Empregabilidade é mais que apenas conseguir um emprego, é a capacidade contínua de se manter e crescer nele ao longo do tempo. Além disso, é pensar em planos de carreira nas suas mais variadas formas. E isso implica em se aprimorar constantemente, mantendo-se adaptável e atualizado em um mercado em constante evolução, como o de tecnologia, por exemplo.
Por outro lado, para os empregadores, a capacidade de reter estes talentos, direcionar seu desenvolvimento e criar oportunidades de crescimento tem impacto direto no desempenho e eficiência operacional.
Hoje, o foco das habilidades comportamentais, como empatia, liderança e gestão, é tão importante quanto as habilidades técnicas. A ênfase nessas soft skills reflete uma mudança significativa no padrão de contratações, e até na estratégia de avaliação de candidatos em processos seletivos. Isso significa que as características emocionais e comportamentais também se tornaram requisitos de contratação e ponto importante para a manutenção da empregabilidade.
Para cargos júnior, é comum encontrar posições em que saber programar não é suficiente, por exemplo. E para cargos de maior senioridade, processos longos com diversas entrevistas para uma avaliação comportamental e cultural robusta.
E esse comportamento só tende a aumentar. De acordo com o Access Economics, estudo divulgado pela consultoria Deloitte na Austrália, até 2030, dois terços de todos os empregos serão ocupações que requerem habilidades interpessoais, em comparação com metade dos empregos em 2000. Essas habilidades estão crescendo a uma taxa 2,5 vezes maior do que outras ocupações.
Reforçando este movimento, consigo observar e acredito que além das novas exigências do mercado por parte das empresas, as atuais gerações também têm se mostrado mais exigentes na busca por oportunidades de desenvolvimento e carreira. A geração Z, por exemplo, que está chegando em peso no mercado, está disposta a trocar salários mais altos e aumento de senioridade por trabalhos flexíveis, com culturas inclusivas e engajadas com a saúde mental do colaborador e que possuem iniciativas estruturadas no contexto ESG.
Segundo um levantamento feito em 2023 pela Visier, plataforma especializada em Dados corporativos, a maioria dos entrevistados possuem cada vez menos ambições profissionais, e isso tende a se intensificar com a geração Z. Dos mil profissionais entrevistados, 67% desejam passar tempo com família e amigos, 64% querem ser fisicamente ou mentalmente saudáveis, 9% querem se tornar gestor de pessoas e 4% pensam em se tornar um executivo nível C. Os profissionais foram questionados sobre o quanto desejariam ter sucesso na empresa em que atuam e 63% disseram que se preocupam em ter um bom desempenho, porém não comprometeriam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Dessa forma, assim como fazemos na Ada, é importante auxiliar na formação integral dos estudantes e endereçar a dor da empregabilidade no setor, tanto por meio da conexão e atuação com grandes empresas quanto para pensar e colocar em prática essa nova forma de ensino.
Nessa linha de pensamento, a empregabilidade contribui para a inovação e competitividade no mercado. Investir na capacitação dos colaboradores não só ajuda a reter talentos, mas também promove um ambiente de trabalho propício à criação de novas ideias, colaboração e, consequentemente, fortalecimento dos resultados.
De acordo com um estudo de 2023 do Instituto McKinsey Global, as habilidades aprendidas no trabalho contribuem com 46% dos ganhos ao longo da vida de uma pessoa típica, e as empresas que desenvolvem o capital humano têm maior probabilidade de impulsionar seus funcionários a faixas salariais mais altas ao longo da carreira. O levantamento reforça que as empresas que adotam um foco mais voltado às pessoas, juntamente com uma cultura organizacional mais desafiadora, podem ter retornos positivos. Além de melhorarem sua consistência, resiliência, retornos financeiros, reputação e retenção de talentos, há também a lealdade dos funcionários, que são atributos das organizações que prosperam a longo prazo.
A empregabilidade é um conceito dinâmico que sempre existiu, mas nunca se transformou com tanta velocidade, e, por isso, tem ganhado cada vez mais espaço e profundidade no cenário atual. Portanto, entender seu setor de atuação, as profissões do futuro e investir no desenvolvimento de habilidades, para além do técnico, como comunicação eficaz, resolução de problemas, tomadas de decisões e trabalho em equipe, são fundamentais para aumentar as chances de sucesso e manter-se competitivo, tanto para empregadores como colaboradores.
Por Mariane Lorenzetti, líder de Operações na Ada.
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