Muito tem sido dito e discutido sobre a internet das coisas (IoT) e de todas as coisas (IoE). A expectativa por um mundo totalmente conectado cresce a cada dia e a promessa de um novo mercado, capaz de movimentar bilhões de dólares ao ano, parece próxima de se realizar. Os carros, eletroeletrônicos e eletrodomésticos conectados que surgem no mercado diariamente nos levam a acreditar ainda mais nisso. Conexões com acesso a vídeos de alta qualidade em qualquer lugar e aplicações com Realidade Virtual (VR) e Aumentada (AR) também aparecem no horizonte como a materialização de um futuro que só se via nos filmes.
No entanto, se analisarmos profundamente, fica difícil imaginar que essas predições aconteçam em pouco tempo, por uma razão muito simples: a capacidade de conectividade que temos hoje não comportaria esse cenário. Embora a IoT já esteja presente, sobretudo na indústria, o 4G não suportaria a densidade de milhões de dispositivos conectados ao mesmo tempo. Outro exemplo disso são as altas bandas demandadas por serviços de vídeo, VR e AR, que também estão além das capacidades de nossas redes. Portanto, antes dessas promessas é preciso chegar ao 5G.
Há quem pense que, no Brasil, não estamos muito distantes de mercados mais desenvolvidos no quesito conectividade, mas a verdade é que o 4G ainda não está disponível em quase 80% dos municípios e 11% das cidades sequer têm acesso ao 3G. A possibilidade da disrupção de infraestrutura para o salto entre o 4G e o 5G ser consideravelmente menor do que a que foi necessária na transição do 3G para o 4G deve favorecer o Brasil nesta corrida.
Em países como China e Estados Unidos, os testes do “pré-5G” – que são todas as muitas tecnologias capazes de impulsionar conexões móveis – já estão a pleno vapor. Enquanto isso, players de mercado, governos e acadêmicos têm discutido em órgãos como o ITU e o 3GPP, quais dessas tecnologias farão parte do padrão a ser adotado para o 5G.
A ZTE participa desse debate propondo um modelo de desenvolvimento de conectividade baseado em três pilares – eMBB (enhanced Mobile Broad Band), mMTC (massive Machine Type Communications) e URLLC (Ultra Reliable and Low Latency Communications). Os testes utilizando a tecnologia Massive MIMO (usada para multiplicar a capacidade de uma conexão sem fio sem a necessidade de mais espectro e parte do pilar eMBB) vêm sendo realizados nos últimos três anos e apresentam resultados impressionantes, com a multiplicação da velocidade de conexão por até 8 vezes em um mesmo espectro. Além disso, o Massive MIMO funciona com os smartphones LTE atualmente em uso, possibilitando a entrega de uma melhor experiência ao usuário sem a necessidade de novos investimentos por parte dele. Em resumo, o investimento por parte das operadoras e dos usuários é mínimo para se obter ganhos significativos de performance.
Essa pode uma boa alternativa para a aceleração do 5G no mercado brasileiro, já que a liberação do uso de novos espectros para comunicações móveis será um grande desafio, pois muitas destas bandas estão ocupadas por outros serviços no País, vide a dificuldade para a liberação das faixas utilizadas pela finada TV analógica. Trabalhar com uma tecnologia que olha para o futuro sem esquecer do passado pode contribuir diretamente para a realização do desejo do governo brasileiro de seguir o roteiro das principais associações de 5G e iniciar as operações comerciais com essa velocidade de banda a partir de 2020.
Enquanto os parâmetros para o 5G não forem definidos e o mundo hiperconectado continuar sendo um ideal, devemos trabalhar na evolução da infraestrutura de redes 4G aqui no Brasil. Assim será possível democratizar cada vez mais o acesso à internet móvel rápida e ir preparando o terreno para o salto de velocidade que o 5G trará para o dia a dia das pessoas.
*Fabiano Chagas é Consultor de Soluções da ZTE do Brasil
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