O processo de transformação digital pelo qual passam grandes empresas também alterou o perfil do executivo de tecnologia. No lugar do profissional responsável por questões operacionais, os novos líderes digitais precisam entregar soluções tecnológicas capazes de melhorar os resultados dos negócios em si, o que inclui um tino comercial. A avaliação é de Felipe Duarte, responsável pelos mercados de TI & Digital da consultoria People Oriented. Para ele, no entanto, o mercado ainda enfrenta desafios para encontrar e contratar esses executivos.
“São perfis que utilizam seu conhecimento para o benefício do core business da empresa. Ao mesmo tempo, mantêm-se atualizados diante da rápida evolução tecnológica e conseguem encontrar maneiras de aplicar novidades e tendências no ambiente corporativo”, diz Duarte. Um dos sintomas desse movimento, afirma, é a mudança no escopo dos antigos CIOs (Chief Information Officer) e proliferação dos CTOs (Chief Technology Officer) e CDOs (Chief Digital Officer), com um perfil técnico voltado ao negócio.
Segundo o especialista da People Oriented, são quatro os desafios das empresas na hora de contratarem um líder digital. O primeiro deles é a capacidade técnica, que se traduz principalmente no entendimento de uma ampla gama de linguagens de programação. Aqui, há uma diferença importante: no caso de startups e empresas com perfil de gestão horizontal, o executivo coloca a mão na massa, ou seja, participa do desenvolvimento em si – uma tendência que segue os passos de gigantes do Vale do Silício, como Google e Facebook. Em ambientes mais tradicionais, o foco é na gestão. “Mesmo nesses casos, é essencial ter um conhecimento que não se limite a uma ou outra linguagem”, diz Duarte.
O segundo e terceiro desafios são semelhantes e dizem respeito a aspectos subjetivos na relação do executivo com a empresa: por um lado, é necessário que haja um interesse cultural no ambiente de trabalho; por outro, para esses executivos, encontrar um propósito na rotina profissional é tão importante quanto um bom salário. Para finalizar esse cenário, como a demanda por esta qualificação é global, há uma tendência de exportação da mão de obra.
“Quando somamos isso tudo, temos uma escassez deste tipo de talento e um desafio para atração pelas empresas brasileiras”, explica Duarte. Com background em tecnologia e atuando como headhunter no setor desde 2013, Felipe juntou-se à equipe da People Oriented em 2017 para trazer um conceito de recrutamento mais estratégico e executivo nos mercados de tecnologia e digital.
Seu desafio é ajudar as empresas a entenderem melhor quais as proficiências necessárias para preencher um cargo ligado à liderança digital, além de conversarem de igual para igual com os profissionais. A partir daí, as ferramentas de avaliação de aderência cultural da própria People Oriented garantem que a escolha seja acertada.
No Brasil, a área ainda tem espaço para crescimento. De acordo com um estudo da Strategy& referente a 2016, apenas 13% das grandes empresas da América do Sul têm CDOs, contra 23% na América do Norte e 38% na Europa. O mesmo levantamento aponta que, no mundo, 19% das companhias têm líderes nesta posição – em 2015, eram apenas 6%.
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