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Governo estima que mercado de IoT pode chegar a US$ 200 bi em 2025

Plano de governo, detalhado na Futurecom pelo MCTIC, BNDES e consórcio McKinsey / CPqD / Pereira Neto Macedo, prioriza quatro áreas: cidades, saúde, rural e indústria
Governo estima que mercado de IoT pode chegar a US$ 200 bi em 2025

O governo federal ofereceu novos detalhes sobre o Plano Nacional de Internet das Coisas. Serão quatro áreas prioritárias: rural, cidades, saúde e indústrias. O documento técnico que subsidiará a elaboração do Plano Nacional de IoT foi elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo consórcio liderado pela McKinsey & Company, com a participação da Fundação CPqD e do escritório de advocacia Pereira Neto | Macedo. O anúncio foi feito na Futurecom, em São Paulo.

“A infraestrutura no Brasil traz desafios ao avanço das soluções de IoT”, Vinícius Garcia de Oliveira

No total, o impacto da tecnologia para o Brasil deverá ser de 50 bilhões a 200 bilhões de dólares em 2025, conforme estimativa do mesmo estudo, divulgada na Futurecom na terça-feira, pelo secretário de Política de Informática do MCTIC, Maximiliano Martinhão.

O documento definiu 76 iniciativas para guiar políticas públicas e ações para internet das coisas no período 2018-2022. Elas são divididas em ações estruturantes, medidas e elementos catalizadores. As ações estruturantes, que somam 17 iniciativas, são as principais. Elas têm o maior impacto e viabilidade de implementação, visto que há alinhamento entre os órgãos responsáveis. Essas iniciativas estão detalhadas no Plano de Ação do Estudo de Internet das Coisas, que pode ser conferido na íntegra no site do BNDES. Para baixá-lo, clique aqui.

Segundo o chefe de departamento de indústrias de Tecnologia da Informação e Comunicação do BNDES, Ricardo Rivera, por serem quatro os ambientes prioritários, os intervalos nos valores servem para acomodar as diferenças de impacto de acordo com quanto das medidas recomendadas no plano serão de fato implementadas.

Para as cidades, a projeção é o incremento de US$ 13 bilhões a US$ 27 bilhões no produto interno bruto em 2025. Além disso, há potencial de diminuição de 15% no tempo gasto com trânsito e de 20% em índices de criminalidade. Já na área da saúde, o impacto será de US$ 5 bilhões a US$ 39 bilhões, com destaque para a redução de até 30% na incidência de crises graves geradas por doenças crônicas e 40% nos custos de manutenção de equipamentos médicos, além de melhorias na promoção da saúde da população e na prevenção de epidemias.

“O ambiente de mais fácil implantação é o rural, pois verificamos que as soluções de IoT neste segmento já estão crescendo muito rapidamente”, destacou Rivera. O estudo calculou um impacto de US$ 5 bilhões a US$ 21 bilhões em 2025 com adoção de IoT nesta área. Outras projeções apresentadas corroboram essa expectativa, como a alta de até 25% na produção das fazendas brasileiras e a queda de até 20% no uso de insumos agrícolas (agrotóxicos, fertilizantes, etc).

“A indústria é a área onde poderá haver maior impacto, de US$ 11 bilhões a US$ 45 bilhões”, anunciou Rivera, referindo-se tanto a aplicações para fábricas quanto para indústrias de base. As aplicações de IoT, segundo o chefe de departamento do BNDES, ajudarão a resolver questões críticas do setor, com destaque para a produtividade – há potencial de aumento de 40% na produtividade das fábricas.

Além dos ambientes priorizados, as iniciativas se dividem em quatro temas transversais, que envolvem fomento à inovação, promoção de mudanças regulatórias, aperfeiçoamento da conectividade do país e medidas para qualificação do capital humano.

