Nos últimos anos, o conceito de Environmental, Social and Governance, a famosa sigla ESG, tem ganhado destaque no mundo corporativo. À medida que entramos em um território desconhecido com condições ambientais cada vez mais angustiantes e potencialmente incontroláveis, a pressão sobre as empresas para agirem de forma responsável nunca foi tão necessária.
A adoção de práticas ESG traz diversas vantagens competitivas para as organizações. Instituições que implementam essas práticas tendem a reduzir custos por meio de maior eficiência no uso de recursos e melhor administração das operações. Além disso, são mais bem vistas pelos consumidores, o que ajuda na fidelização de clientes e atração de novos investidores.
Um estudo realizado pelo Instituto Akatu e pela GlobeScan, em 2022, revelou que os consumidores brasileiros possuem expectativas elevadas em relação às políticas de sustentabilidade das empresas, inclusive 55% estão dispostos a pagar mais por produtos ou marcas que adotam práticas sustentáveis e 26% acreditam que as empresas são os principais influenciadores de um estilo de vida mais sustentável. Além disso, a Morgan Stanley Capital International (MSCI) relata que, em um período de 10 anos, empresas com maiores classificações ESG tiveram retornos 2,5% maiores do que aquelas que não se adequam a essas práticas.
A transparência também é outro pilar essencial nas práticas ESG. A partir de 2026, companhias abertas deverão disponibilizar relatórios de riscos ESG, seguindo normas do International Financial Reporting Standars (IFRS). Portanto, as empresas têm um papel fundamental nesse cenário, não apenas como entidades que movem a economia, mas como partes integradas da sociedade com responsabilidades sociais, ambientais e, inclusive, de prestação de contas.
A emergência climática é um dos maiores desafios atuais e exige ações significativas por parte das empresas. Estamos vivenciando no Rio Grande do Sul uma das maiores catástrofes ambientais já ocorridas no país, e que sublinha a necessidade de empresas atuarem de forma proativa para prevenir e mitigar tais desastres.
Uma pesquisa de 2024 da Confederação Nacional de Município (CNM) mostra que 68% das cidades brasileiras não estão preparadas para eventos climáticos extremos, e mais da metade não possuem tecnologias básicas para enfrentamento dessas situações. Esse cenário requer um esforço conjunto dos vários níveis de governo; da população e das empresas, uma vez que só a partir dessa união de esforços é que conseguiremos enfrentar essa conjuntura cada vez mais desafiadora.
A adaptação às mudanças climáticas é fundamental para a sustentabilidade no longo prazo. O Fórum Econômico Mundial identifica que, dos 10 maiores riscos globais para os próximos 10 anos, 5 estão relacionados ao meio ambiente.
Os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados, com a estimativa de que os próximos cinco anos serão de temperaturas ainda mais altas, exigindo atenção das organizações para os efeitos gerados para seus negócios, de acordo com o relatório The State of the Global Climate 2023, publicado pela Organização Meteorológica Mundial em março deste ano.
Infelizmente, a emergência climática não é mais uma preocupação futura, uma hipótese ou previsão, ela é real, e está acontecendo diante de nossos olhos.
Segundo a pesquisa da PwC Brasil e Instituto Locomotiva, realizada no começo de 2024, 89% dos brasileiros acreditam que as empresas devem adotar práticas sustentáveis para combater mudanças climáticas. Um Dado como esse, revela e enfatiza a expectativa dos consumidores de que as corporações desempenhem um papel ativo na redução dos impactos ambientais.
As empresas precisam implementar iniciativas de descarbonização, combate ao desmatamento e promoção de práticas sustentáveis. Os consumidores estão cada vez mais dispostos a apoiar marcas que demonstram um compromisso genuíno com a sustentabilidade, o que reforça a necessidade das empresas em investirem nas práticas ESG com autenticidade e transparência.
Empresas que ignoram a importância das práticas ESG, bem como os desastres ambientais da atualidade, correm o risco de ficar para trás em um mercado cada vez mais competitivo e consciente. Isso deve resultar na perda da credibilidade e a reputação da organização e a dos líderes também será afetada negativamente. A inércia não é mais uma opção viável nesse cenário.
A falta de ações sustentáveis pode gerar, ainda, a perda de clientes que estão cada vez mais atentos a esta pauta, além dos investidores que também estão mais inclinados a alocar seus recursos em empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social.
As práticas ESG são necessárias para a resiliência climática e o futuro das empresas. A adoção de medidas sustentáveis, responsáveis e transparentes não só melhora a reputação das empresas, mas também garante retornos financeiros positivos e uma contribuição significativa para a sociedade.
É de extrema importância que as empresas, investidores e consumidores se comprometam genuinamente com a agenda ESG para promover um futuro sustentável e com menos desastres naturais, provando, de uma vez por todas, que suas ações são realmente eficazes.
Por Lylian Brandão, CEO da Merco no Brasil.
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