinas percebam, compreendam e atuem – e aprendam por conta própria ou complementem as atividades humanas.
O sucesso da I.A. depende da relação simbiótica entre o homem e a máquina, de estratégia e de um constante exercício de aprendizagem. Ainda são seres humanos que a projetam.
Um recente estudo sobre o impacto da Inteligência Artificial na economia, realizado pela Accenture, revela que a I.A. é o novo fator de produção e tem potencial para gerar novas fontes de crescimento. A previsão é de que as taxas de crescimento econômico anuais sejam duplicadas até 2035 e a produtividade da força de trabalho aumente em até 40%.
Enquanto alguns pesquisadores preveem que a automação conduzida pela I.A. pode afetar 49% das atividades de trabalho e eliminar cerca de 5% dos empregos, um novo estudo do IDC/Salesforce aponta que até 2021, atividades de CRM habilitadas pela Inteligência Artificial poderiam aumentar as receitas de negócios globais em US$ 1,1 trilhão e criar 800 mil novos empregos novos – superando os perdidos para a automação.
Já o artigo do New York Times, The Real Threat of Artificial Intelligence, apresenta uma outra perspectiva: “a transformação promovida pela Inteligência Artificial resultará em enormes lucros para as empresas que a desenvolvem, bem como para as empresas que a adotam. Por outro lado, também está prestes a provocar uma diminuição em grande escala de empregos – principalmente aqueles de menor remuneração”.
Estamos enfrentando dois desenvolvimentos que não se harmonizam facilmente: enorme riqueza concentrada em poucas mãos e um número enorme de pessoas fora do mercado de trabalho. O que precisa ser feito?
“Nada em si é bom ou mau; tudo depende do que pensamos” (Hamlet)
Os bancos estão se tornando repositórios fantásticos de informação. A quantidade de dados gerados pela interação de clientes em seus canais digitais aumenta exponencialmente em volume e em complexidade, e extrapola a fronteira de serviços financeiros.
Big Data, Machine Learning e alto poder computacional proporcionam uma melhor compreensão das expectativas e intenções dos clientes, possibilitando experiências aprimoradas e melhor posicionamento competitivo, enquanto a adoção de Inteligência Artificial impulsiona a eficiência operacional.
A entrega de produtos e serviços mais ágeis e flexíveis, inovadores, oferecidos com tecnologia de ponta e a custos menores determinou a transformação das organizações e de suas competências atuais.
Estruturas hierárquicas tradicionais caminham para modelos colaborativos, com quadros de funcionários bastante reduzidos, complementados pela aproximação de talentos de fora da estrutura corporativa – a exemplo do que vem acontecendo na recente parceria entre bancos e fintechs.
As instituições financeiras estão expandindo as fronteiras de seus laboratórios de inovação para se organizar em grupos de trabalho e consórcios, onde a interoperabilidade e a criação de um novo ecossistema têm sido as questões a endereçar.
Esperamos que nas mesas de discussões, estejam concentrados em moldar um futuro onde predomine o propósito de uso da tecnologia para empoderamento das pessoas dentro e fora das organizações. Caso contrário, muito em breve teremos de lidar com uma crise existencial coletiva.
*Regina Giovanolli é Gerente Executiva da Provider IT
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