Regulação

No aspecto regulatório, o advogado Caio Mario da Silva Pereira Neto, do escritório Pereira Neto | Macedo, defendeu a necessidade de adaptações e avanços. “O marco regulatório de IoT precisa criar um ambiente de soluções melhor, tanto mais inovador, quanto mais seguro”, afirmou.

No estudo, segundo o advogado, as recomendações para do tema de “regulação, segurança e privacidade” se dividem em quatro frentes, denominados objetivos específicos: aperfeiçoamento da regulamentação das telecomunicações; a criação de um marco regulatório de proteção de dados pessoais; o enfrentamento dos desafios de privacidade e segurança na internet das coisas; e a identificação e tratamento de questões regulatórias específicas nas áreas priorizadas.

Conectividade

O coordenador do estudo de IoT no CPqD, Vinícius Garcia de Oliveira, reconheceu que a infraestrutura no Brasil traz desafios ao avanço das soluções de IoT. Um dos pontos que levantou, na exposição sobre conectividade e interoperabilidade, foi o fato de o modelo regulatório vigente privilegiar a cobertura de telecomunicações em áreas altamente povoadas. Oliveira lembrou que é essencial ter conectividade no campo para que se alcance o impacto potencial sobre setores como o agronegócio, que colaboram para o progresso da economia como um todo.

O especialista apontou três objetivos que constam do estudo para abordar tais questões: a articulação do tema em políticas públicas para ampliação de soluções e infraestrutura para conectividade, o aumento da oferta de redes de comunicação, e o incentivo e a promoção da interoperabilidade e da padronização de redes. “Não acreditamos que a política pública tenha de forçar a adoção de padrões. O que elas podem é incentivar determinados padrões em detrimento de outros por meio, por exemplo, de compras governamentais e linhas de financiamento mais atrativas”, explicou.

Capital Humano e Inovação

A sócia e líder da prática de setor público e social da McKinsey, Patricia Ellen da Silva, apresentou os objetivos específicos das horizontais “Capital Humano” e “Inovação e Inserção Internacional” – que perpassam as quatros áreas prioritárias para IoT – do Plano de Ação. “Para que todo este potencial da internet das coisas possa ser capturado, a força de trabalho do Brasil terá de estar preparada”, apontou a especialista.

O estudo defende unir esforços para ampliação de uma força de trabalho qualificada; o fortalecimento das áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e engenharia de IoT; a capacitação dos gestores públicos para fazer o melhor uso possível da tecnologia; e políticas para despertar o interesse dos jovens por esse tema.

O quarto tema transversal que a pesquisa apontou como prioritários é o tema da promoção da inovação e de inserção internacional – esse é justamente o tema que concentra o maior número de iniciativas, como as relacionadas a financiamento e melhoria do ambiente de negócios. Para esses aspectos, o Plano de Ação estabelece quatro objetivos: o estímulo à experimentação, cooperação e disseminação de modelos de negócio bem-sucedidos; o aperfeiçoamento de instrumentos de financiamento e fomento de tecnologias da comunicação e da informação (TICs) e de empresas inovadoras; a construção de ambiente de monitoramento contínuo; e a internacionalização das soluções locais.

“O Brasil almeja não somente desenvolver soluções de IoT para seus problemas locais, mas também atingir maturidade para que possa se tornar exportador”, apontou Patricia.

Futuro

O coordenador-geral de Ciência e Tecnologia da SEPIN do MCTIC, Thales Marçal, destacou que o Plano de Ação apresentado na Futurecom foi fruto de discussões que começaram no Ministério em 2014.

“Desde o início, nosso desafio foi criar condições para que as redes de inovação prosperassem e para que as soluções de IoT pudessem atender o que o país precisa. Agora temos o desafio de construir juntos o futuro apontado por este estudo. O impacto que queremos só será possível com o apoio da iniciativa privada e também com o governo a exercer seu papel de gerar um ambiente de negócios favorável”, afirmou Marçal.

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