Criado inicialmente para garantir segurança de transações com o bitcoin, o blockchain está sendo aprimorado e utilizado em diversos setores, nos quais mostrou um ótimo desempenho em relação à proteção e transparência de dados. No caso do sistema eleitoral, a tecnologia também não deixa a desejar. Alguns países, como Estados Unidos, Dinamarca e Austrália já possuem projetos pilotos para o uso do blockchain para a votação. No Brasil, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), por exemplo, decidiu escolher sua nova diretoria utilizando a ferramenta.
Segundo Tatiana Revoredo, especialista em blockchain, não é à toa que governos e instituições estão optando pelo uso da tecnologia em seus sistemas de votação. Para ela, o uso da ferramenta seria uma alternativa segura para a apuração eleitoral, inclusive no Brasil, encerrando a desconfiança e questionamentos a respeito das urnas eletrônicas.
“A adoção de um sistema de votação por blockchain reduziria possíveis fraudes eleitorais, erros na contagem de votos e, acima de tudo, a desconfiança da população, que poderia acompanhar todo o processo eleitoral, em tempo real”, completa.
Na prática, essa confiança é garantida por meio de uma combinação de hashing sequencial (espécie de impressão digital de um dado) e criptografia, em conjunto com a estrutura distribuída do blockchain. Dessa forma, ele protegeria a identidade dos participantes da rede e ao mesmo tempo possibilitaria a verificação de todas as transações realizadas em sua plataforma. “Isso assegura o desenvolvimento de mecanismos de votação extremamente seguros e transparentes, permitindo o acompanhamento das eleições voto a voto”, explica Tatiana.
Além disso, votar usando o celular ou um computador pessoal também é um dos benefícios que a aplicação da tecnologia no sistema eleitoral pode trazer. Rodrigo Borges, que é advogado e especialista em blockchain, confirma que isso abriria a possibilidade de criar um sistema eleitoral no universo blockchain, eliminando intermediários e, consequentemente, aumentando a rapidez de todo o processo. “A tecnologia permite criar um sistema de votação blockchain e ele pode ser acessado seja por celular, à distância ou presencialmente”, explica.
Sobre as críticas e suspeitas a respeito do sistema eleitoral adotado pelo Brasil hoje, Rodrigo afirma que o blockchain seria a chave para liquidar com esse problema. “O sistema de votação brasileiro é constante alvo de desconfianças, tanto pela ausência de transparência, quanto por estar sujeito a um ente central que comanda isoladamente todo o sistema”, justifica o especialista.
“O blockchain acabaria com esses dois pontos, uma vez que o caráter distribuído impediria o controle isolado do sistema, além de garantir transparência, porque qualquer cidadão seria capaz de acompanhar o processo eleitoral. Por exemplo, se ele votar em determinado candidato, é possível verificar se de fato o seu voto foi computado para o candidato escolhido”, finaliza.
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo