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Produtos conectados inteligentes podem gerar US$ 685 bilhões em receitas na indústria até 2020

Para rentabilizar a oportunidade, os fabricantes precisarão equilibrar seus esforços entre produtos legados e novos modelos de negócios voltados para serviços
Produtos conectados inteligentes podem gerar US$ 685 bilhões  em receitas na indústria até 2020

Um novo estudo divulgado pelo Instituto de Transformação Digital da Capgemini aponta que o setor industrial global pode projetar uma geração de receitas no patamar dos US$ 519 bilhões até US$ 685 bilhões em valor agregado até 2020, por meio do desenvolvimento e venda de dispositivos conectados inteligentes. O relatório “Digital Engineering: The New Growth Engine for Discrete Manufacturers” (em livre tradução: “Engenharia Digital: O novo mecanismo de crescimento para fabricantes”) destaca que, embora os retornos potenciais sejam significativos, os fabricantes precisarão investir em continuidade digital e em competências digitais para que consigam se beneficiar.

O setor industrial respondeu entusiasticamente às novas tecnologias e muitos já estão reequilibrando seus investimentos em TI com base nelas

Conforme indica a pesquisa, os fabricantes estimam que algo como 50% de seus produtos serão conectados e inteligentes até 2020, um aumento de 35% em relação a 2014. Na verdade, 18% deles afirmaram que planejam parar completamente de fabricar produtos, movendo os negócios para um modelo baseado puramente em serviços. Um movimento nessa direção fará com que a mudança para a oferta de serviços se torne um imperativo de negócios e exigirá recursos aprimorados.

“Não queremos agregar valor ao mercado sendo estritamente um fabricante tradicional de hardware. Migrar para um modelo de negócios baseado em serviços é uma maneira fundamental de diferenciar nossa proposta de valor no mercado”, explicou Antoine Destribats, vice-presidente de operações industriais da Schneider Electric – fornecedora de produtos e serviços para distribuição elétrica, controle e automação industrial.

O setor industrial respondeu entusiasticamente às novas tecnologias e muitos já estão reequilibrando seus investimentos em TI com base nelas. Cerca de 50% dos fabricantes pretendem investir mais de 100 milhões de euros em plataformas e em soluções digitais de gestão do ciclo de vida de produtos (Product Lifecycle Management – PLM) nos próximos 2 anos. Ao mesmo tempo, a proporção do orçamento de TI destinada à manutenção de sistemas legados caiu significativamente: de 76% em 2014 para 55% em 2017.

Destravando oportunidades

Embora os investimentos em plataformas digitais tenham aumentado substancialmente desde 2014, poucos fabricantes conseguiram escalar seus esforços. Algo como dois terços (ou 66%) reconhecem estar constantemente se deparando com duas prioridades concorrentes: acelerar o tempo de go-to-market no mercado, como forma de manutenção contínua de produtos, e o desenvolvimento de produtos legados, no lugar de investir em produtos conectados e inteligentes.

Como resultado dessa angústia, o uso de engenharia de sistemas baseada em modelos, de continuidade de dados e de simulação virtual dentro da indústria manufatureira ainda é baixo. Apenas 16% das organizações estão implementando por completo os Digital Twins[1], enquanto 45% delas ainda não passaram da fase-piloto. Da mesma forma, apesar de serem responsáveis por 58% dos gastos globais em pesquisas e desenvolvimento em 2017, pouco menos de um em cada cinco (19%) fabricantes figuram na lista das empresas mais inovadoras de 2018 divulgada pela Forbes. Com isso, destacam o ‘efeito âncora’ de produtos legados e a necessidade de repensar as abordagens atuais de inovação e engenharia de produtos e serviços.

Investir em competências digitais e em um ecossistema digital será a chave

Se os fabricantes realmente querem monetizar as oportunidades de produtos conectados inteligentes, também precisarão melhorar o desenvolvimento de habilidades de TI e software. De acordo com o estudo, 86% dos “novices[2]” ainda não dispõem de capacidade suficiente, considerando suas competências atuais, para gerenciar dados; 95% deles reúnem habilidades insuficientes de design de aplicações e 94% de inteligência artificial. As contratações externas não darão conta de suprir completamente a demanda por talentos digitais – conforme enfatiza o relatório -, o que significa que as organizações precisarão investir em treinamento digital, em ferramentas e no desenvolvimento de novas formas colaborativas de trabalho para seus atuais funcionários. Em paralelo, a criação de um ecossistema digital ampliado será fundamental e dará origem a novos serviços end-to-end.

“Avaliamos as competências de nossos funcionários com muita frequência e ênfase em suas habilidades digitais”, afirmou Jan Willem Ruisch, diretor sênior e Head de gerenciamento de produtos da Signify (antiga Philips Lighting). “Desenvolvemos e implementamos programas de treinamento para garantir que estamos nos atualizando com as mais recentes tecnologias”.

Fabricantes lutam para tirar proveito de dados de produtos e de clientes e impulsionar a inovação

Os fabricantes também precisarão rentabilizar os dados gerados por produtos conectados em sua transição para serviços de vendas. O uso de dados dos produtos conectados, bem como os comentários de clientes extraídos de canais sociais estão, cada vez mais, substituindo as pesquisas de mercado tradicionais para estimular a inovação em produtos e serviços. E, apesar da crescente importância dos dados e da tecnologia por meio da qual são obtidos, o relatório conclui que apenas 25% dos fabricantes está usando essas informações para fornecer insights acionáveis para a inovação de produtos.

No que tange ao desenvolvimento de novos produtos, dois em cada cinco fabricantes indicaram que estão usando tecnologias de inteligência artificial (IA) para analisar dados de clientes. Essas descobertas sugerem que uma significativa parcela das empresas de manufatura está perdendo a oportunidade de alavancar dados em seus processos de design e desenvolvimento. Eles também enfrentam múltiplos desafios quando se trata de alavancar dados de produtos e de ecossistemas de parceiros para impulsionar a inovação. A pesquisa mostra ainda que 54% das organizações estabeleceram programas para promover a colaboração com startups, terceiros e fornecedores. No entanto, menos de um terço deles aproveitou esses programas para codesenvolver produtos com o ecossistema de parceiros.

Com a fabricação de produtos cada vez mais voltada para a conectividade, também cresce a necessidade dos fabricantes integrarem os recursos de software em seus processos de design de produto. E os ciclos de produto precisarão ser ajustados para atender às demandas de atualizações frequentes – um fenômeno comum no mundo dos aplicativos. A pesquisa revela que os manufatureiros consideram o papel do software e da TI em produtos como um dos três principais fatores que afetam seus negócios, além de manter a continuidade digital e de alterar o modelo de negócios baseado em produto para o de serviços.

Jean-Pierre Petit, Head de manufatura digital da Capgemini, explica: “Com os significativos ganhos potenciais de produtos conectados inteligentes e de continuidade digital previstos para os próximos 2 anos, a exigência de investimento em novas tecnologias é grande demais para que possa ser ignorada pelos fabricantes. No entanto, o caminho para chegar lá é desafiador. Os fabricantes devem equilibrar as prioridades entre sustentar seus negócios principais enquanto investem na aceleração digital. Eles devem realizar investimentos em habilidades digitais, ecossistemas, ferramentas, roadmaps e em novas formas de trabalho. É muito trabalhoso, porém, para aqueles que o fizerem corretamente, haverá uma liderança sustentável dos ganhos”.

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