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Digitalização impacta relações no mercado financeiro

Com a aceleração da digitalização das instituições financeiras, correntistas e bancários se adaptam aos novos meios de gerenciar finanças e investimentos
Digitalização impacta relações no mercado financeiro

A concorrência digital e ampla adoção do Internet Banking durante a pandemia está mudando a forma como clientes e bancos se relacionam. De um lado, transações que envolvem a gestão financeira e de investimentos são realizadas com rapidez pelo celular ou computador. Do outro, instituições financeiras fecham agências físicas e apostam num modelo mais enxuto, onde cargos estritamente operacionais estão com os dias contados e profissionais com certificações financeiras, minoria no país, são disputados e emergem como grande diferencial na interface de atendimento.

A Americas Market Intelligence realizou uma pesquisa em parceria com a Mastercard que revelou dados interessantes sobre a mudança de comportamento dos correntistas em 2020. Em agosto, as transações digitais via aplicativos representaram 63% das operações, enquanto em maio menos de 5% das transações eram realizadas de forma digital.

Em contrapartida, o fechamento de agências físicas de bancos segue o ritmo mais acelerado em três anos: segundo um levantamento da agência Bloomberg, de dezembro de 2019 a novembro de 2020, 1.144 agências no País encerraram suas atividades.

Ao passo que Bradesco e Itaú lideram a lista de fechamentos, ambas as instituições focaram esforços em outra área que segue em franca expansão no Brasil: a de investimentos. A bola da vez no mercado financeiro exige a contratação de profissionais altamente qualificados e certificados para dar suporte aos investidores.

“Não acredito que as contratações de assessores de investimentos supra o gap de vagas que serão encerradas à medida que cargos operacionais, como caixas, forem descontinuados. Porém, há um espaço gigantesco na área de investimentos dos bancos, o próprio Itaú planeja contratar 1,7 mil especialistas até 2022. A tendência é de que outras instituições sigam pelo mesmo caminho para não perder mais terreno para as corretoras”, afirma o CEO do Grupo Eu Me Banco, o economista Fabio Louzada.

Bancários: fôlego na carreira passa pela certificação
A estabilidade e benefícios da carreira bancária sempre foram atrativos. Porém, com a tendência de redução do quadro de contratados, as instituições estão mais criteriosas nos processos de seleção e de promoção, afinal, a tecnologia é acessível a todos os bancos, e o diferencial está na capacitação de quem está na ponta do atendimento ao público.

“As certificações atestam que o profissional é qualificado para atender nichos específicos e atuam de acordo com a regulação de órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários, CVM, e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, Anbima, ou seja, oferecem mais segurança ao cliente e garantem a integridade dos bancos. Mesmo assim, a cultura da certificação ainda é incipiente no Brasil, diferente do que ocorre no mercado americano e em alguns países da Europa”, relata Louzada.

Dados de novembro de 2020, publicados pela Anbima, confirmam a análise do economista. No Brasil, um país com mais de 209 milhões de habitantes, o baixo número de profissionais certificados no mercado financeiro preocupa: somente 436.145 têm CPA-10, 163.864 têm CPA-20 e 12.083 têm CEA (que certifica especialistas em investimentos).

O aumento no número de bancários inscritos em mentorias e cursos de capacitação e de preparação para certificações é um sinal de que os profissionais estão atentos ao fato de que se acomodar não é uma alternativa: o mercado está competitivo e os mais qualificados terão chances maiores de crescimento.

“Um bom termômetro desta movimentação pode ser visto no número de alunos matriculados no Programa Advisor de Alta Performance que coordeno na Eu Me Banco. Em pouco mais de um ano, 900 profissionais, a maioria seniores, buscam no programa ferramentas e mentoria para se adaptar às novas relações do mercado financeiro. A régua subiu e essa tendência é irreversível”, finaliza Louzada.

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