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Open Banking: o setor está preparado para sua chegada?

Nos últimos anos, os bancos digitais e fintechs vêm prosperando muito e ganhando espaço dos bancos tradicionais no avanço tecnológico. Com a pandemia do novo Coronavírus que afetou o mundo inteiro, quem deslanchou de vez foram as carteiras digitais e os pagamentos por aproximação, como medida de redução do risco de contaminação da Covid-19 e com o uso de QR Codes para pagamentos, doações e outras finalidades.

Enquanto isso, o Banco Central preparava o PIX sem saber que sua implantação seria em meio a uma necessidade eminente de pagamentos e transferências rápidas e seguras 24/7. Junto também do Open Banking, serviço que permitirá compartilhamento de dados, produtos e serviços financeiros. Um conceito que inclui a abertura e integração de plataformas e estruturas de bancos e fintechs – as startups da área financeira, varejistas e todos que quiserem e estiverem aptos a operar como agentes financeiros. A implementação está prevista para começar de fato em outubro deste ano e os primeiros passos foram dados em fevereiro.

Com isso, há uma estimativa da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) que 700 novas empresas nasçam com a consolidação dessas tecnologias, quase dobrando o número atual. O Open Banking é uma grande mudança no modelo de negócio dos bancos tradicionais, pois dá ao consumidor maior poder de decisão, tarifas e juros mais competitivos e a possibilidade de migração de serviços de uma instituição para outra de forma rápida e fácil.

Além disso, o Open Banking pode gerar a inclusão financeira de mais pessoas, reduzindo o número de desbancarizados que era 45 milhões em 2019, segundo a última pesquisa do Instituto Locomotiva, e passou para 36 milhões de pessoas, segundo dados da Febraban. O Banco Central também informou em outubro que quase 10 milhões de brasileiros se bancarizaram desde março de 2020. Ou seja, avançamos bastante na inclusão de pessoas sem relacionamento com instituições bancárias e na adesão crescente à digitalização das atividades bancárias.

Porém, resta saber se pós pandemia esses cidadãos continuarão utilizando seu acesso a serviços financeiros? Estão as empresas preparadas para o compartilhamento de dados financeiros entre si e como oferecer serviços financeiros digitais simples e competitivos para população?

Preparados ou não, aí vou eu!
Assim como o PIX que chegou para população em 16 de novembro de 2020. O Open Banking tem data de lançamento, o Banco Central trabalha com a agenda de lançamento em outubro de 2021, porém já está em implantação há anos entre as instituições tradicionais. Já as fintechs e bancos digitais têm a vantagem de nascerem nesse novo contexto e também pelo DNA inovador. Mas será que de fato a população e as instituições estão preparadas?
Uma pesquisa realizada pela Fliper e XP Inc., aponta que cerca de 60% dos brasileiros ainda não sabem o que é o “open banking” e como isso transformará o sistema financeiro. Além disso, 57% dos entrevistados afirmaram que não compartilhariam seus dados financeiros com terceiros para ter acesso a produtos e serviços financeiros com melhores condições. Ou seja, o investimento em educação financeira, tecnologia e em marketing para fidelizar clientes terá que ser muito grande por parte dos interessados em atrair clientes e surfar na onda do open banking.

Quando se trata de investir em tecnologia o mercado enfrenta hoje alguns desafios para construção desses novos modelos de negócio. O principal deles é mão de obra humana boa e qualificada, faltam engenheiros, desenvolvedores, analistas de dados no mercado. Os salários desses profissionais tão concorridos se tornaram também um grande impedimento, pois além da concorrência local, existe a disputa internacional por esses profissionais. Isso tornou o desenvolvimento de novas tecnologias muito custoso.

As companhias que decidirem entrar nessa concorrência pela serviços financeiros precisam estar preparadas de capital humano ou de tecnologias que simplifiquem o processo. Há, hoje, opções no mercado de tecnologias que demandam menor tempo e agilizam o processo, tais como low-code. Porém, ainda por falta de conhecimento, as empresas brasileiras resistem a adoção desses tipos de plataformas.

O quesito segurança também é um ponto importante. As instituições precisam criar sistemas que permitam o compartilhamento de dados de forma transparente e segura entre as instituições. Por isso, vale a pena, além de tentar construir suas próprias tecnologias, buscar no mercado o que já existe e funciona para agregar aos seus negócios.

As oportunidades
Com o Open Banking as possibilidades são diversas, por exemplo, outros players da indústria poderão atuar com operações financeiras para o consumidor final. Como exemplo, Mercado Livre, que nasceu como um marketplace e, já de olho no Open Banking, possui carteira digital e, muito, em breve, podemos esperar por um banco digital. As operadoras de telefonia, que já tentaram operar nessa área por meio de joint ventures no passado, agora poderão explorar com maiores chances de êxito. Os varejistas também caminham com lançamento de carteiras digitais e também se beneficiarão do open banking, assim como os aplicativos de deliveries, os super apps, enfim…. Existe uma infinidade de possibilidades no Brasil e no mundo todo.

Mercado aberto
O Open Banking não é só um assunto nacional, o tema é discutido nos Bancos Centrais de todos os países e, para alguns, já é realidade como é o caso do Reino Unido. Aqueles que ainda não estão trabalhando em cima disso, uma hora terão que fazer. Porém, dentre os países da América Latina, Brasil, México e Chile figuram entre os mais avançados.

Por fim, o Open Banking abre precedentes de inovação no mundo todo e o Brasil tem um potencial enorme de crescimento para novas modalidades econômicas e tecnológicas. As gerações Y e Z são ‘Early Adopters’ de novas tecnologias, modelos disruptivos de negócio e tudo que desburocratiza os sistemas legados. O papel das instituições que operam ou desejam trabalhar no setor financeiro terá que ser massivo para educar e conquistar novos e velhos clientes.

Por Wagner Gomes Martin, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Veritran Brasil.

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