Quatro dos principais candidatos à presidência de 2018 participaram do seminário “Brasil 2022 – O Futuro na Economia Digital”, promovido pela ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), com o apoio das principais associações representativas do setor, realizado em São Paulo, nesta segunda-feira, 20 de agosto.
Estiveram presentes José Maria Eymael (DC), Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Kátia Abreu, representando o candidato Ciro Gomes (PDT). Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) foram convidados a participar do evento, porém não compareceram. A sabatina selecionou três perguntas entregues previamente para os candidatos responderem em 20 minutos de exposição.
Tanto Meirelles quanto Amoêdo defenderam a desburocratização da legislação que emperram o avanço do setor de software e a inovação, com o apoio das startups, também defendido pela senadora Katia Abreu. Já Eymanoel defendeu a criação de indicadores e planejamento para elevar o Brasil no desenvolvimento tecnológico.
Ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, lembrou sobre a dificuldade de fazer negócios no Brasil ao citar estudos desenvolvidos em parceria com o Banco Mundial. Segundo ele, já há projetos em São Paulo que aceleram a abertura de empresas em 10 dias, mas a meta é reduzir esse prazo para três dias.
“No Brasil, o tempo médio para abrir uma empresa há mais ou menos dois anos atrás era de 101 dias”, criticou a respeito da burocracia. Segundo ele, é necessário que haja uma desburocratização desse processo, além de incentivos às empresas. Meirelles também criticou o intervencionismo do governo no mercado. “Se já interviram no preço da energia, por que não interfeririam no preço de softwares”, argumentou.
O emedebista ainda propôs que seja implantado o governo digital e em seu governo criará um gabinete digital ligado à Presidência da República. Além disso, em conformidade com a proposta do estudo divulgado pela ABES, deve fomentar a formação de cursos profissionalizantes, uma vez que atualmente temos 11 milhões de jovens até 29 anos desempregados. Além disso, o próximo comandante do executivo deve, na visão do ex-ministro, garantir que o país tenha um ambiente saudável para que as empresas cresçam e se instalem.
João Amoêdo (Novo) iniciou seu discurso lembrando a formação do partido de forma totalmente digital e, diante disso, defendeu um governo totalmente digital com a criação de uma identidade única que integre todos os documentos em um meio físico com biometria. “Isso permitirá o atendimento na saúde, com um prontuário eletrônico unificando todos os dados do cidadão”.
O candidato José Maria Eymael (DC) acredita que a inovação do País começou na criação da Assembleia Constituinte que deu origem à Constituição atual. Participante do processo, Eymael garantiu que, desde aquela época, já havia caminhos para a inovação.
“A inovação é a crença em nossas próprias razões”, explicou. Ele também enxerga a educação como meio para alcançar a transformação e inovação tecnológica. E, por fim, defendeu o planejamento e criação de indicadores para que o Brasil seja competitivo mundialmente por meio do uso da tecnologia.
A senadora Kátia Abreu, ex-ministra da Agricultura e vice do candidato Ciro Gomes, fez alusão ao sucesso e a sua inspiração na Embrapa enquanto modelo de inovação no setor do agronegócio brasileiro. Também reforçou a importância de investir mais em pesquisa e desenvolvimento no País, contribuindo para a inovação. E ainda destacou a educação como base para promover a tecnologia no ensino fundamental e médio até o superior do Brasil.
“É importante integrar o ensino fundamental, médio e superior engajados na tecnologia. Desse jeito, vamos ampliar a ciência e a pesquisa no nosso país”, analisou. Para o mercado, Kátia afirmou que dará atenção especial para os polos regionais do setor e indicou que aplicará incentivos fiscais para a abertura de novas empresas na área. “Vamos aplicar isenção de impostos como incentivo às empresas”, disse quando reforçou criar pólos tecnológicos em todo o território nacional. Por fim, a senadora classificou os empreendedores do setor como “investidores anjo” que, segundo ela, terão limite de perda na falência durante o governo de Ciro Gomes.
Indústria na era digital
Elaborado pelo Think Tank Brasil 2022, iniciativa que reúne representantes do setor, o estudo “O Futuro na Economia Digital” lista as prioridades das e políticas públicas sugeridas para que o Brasil atinja sua “Independência Digital” já em 2022, ano que marca os 200 anos da Independência do Brasil. O documento sugere iniciativas de curto e médio prazo, com ações que já serão implementadas em 2019.
Participam do conselho do Think Tank Brasil 2022, a Dra. Deana Weikersheimer; professora da FGV e advogada com ampla atuação na área de software; Dra. Dorothea Werneck, ex-ministra da Indústria e Comércio e do Trabalho; Marcelo Pagotti, ex-secretário da SETIC no Ministério do Planejamento; Patricia Pessi, ex-diretora de Governo Eletrônico na SLTI (hoje SETIC) do Ministério de Planejamento; Rodolfo Fucher, ex-diretor de Políticas Públicas da Microsoft; e Vanda Scartezini, engenheira e conselheira da ABES. Três outros executivos da ABES colaboraram na revisão do estudo: Francisco Camargo, Presidente; Anselmo Gentile, Diretor Executivo e Manoel Antônio Dos Santos, Diretor Jurídico.
Dentre os pilares da proposta estão a Transformação Digital vai separar os países modernos do resto; a Transformação Digital se faz por meio da Inovação; o Software é a base da Transformação Digital; as Startups são importantes no ecossistema e impulsionam a transformação; e as Políticas públicas de fomento e tributação claras e modernas são fundamentais para que o setor de software consiga suportar as necessidades do país. Antes do evento, a ABES distribui o Estudo sobre o Setor de Software no Brasil – Panorama e Tendências 2018.
Leia nesta edição:
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