O Open Banking – plataforma digital que dará ao cidadão seus dados bancários e histórico de transações – deve se tornar realidade no Brasil em 2021. O início de sua implementação está previsto para 1º de fevereiro, com conclusão para 15 de dezembro deste ano, conforme o Banco Central. A mudança deve beneficiar os consumidores, com redução de preços de serviços bancários a partir do aumento da competitividade entre instituições financeiras e a ampliação da transparência de dados.
No Brasil, cerca de 5 bancos concentram 85% dos ativos do segmento. De 2019 para 2020, houve aumento de 34% de fintechs, saltando de 553 para 742, conforme o Distrito Fintech Report do ano passado. Estima-se que 1 em cada 3 brasileiros acima de 16 anos não tem conta bancária, o que representaria 45 milhões de pessoas, que movimentam mais de R$ 800 bilhões por ano, segundo dados do Instituto Locomotiva.
Com o Open Banking, as fintechs terão mais facilidade em competir com os bancos, visto que os próprios consumidores poderão compartilhar os seus dados em busca de preços mais atrativos e da maior circulação de informações no segmento, desde que com a anuência do consumidor. “Nós conseguimos enxergar uma sinergia com produtos que, hoje, não conseguimos oferecer por sermos uma empresa de pagamentos. Há tendência de que seja possível oferecer produtos e serviços de maneira tão competitiva quanto um banco com mais de 100 anos. Isso é incrível para uma empresa como a nossa. Costumávamos brincar que os bancos eram cruzeiros, e as fintechs eram barquinhos. O barquinho das fintechs está virando um grande navio”, ressalta o product manager da fintech Juno, especializada em desburocratização de serviços financeiros, Gabriel Falk.
Uma das grandes novidades, na opinião de Falk, é que haverá visibilidade entre as instituições – o que permitirá a comparação de taxas, algo mais complexo atualmente. Essa transparência vai impedir a manutenção de preços muito elevados. “Como haverá uma competitividade entre os preços, são grandes as possibilidades de que os preços de produtos caiam”, explica.
Como paralelo, o product manager da Juno cita o mercado de cartões e o de corretoras. Há dez anos, os pequenos investidores precisavam ter conta em um banco e ficavam sujeitos a taxas de corretagem para investir na bolsa de valores. Hoje, é possível ter custo zero neste serviço com a ampliação do número de corretoras. Da mesma forma, até 2009, o mercado de cartões tinha exclusividade de adquirentes e bandeiras. Muitas empresas tinham que ter duas ou mais máquinas para atender os consumidores. “Quando se quebrou o duopólio, houve maior acesso a este produto, com pulverização de empresas, mais concorrência e menos custos”, explica.
Padronização total
“O Open Banking se trata de um movimento do mercado financeiro. Mais de 1 mil instituições financeiras vão precisar aderir à plataforma. De certa forma, essa tendência começou pelo Pix, como um tipo de test-drive para implementar um processo como do Open Banking, visto que se trata de uma padronização da tecnologia para oferecer serviços financeiros”, explica o product manager da Juno, Gabriel Falk. Assim como ocorreu com o Pix, a documentação precisa ser padronizada. “A documentação precisa ser padronizada, assim como ocorre com o Pix. Dessa forma, as empresas mantêm um mesmo modelo, o que facilita para o consumidor, derrubando barreiras para saídas ou trocas de players dentro do mercado, como acontecia antigamente”, completa Falk.
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