Quais foram as principais mudanças no contexto tecnológico com a pandemia de Covid-19 e o que esperar para o próximo ano? Essas foram as principais questões colocadas e debatidas no evento Future Enterprise realizada ontem (10/11) pela IDC Brasil. Houve, sem dúvida, uma mudança na mentalidade dos executivos, no modo de trabalhar e também do mercado nestes últimos sete meses e todos estão apreensivos para saber como será o próximo ano.
Para Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil, as mudanças que têm ocorrido irão beneficiar o ecossistema de tecnologia como um todo. “Os CEOs e CFOs das empresas viram a importância que a tecnologia traz para dentro das corporações e querem saber elas podem ajudar em seus negócios”, disse o executivo. “As áreas de TI ganharam poder no curto e médio prazos e mais recursos no orçamento para investir. Talvez essa as grande mudança que a pandemia trouxe neste contexto tecnológico”, afirmou.
Arcieri contou que pesquisas da IDC mostraram que entre 20% e 25% das empresas estão ampliando seus orçamentos em TI este ano em comparação a 2019, ou seja, de cada quatro empresas, uma está aumentando o orçamento mesmo com a pandemia. “Nossas primeiras pesquisas, já olhando para 2021, mostram que 40% das empresas estão sinalizando neste momento que vão ter seus orçamentos ampliados”, salientou.
Ao mesmo tempo, também vem crescendo a pressão para que os custos com tecnologias sejam mais flexíveis, ou seja, se a empresa fatura mais, tudo bem ter um custo maior, mas em épocas de crise, os CEOs e CFOs querem que os custos também sejam menores. Isso abre caminho para serviços em que a empresa contrata de acordo com a demanda. “Os segmentos que tiveram menos impacto na pandemia foram os mercados de Cloud Computing e serviços gerenciados, que por natureza são flexíveis no consumo. Tornar os custos de TI flexíveis foi a segunda grande mudança que a pandemia trouxe e se acelera dentro das empresas”, afirmou.
Explosão da Nuvem
Luciano Ramos, gerente de Enterprise da IDC Brasil, disse no evento que a aceleração dos serviços em Nuvem vai se manter nos próximos anos. Há um grande interesse por Cloud não apenas pelas características técnicas da tecnologia, mas principalmente porque a visão dos CEOs e CFOs mudou. “Houve mudança no mindset das empresas, que vão saindo da visão da preservação da TI legada tradicional para dar maior foco em iniciativas de Transformação Digital, que podem tirar proveito da Nuvem e acelerar novos modelos de negócios”, disse o executivo. “Teremos um crescimento da Cloud pública aqui no Brasil acima de 28% este ano, e de 30% em 2021, considerando IaaS (Infraestrutura como Serviço) e PaaS (Plataforma como Serviço)”, afirmou Ramos.
Segundo ele, hoje é difícil pensar em alguma iniciativa em tecnologia que não considere o Cloud como um de seus componentes. O IoT, Analytics, Inteligência Artificial e Machine Learning, são tecnologias que em sua grande maioria usam múltiplos recursos da Nuvem, seja de infraestrutura ou plataforma para viabilizar e acelerar a sua implementação. “Existem muitas empresas que ainda estão estruturando suas iniciativas para a Nuvem. É preciso continuar evoluindo para que os benefícios dos ambientes de Nuvem possam ser atingidos. Por isso o tema de modernização de aplicações deve retornar à pauta em 2021com destaque, seja modernizando os sistemas existentes, com atualização de códigos, substituição da arquitetura, ou avançando na substituição por outro que se alinhe com a Cloud”, observou Ramos.
Mobilidade
Reinaldo Sakis, gerente de Consumo da IDC Brasil, pontuou que, por causa da pandemia houve uma grande mudança na dinâmica de como se vende computadores e tablets, inclusive no mercado corporativo. “As vendas de notebooks cresceram vertiginosamente, não só no Brasil, mas no mundo todo. Se antes os notebooks representavam 60% das vendas de computadores, este número saltou pra 70%, impulsionado pelo home office”, revelou, acrescentando que a venda de tablets, muito usado por usuários domésticos, também cresceu no segmento corporativo, com um aumento de 50% nas vendas no primeiro semestre deste ano. “Quando se fala de venda de dispositivos para o mercado corporativo, estamos falando de Devices as a Service, como serviço, um nicho muito importante para todos os fabricantes. Quem está buscando uma TI mais flexível não quer comprar os dispositivos como antigamente”, explicou Sakis.
A IDC no mundo todo perguntou aos executivos como era a política de trabalho remoto antes da pandemia e como será daqui para frente. “Antes, 14% falavam que até metade dos funcionários, de 25% a 49% da força de trabalho, tinham a possibilidade de trabalhar remotamente. Agora, saltou para 35% na média. Há expectativas de uma pequena queda no futuro, mas não será muito forte, talvez para 30%. Não serão todos que vão trabalhar home office, mas uma parte do grupo”, disse Sakis.
Serviço
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