Imagine o seguinte cenário: veículos autônomos transitando nos grandes centros; ou máquinas agrícolas trabalhando nas fazendas de forma independente. Imagine modernas rodovias conectadas à Internet e que, de maneira autônoma, identificam um acidente, enviam uma mensagem de alerta para o hospital mais próximo e uma ambulância, também conectada à Internet, recebe prioridade dos semáforos – adivinhe…. Sim, semáforos também conectados à Internet – permitindo que a ambulância chegue ao local do acidente mais rapidamente para salvar vidas. Máquinas capazes de tomar decisões sem interveniência humana.
Imagine também robôs no comando de cirurgias de alto risco e precisão, sendo comandados por especialistas fisicamente presentes do lado oposto de um oceano. Imagine robôs substituindo o homem em tarefas insalubres ou de alta periculosidade, por exemplo, no subterrâneo de minas e comandados remotamente e em tempo real. E por falar em robôs, imagine-os como companheiros de trabalho de humanos numa linha de produção e comunicando-se mutuamente: homem e robô, robô e robô e assim por diante.
Imagine também o grau de sofisticação e complexidade dos sistemas de TI, capazes não apenas de controlar centenas, senão milhares de novos eventos na rede de telecomunicações, mas também de dar vida à Internet das Coisas de forma muito sofisticada e transformadora.
Pois bem, muito tem se falado a respeito das redes 5G e da transformação tecnológica e de modelos de negócio que elas vão trazer, mas pouco se comenta que o Brasil é um dos celeiros globais de competência, através dos quais Ciência e Tecnologia se desenvolvem em suporte à especificação, padronização, pesquisa e desenvolvimento destas sofisticadas redes.
O Brasil fez um trabalho muito sério de desenvolvimento de competências estratégicas, muito antes de “hypes” tecnológicos como inteligência de máquina, computação em nuvem e outros se tornarem desafios tecnológicos do dia-a-dia. Em consequência disso, desenvolvemos ciência e tecnologia de alta complexidade e relevância global.
As redes 5G satisfazem um conjunto de requisitos tecnológicos que vão muito além da banda larga de altíssima velocidade. O fato de o 5G oferecer baixa latência, robustez e ampla cobertura assegurará transformações industriais como os veículos autônomos e novos modelos de negócio como por exemplo, seguro de automóvel no modelo “pay as you drive“. A banda larga de altíssima velocidade trará transformações profundas na indústria de entretenimento, com filmes e games utilizando realidade ultra virtual e realidade aumentada em sua máxima plenitude.
Com latência próxima de zero, é possível realizar cirurgias remotas de alta precisão ou comandar remotamente atividades de mineração, removendo seres humanos de localidades insalubres e de alto risco para suas vidas.
Isso sem contar os complexos sistemas de controle, que assegurarão o aproveitamento das tecnologias anteriores ao 5G – e do investimento realizado pelos operadores – para satisfazer casos de tráfego que não requeiram tamanho grau de sofisticação. E é nesse contexto que o País exporta Ciência e Tecnologia.
Em Pesquisa Aplicada, o Brasil exibe alguns exemplos de protagonismo nos temas Aprendizado de Máquina, Arquitetura de Redes e Virtualização de funções e no desenvolvimento de produtos voltados à transformação digital de empresas e negócios.
Iniciativa privada e Academia estão unindo forças. Apenas para citar alguns exemplos de excelência: a Universidade Federal do Ceará repete hoje, em Pesquisas de redes móveis padrão 5G, a liderança que assumiu anos atrás em 3G e 4G; A Universidade Federal de Pernambuco desenvolve pesquisas na área de Robótica em Nuvem para Manufatura Avançada; A USP na área de Veículos Autônomos; A Unicamp na área de Redes Programáveis; A Universidade Federal do Pará na área de Fronthaul 5G.
E o ecossistema nacional de Inovação deu um passo adiante, através do trabalho da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e suas unidades como, por exemplo, Universidade Federal de Campina Grande, referência em Computação em Nuvem; Universidade Federal de Minas Gerais, referência em Inteligência de Máquina; e Inatel, referência em IoT para Redes 5G.
O País possui excelentes universidades, profissionais altamente qualificados e empresas competindo globalmente nos campos de Ciência, Tecnologia e Inovação. Estamos prontos para responder aos grandes desafios do 5G. Abracemos a grande oportunidade de aumentar nossa relevância no desenvolvimento das plataformas que promovam Transformação Digital e Internet das Coisas de forma transformadora. E em benefício de diferentes setores da indústria e de toda a sociedade brasileira.
*Edvaldo Santos é Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Ericsson
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