O mundo está vivenciando um processo de retomada das atividades presenciais e uma coisa ficou bem clara nesta crise: quem se adaptou primeiro, sofreu menos. A resiliência tem sido a chave do sucesso para muitos negócios e a capacidade de adequação conforme as circunstâncias está intimamente conectada com a habilidade de mudar a forma de pensar, o famoso mindset. Mas como fazer isso?
A resposta está em uma abordagem que vem ganhando cada vez mais espaço dentro das desenvolvedoras de tecnologia: o DevOps. Embora o conceito não seja exatamente novo, muitas empresas ainda pensam em DevOps como uma equipe ou profissional, quando na verdade, é uma união de diferentes disciplinas. A metodologia propõe um conjunto de práticas que incentivam a integração contínua entre as áreas de desenvolvimento (Dev) e de operações (Ops) na criação de softwares.
De acordo, Brian Guthrie, vice-presidente de engenharia da Meetup, uma plataforma de interação e conteúdo popular entre os desenvolvedores, o objetivo dessa jornada é comprovar que o desenvolvimento de um software é mais seguro e rápido quando os profissionais com aptidões complementares trabalham juntos. A ideia é simples na teoria, mas bem complexa na prática uma vez que envolve pessoas.
Será que se dissermos a elas para pensarem diferente, elas também agirão diferente? A minha experiência diz que não. Cada indivíduo tem a sua personalidade e sua forma pessoal de lidar com a transformação. Para isso acontecer, é necessário criar uma cultura direcionada para esse propósito. Como a cultura é a representação de nosso comportamento, uma mudança não se conduz com palavras e sim com ações.
Um exemplo clássico desse conceito é uma experiência relatada por John Shook. Na década de 1980, ele foi o primeiro gerente americano contratado por uma grande fabricante de automóveis no Japão e aproveitou para aprender tudo sobre o bem-sucedido sistema de produção da fábrica japonesa.
Shook observou que no dia a dia não havia um grupo de gerentes dizendo aos trabalhadores o que eles deveriam pensar ou como realizar seu trabalho. Em vez disso, a empresa tinha um conjunto de iniciativas para promover a aprendizagem contínua e adaptação de todos a novas circunstâncias. Nesse processo, ele entendeu que a cultura e as circunstâncias são sempre únicas e mutáveis e que para gerenciar a mudança é preciso estar pronto para aprender e adaptar-se ao longo do percurso.
A experiência de Shook acabou se transformando em uma metodologia chamada “Change Model”, que defende que a transformação começa pela forma de fazer as coisas, molda os valores e atitudes e consequentemente, define a cultura e inverte o modelo mental. Utilizando esse modelo, podemos tirar três lições valiosas para ajudar na adoção do DevOps.
Observe: antes de partir para a mudança de fato, avalie os times de desenvolvimento e operação. Como eles trabalham? Como se integram e se comunicam? Como os times estão organizados?
Tenha embaixadores: identifique as pessoas mais abertas ao novo, elas serão responsáveis por ajudar a fortalecer a sua estratégia.
Defina o objetivo: importante ter claro onde se pretende chegar. Crie junto com o time os passos que são necessários para atingir o objetivo e aplique o Kaizen – outro método japonês famoso que propõe um processo de melhoria contínua por meio de ações diárias para gerar redução de custos e aumento da produtividade.
O mundo está em transformação e a crise do coronavírus só acelerou esse processo, exigindo que as empresas e os profissionais mudem a forma de enxergá-lo para serem mais ágeis e resilientes. Nesse contexto, apostar em DevOps é um caminho seguro e eficiente para conduzir o negócio a um patamar competitivo.
Por Daniel Peralles, diretor de engenharia de produto da ao³
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