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A Inteligência Artificial veio para consolidar de vez a Indústria 4.0

Soluções como Gêmeo Digital, Realidade Virtual e Aumentada, IoT, entre outras casam perfeitamente com a IA, dando impulso ao conceito de Indústria conectada

A Inteligência Artificial veio para consolidar de vez a Indústria 4.0

Na onda da Inteligência Artificial (IA), muitas empresas estão se sentindo pressionadas para adotar essa tecnologia rapidamente, mesmo sem saberem para qual fim, com receio de serem atropeladas pela concorrência. Mas no setor de engenharia industrial, ninguém tem dúvidas onde e como usar a IA. Nesta entrevista, Daniel Scuzzarello, diretor presidente da Siemens Digital Industries Software, conta que a IA vem sendo usada amplamente nas soluções da empresa, facilitando o uso de ferramentas complexas, ampliando a colaboração e proporcionando valor aos clientes.

Como a Siemens tem usado a Inteligência Artificial em suas soluções de softwares?

Para nós, o uso de IA não é novidade, utilizamos essa tecnologia há muito tempo. Mais recentemente, o mercado vem acelerando o uso da Inteligência Artificial em suas soluções, principalmente para facilitar o uso de ferramentas complexas. Estamos nos aproximando do uso da IA para resolver problemas complexos de engenharia por pessoas não-técnicas. Temos uma plataforma de desenvolvimento Low-code/No-code chamada Mendix, que permite isso, fazendo inclusive compilação de programas complexos dentro de aplicativos. A IA está dentro das nossas soluções, temos integrações com vários parceiros, por exemplo a Microsoft, com o Siemens Industrial Copilot, um assistente generativo operado por IA, projetado para aprimorar a colaboração entre homens e máquinas e aumentar a produtividade. Ele permite, por exemplo, a tradução simultânea de uma conversa sobre uma falha de operação entre um operador na Ásia e o fabricante da máquina na Alemanha. Essa integração é feita via plataforma de gestão inteligente de dados, que traduz uma mensagem de áudio de forma automática. Este ano mostramos na feira Hannover Messe integrações com a Sony envolvendo Realidade Virtual e Aumentada. O NX Immersive Designer da Siemens é uma solução integrada que combina o software NX da Siemens e a tecnologia da Sony, trazendo design imersivo e recursos de engenharia de produto colaborativos.

A qualidade dos dados é um desafio nessas soluções que incorporam IA?

Se você cria um monte de dados, recebe dados do campo para abastecer seu modelo digital, mas perde parte dos dados ou a confiança neles, no fim se criou um monte de lixo digital. Ter uma plataforma, conhecida como Teamcenter, que é um conjunto de aplicativos de gerenciamento de ciclo de vida do produto, ajuda a gerenciar esses dados com segurança e agilidade, dentro de um contexto de colaboração, para abastecer os algoritmos da IA e assim extrair o melhor valor desses dados. Deixamos de falar “Gêmeos Digitais” no plural, pois implica em várias representações de um modelo. Com um único Gêmeo Digital abrangente, estou trabalhando todas as funcionalidades, os cenários, as condições etc., e tenho apenas um modelo. Isso é um grande diferencial da Siemens. Enxergamos uma planta, um produto ou um processo, com a certeza de que o nosso modelo virtual representa de forma fidedigna o que acontece no mundo real. O ganho disso é exponencial.

Como os softwares da Siemens utilizam a IA?

Na parte de software, uma das grandes contribuições da IA está em aprender como cada projetista de CAD trabalha, ajustando as barras de ferramentas de acordo com as características de cada usuário. Por meio de prompt, se pede para um bot para programar, não será mais preciso programar linhas de códigos, um trabalho que antes levava dias e até semanas. Em algumas aplicações já é possível dar os comandos pela voz. Na visão que temos do futuro, que não está longe, essa inteligência conversacional chegará na engenharia, utilizando óculos de Realidade Aumentada/Virtual e poder interagir com o software, pedir para desenhar determinada forma, aumentar o raio, fazer determinadas coisas e o usuário vê aquilo sendo executado em tempo real. Isso é um passo intermediário até chegar o momento em que poderemos pedir para o software desenhar um veículo com determinadas características. Isso entra em um conceito chamado Engenharia de Prompt. Saber dar os comandos certos, mais assertivos, para tirar melhor proveito da IA generativa.

Como essas novas tecnologias impactam os parceiros da Siemens?

Um dos pilares da nossa plataforma de negócio digital Xcelerator, a nossa filosofia de negócio digital, é ter um ecossistema de parceiros forte. Com as novas tecnologias chegando, esse ecossistema naturalmente vai se moldando, alguns parceiros entram, outros saem. Temos vários tipos de parceiros, como Microsoft, Nvidia, Sony, AWS, buscamos parcerias tecnológicas com os melhores em seus nichos. Temos um movimento forte de parceria em SaaS na Nuvem. Em IA, fizemos parceria com OpenAI, por exemplo. Essas parcerias tecnológicas se refletem no relacionamento com os integradores de sistemas e consultorias, como Accenture e Deloitte. Esses grandes integradores já conhecem essas novas tecnologias, para eles o passo é mais curto. O grande desafio é sensibilizar os clientes, pois as mudanças tecnológicas vêm ocorrendo muito rapidamente. Precisamos levar esses conhecimentos para os clientes e mostrar as vantagens das novas tecnologias, como a IA, e como elas podem agregar valor aos negócios.

Como a IA vem impulsionando a Indústria 4.0?

A Indústria 4.0 é um conceito que tem bastante tempo, começou em 2008, e levando em conta a velocidade da tecnologia, evoluiu bastante. Mesmo assim, falando de América Latina, temos muito chão pela frente. Acho que a IA veio para consolidar a Indústria 4.0. Tem um movimento que anda junto, que é a Sociedade 5.0, que nasceu no Japão. Eles questionam como integrar uma indústria hiperconectada com uma sociedade hiperconectada, como consigo trabalhar demanda e oferta de forma orgânica, em um contexto de melhorias para o ser humano, com energia mais limpa, sustentabilidade, pessoas mais felizes etc. A IA é um componente da Indústria 4.0, que cada vez mais acelera a sua adoção. Se começo a utilizar IoT, vou coletar diversos dados para um fim específico, que utilizará outras tecnologias, como Big Data, Analytics, uma rede neural. A partir disso, coloco uma camada de Inteligência Artificial para extrair informações relevantes para a minha operação. Assim, as tecnologias vão se conectando. Dentro da Siemens, chamamos isso de Trilha Digital.

 

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