A Inteligência Artificial (IA), em particular a IA generativa, foi o centro das discussões na Conferência Gartner Data & Analytics 2024 (26 e 27/3), que está sendo realizada em São Paulo. O Gartner orienta que líderes de Data & Analytics (D&A) devem se concentrar na inteligência coletiva para impulsionar o valor de seus negócios e a maturidade em D&A. A inteligência coletiva, impulsionada pela Inteligência Artificial Generativa (GenAI), combina as habilidades humanas e das máquinas em resolver problemas para criar valor.
“Desde 2023 temos feito uma série de pesquisas para entender a postura de adoção e investimentos das organizações em relação à IA e IA generativa. Em janeiro deste ano fizemos um evento grande com 1,3 mil pessoas e perguntamos para eles como estão em relação à IA. A fotografia deste ano mostra que 35% estão experimentando a IA, 38% estão em piloto e 21% já estão em produção. Há um ano atrás, em março de 2023, esses números eram 70% experimentando, 15% com pilotos e apenas 4% em produção, o que mostra uma evolução enorme na adoção desta tecnologia”, disse Edgar Macari, analista e diretor do Gartner. “Uma das principais mensagens que trazemos neste evento é que, quando se trata de IA, os fundamentos em Analytics são ainda mais relevantes, estou falando de governança, alfabetização de dados e qualidade dos dados, que serão fundamentais para construir a confiança em IA”, completou.
Durante a palestra de abertura do evento, Kurt Schlegel, vice-presidente e analista do Gartner, e Aura Popa, analista e diretora sênior do Gartner, afirmaram que os líderes de Data & Analytics têm um papel central a desempenhar, fornecendo as capacidades que facilitam a decisão e a ação, desencadeando efetivamente a inteligência coletiva.
A pesquisa do Gartner mostra que os líderes de Data & Analytics estão atualmente gastando mais tempo na mudança de cultura, na criação de estratégias e na incorporação de iniciativas de Data & Analytics nos negócios e no gerenciamento da governança.
“Muitos executivos de D&A ficam atolados em questões de estratégia e cultura”, disse Aura. “Os líderes que conseguem superar as questões de estratégia e cultura para também se concentrarem em atividades de execução, como gerenciar funções, entregar projetos e aumentar a maturidade da governança, tendem a ter melhor desempenho financeiro, desbloqueando, consequentemente, o valor de D&A”, completou.
Segundo a executiva, determinar a ambição em IA começa com a estratégia de negócios ou o mandato público da empresa. Isso fornece o planejamento intencional e estratégico de onde a IA será melhor utilizada. “O Gartner faz pesquisas com muitas empresas no mundo todo. Em nossa última pesquisa com CEOs, 75% disseram que já usaram GenAI em alguma iniciativa. Existe muita empolgação em torno a GenAI, mas a maioria dos líderes pesquisados (64%) não acha que exista esse excesso de empolgação. 62% dos respondentes da pesquisa afirmaram que a GenAI já foi discutida em nível do conselho, mas muitas empresas estão usando de forma generalizada, por exemplo o ChatGPT. Porém 53% observaram que não serão capazes de lidar com os riscos trazidos por essa tecnologia”, observou Aura.
Em relação a como implementar a IA nas empresas, Aura contou sobre uma pesquisa feita com diretores de Dados e Analytics (CDAOs), em que 61% disseram que estão treinando os líderes, não somente com tecnologias como ChatGPT, mas discutindo como isso seria útil para a empresa, casos de uso etc. “80% dos CDAOs disseram que o treinamento em IA terá uma prioridade alta nos próximos 12 a 18 meses, e 80% também disseram que o letramento em dados receberá uma atenção maior em 2024”, comentou.
Ainda de acordo com Aura, os líderes de D&A podem ajudar seus CEOs, assim como seus colegas na liderança, a definirem a ambição em Inteligência Artificial de suas empresas ao examinarem as oportunidades e os riscos do uso da GenAI em quatro áreas: na retaguarda (backoffice), na linha de frente, em novos produtos e serviços, e em novas capacidades centrais.
No evento, os analistas do Gartner recomendaram que os líderes de D&A tomem três ações para liderar as pessoas para criarem valor com a IA:
Reorganizar os modelos operacionais para facilitar a autonomia e a flexibilidade: a rápida evolução das tecnologias de D&A e Inteligência Artificial, como a GenAI, oferece aos líderes a oportunidade de repensar e evoluir seus modelos operacionais. Na verdade, a pesquisa do CDAO descobriu que 75% dos entrevistados já estavam evoluindo seus modelos operacionais para melhor apoiar a inovação.
Ampliar a alfabetização de dados para dominar a alfabetização em IA: a pesquisa do Gartner com CDAOs descobriu que os líderes de D&A disseram que a educação em Inteligência Artificial e a alfabetização de dados receberão mais atenção de suas empresas em 2024. As organizações devem aproveitar o impulso do conhecimento de dados para criar mestres na alfabetização de IA. Ampliar a alfabetização de dados para o conhecimento de IA não precisa envolver uma grande revisão dos programas. Pode ser posicionada como uma extensão de conceitos, programas e estruturas existentes.
Distribuir autoridade e a responsabilidade para que todos liderem com propósito (do core para o Edge): a liderança distribuída sugere que os dados relevantes são descobertos no Edge e devem ser obtidos junto com toda a equipe, informada por uma visão e propósito compartilhados.
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