O “Portrait of Edmond de Belamy” tinha tudo para ser um quadro como qualquer outro. Era uma impressão em tela e fez parte do acervo da Christie’s, renomada casa de leilões norte-americana. O que o distinguia das demais obras era o seu criador: uma inteligência artificial.
A inserção de alta tecnologia no cotidiano é um fenômeno que vem se consolidando, seja pela praticidade ou assertividade que tais máquinas proporcionam. Segundo o levantamento Artificial Intelligence in Every Sector, de 2018, a IA afeta áreas relacionadas que vão desde saúde até agricultura. Sendo assim, a surpresa não é sobre o avanço da tecnologia na sociedade, mas sobre sua expansão na subjetividade das artes.
Apesar de as máquinas parecerem cada vez mais subjetivas, Conrado Cotomácio, Cognitive Concept da Nexo AI , consultoria de inovação e tecnologia para transformação de negócios, afirma que “as máquinas não estão se tornando mais criativas, nós é quem estamos usando-as de forma mais inteligente. Quando monto a equação da criatividade vejo algo como: repertório vezes possibilidade dividido por limitações ou pertinência”, explica.
Ainda segundo Conrado, os humanos estão encontrando novas maneiras de alimentar robôs e isso amplia suas possibilidades de uso. Sendo assim, a aproximação da arte com a tecnologia pode ser interpretada como um indício de transformação para ambas as áreas. Com tais experimentações, o mercado da arte se atualiza para atender novas demandas, tendências e expectativas dos seus consumidores hiperconectados. Por outro lado, a tecnologia consegue assimilar novos aprendizados e desafiar os limites da sua aplicação binária.
As discussões sobre a substituição do homem pela máquina, de artistas por algoritmos, da presença dos robôs tiram o foco de uma perspectiva mais pertinente: a mudança de comportamento do consumidor. “A sinergia entre a arte e a tecnologia é um processo de transformação do ecossistema, apesar de causar espanto, que representa uma amostra mais complexa sobre o futuro do setor artístico”, comenta Wendell Toledo, CEO da Artluv, marketplace de obras de arte.
Hoje, os que consomem arte têm hábitos diferentes se comparado com o comprador de décadas atrás. Os interessados pesquisam obras em galerias ou plataformas de arte online, acompanham artistas nas redes sociais e participam de “vaquinhas” para promover um projeto. Além disso, há também a entrada de novas gerações com poder de compra. Segundo a Hiscox online Art Trade Report de 2019, mais millennials compraram obras de arte nos últimos 12 meses e 79% disseram que compraram mais de uma vez.
Como resultado dessa predisposição tecnológica e de novos comportamentos, inovações como a Inteligência Artificial encontram espaço e apreciadores. Afinal, o “Portrait of Edmond de Belamy” foi arrematado por quase 500 mil dólares quando seu preço estimado beirava a 10 mil. O consumidor contemporâneo não é avesso à tecnologia e não vê dificuldades em enxergar seu potencial como suporte artístico.
Sobre a Artluv: Lançada em 2017 por Wendell Toledo, a Artluv é uma ArtTech que conecta artistas a clientes com o objetivo de expandir o mercado de arte no Brasil. O site reúne, em um único ecossistema, marketplace e agenda cultural, conectando artistas, clientes e amantes de arte. A ideia surgiu de uma necessidade pessoal do fundador de vender um quadro de seu acervo particular. Hoje, o site reúne mais de 500 artistas, aprovados por uma rigorosa curadoria feita por especialistas do Brasil e dos Estados Unidos.
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