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Empoderamento feminino: empatia e atitude andam lado a lado

Já contei esta história diversas vezes, mas sempre que me lembro dela, vejo o quanto tive sorte.
Há 12 anos não se falava de empoderamento feminino, nem de diversidade.
Foi quando eu descobri que estava grávida, após um ano de tentativas frustradas de tratamento. Quem já passou por isso sabe o quanto é difícil. A mulher sofre demais com os remédios e hormônios. Quando afinal a boa notícia veio, fiquei muito feliz.

Eu trabalhava na CA Technologies há 10 anos e, ainda sim, fiquei preocupada em contar para meus chefes (sempre tive vários) que estava grávida. Imaginava o que diriam, se realmente era o momento certo, se eu manteria minhas oportunidades de crescer na organização e se seria possível alcançar meus objetivos mesmo com o crachá de “mãe”. Eram pensamentos que passavam e iam embora rapidamente. Eu tinha a certeza de que era capaz de enfrentar com sucesso este desafio, mas estava insegura sobre como a notícia seria recebida na empresa.

Esperei até o terceiro mês e, foi durante uma convenção da equipe em Punta del Este, que minha chefe direta simplesmente me perguntou: “Você está grávida?”. Não foi difícil para ela adivinhar: durante a viagem, enquanto todos se divertiam nas festas e passeios, eu estava sentada tomando água. Fugia durante os intervalos para comer bananas que pegava no buffet do café da manhã e as comia no banheiro, escondida. Minha fome era absurda. Cheguei até a pedir um hamburger ao “room service” em um dos intervalos.

Para mim, o problema não era apenas responder, “sim, estou grávida”. A questão era que eu estava grávida de trigêmeos. E três sempre é demais! Mas voltamos da viagem e a rotina voltou ao normal, na medida do possível. A barriga foi crescendo e com cinco meses ela parecia de oito; e, com seis, a impressão é que eu estava no oitavo mês da gravidez. Quem me olhava pesava que era questão de horas para eu ir à maternidade.

Até o sexto mês completo, trabalhei normalmente, embora sentindo um certo desconforto físico ao caminhar. Os bebês estavam sentados, o que significava que eu tinha seis pezinhos pressionando minha bexiga.
No 7º mês, a pedido da minha médica, deixei de ir ao escritório, mas não de trabalhar. A minha chefe e a equipe de RH apoiaram a ideia e passei a trabalhar “home office”. Fazíamos reuniões de equipe na minha sala de jantar. Na época, não existia este modelo de trabalho na empresa, mas é nesta hora que a empatia e a atitude mais contam: quando não temos leis, cotas, políticas, mas, ainda assim, as pessoas decidem fazer o correto. Trabalhei até uma semana antes do parto. Os trigêmeos nasceram de 32 semanas e 6 dias, com aproximadamente 1,8 kg cada um.

A licença maternidade voou (este é um outro capítulo bem longo) e, no meu retorno, fui promovida pela minha chefe direta. Sim, ela era mulher, mãe e uma das melhores profissionais que já conheci. Este é um dos melhores exemplos que tive em toda a minha longa carreira de mais de 20 anos em TI sobre empoderamento feminino.

A realidade é que a maternidade ainda é um tabu e traz uma complexidade ainda maior para as mulheres na gestão de seus papéis como profissional e como mãe. Há 12 anos, recebi de uma outra mulher uma das maiores oportunidades de comprovar que estava à altura de um grande desafio. Hoje, com esta discussão mais aberta, esperamos que oportunidades como a que tive venham de todos para todas.
Com empatia e atitude, chegaremos lá!

Por Daniela Costa, vice-presidente para a América Latina da Arcserve

 

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