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Museus em Alto Risco: o papel da TI na preservação da História e da Arte do Brasil

A cultura e a memória brasileiras têm sofrido perdas de espaços e objetos insubstituíveis. Já pegaram fogo a Cinemateca Brasileira (2016), o Museu da Língua Portuguesa (2015), o Liceu de Artes e Ofícios (2014), o Memorial da América Latina (2013), o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas (2013) e o arquivo do Hospital Psiquiátrico do Juqueri (2005). No Rio de Janeiro, em 1978 um incêndio destruiu quase todo o acervo do Museu de Arte Moderna, com mais de mil obras de arte.

A mais recente tragédia aconteceu em 2 de setembro de 2018, quando o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sofreu um incêndio. Este museu tinha o maior acervo da história natural da América Latina, com 20 milhões de itens. Outra perda foi a biblioteca Francisco Keller, com 537 mil livros. Um inquérito da Polícia Federal determinou, em 2019, que o incêndio se iniciou em um aparelho de ar-condicionado. Há muitas causas para esse sinistro. Uma delas é a completa ausência de soluções digitais de monitoramento do ambiente e das peças do Museu Nacional. Até mesmo as câmeras de segurança da instituição apresentavam falhas, contribuindo para que o acaso destruísse o museu.

Outro incidente aconteceu no dia 16 de agosto deste ano, em Londres, UK. Depois de muitas negações, a direção do British Museum divulgou que peças de valor incalculável tinha sido roubadas da instituição.

Acredita-se que 935 roubos ocorreram – o número de itens roubados poderia chegar a 2.000, gerando um prejuízo de milhões de libras. As peças faltantes são itens como joias de ouro, pedras semipreciosas e objetos de vidro da Idade Média.

Uma nova visão da curadoria de museus
Embora vários curadores de outros museus tenham acusado o Museu Britânico de negligenciar o trabalho de controlar adequadamente a sua coleção, talvez o que esteja em pauta é uma nova visão de curadoria. Discute-se cada vez mais, em todo o mundo, o papel da tecnologia na preservação e gestão de acervos únicos e totalmente insubstituíveis. Durante séculos o papel do gestor do museu era selecionar, com olhar de curador, peças e temas que contribuem para a cultura de um país. Uma vez formado o acervo, o próximo passo era catalogar cada peça para garantir o valor histórico e cultural desse item na narrativa do museu.

Em 2023, é impossível deixar de lado o papel de tecnologias avançadas de monitoramento no suporte à curadoria dos museus. O museu é um organismo vivo, que demanda tecnologia para seguir se reinventando e oferecer a melhor experiência aos visitantes.

No entanto, há limitações a se considerar no desenvolvimento de uma estratégia integrada de monitoramento para um museu. A principal é que um museu tem o dever de proteger sua propriedade sem, no entanto, perturbar os visitantes das próprias exposições. Por essa razão, as funcionalidades de monitoramento de museus precisam ser sutilmente integradas ao edifício sem exigir reformas, uma vez que muitos museus são, em si, marcos históricos. O mercado já conta com a tecnologia adequada para esse contexto.

O monitoramento 24×7 do museu pode produzir vários resultados

Preservação de artefatos
Artefatos históricos tendem a ser sensíveis a pequenas flutuações de temperatura, umidade e luz. A exposição prolongada a calor, umidade, luzes fluorescentes e luz solar pode causar uma variedade de problemas, como empenamento, apodrecimento, encolhimento e desbotamento. Atualmente, a tecnologia museológica é capaz de coletar e analisar dados ambientais críticos em tempo real, integrando sensores IoT de temperatura e umidade a plataformas de monitoramento. Usando esses Dados, a equipe pode ajustar com precisão a umidade, a temperatura e a iluminação das mostras.

Detecção de vazamentos
Quer seja condensação, vazamentos de ar-condicionado, vazamentos de lençóis freáticos ou canos, isso pode ter efeitos devastadores sobre museus e galerias. Sensores podem ser colocados em dutos presentes nas paredes. Sensores de temperatura e umidade podem ser instalados para fornecer alertas precoces de vazamentos provenientes de andares superiores, canos e telhados.

Gestão e segurança dos artefatos
No museu inteligente, sensores IoT conectados a portas, janelas e vitrines de relíquias culturais podem alertar imediatamente quando abertas e fechadas, detectando e prevenindo intrusões. Sensores de movimento e vibração também podem ser instalados em, e em torno de, obras de arte, soando alarmes se elas fossem tocadas.

Sensores IoT são capazes de rastrear obras de arte onde elas forem e fornecer Dados críticos acerca de sua condição. A meta é prevenir roubos com monitoramento de status em tempo real. Após o fechamento do museu aos visitantes, sensores enviam em tempo real ao time de monitoramento alertas de movimentação irregular. Isso permite a ação instantânea de proteção do ambiente.

Um bom exemplo da aplicação de soluções de monitoramento multiprotocolo de museus pode ser encontrado no National Museum of Computing. Essa instituição localizada em Bletchley Park, Inglaterra, é dedicada à preservação e exibição da história da computação e da tecnologia de computadores. O museu é onde foi filmado o filme inglês O Jogo da Imitação, de 2014, em que se explica como o gênio Alan Turing decodificou a máquina nazista de códigos Enigma. O museu abriga a máquina Colossus, usada durante a Segunda Guerra Mundial para esse fim, além do WITCH, o mais antigo computador em operação do mundo. Para garantir o funcionamento dessas máquinas legadas, o ambiente em que elas são mantidas precisa ser monitorado 24×7. O Colossus é capaz de ficar aquecido a ponto de derreter a sua própria solda. Para garantir que fatores ambientais como temperatura, umidade e níveis de radiação ultravioleta estão sob controle, o National Museum of Computing utiliza uma plataforma de monitoramento multiprotocolo que recebe Dados de sensores espalhados por todo o ambiente e dentro das próprias máquinas. Os gestores do museu contam, agora, com uma visão preditiva de tudo o que se passa na instituição, facilitando a adoção das iniciativas necessárias para preservar esse tesouro da história da tecnologia mundial pelos próximos 100 anos.

Conquistas como estas também estão ao alcance dos museus brasileiros
Dados de sensores IoT alimentando plataformas de monitoramento podem rastrear obras de arte ou objetos históricos onde quer que estejam, fornecendo informação crítica sobre a condição do objeto. A completa integração entre essa plataforma e o monitoramento dos sistemas de TI do museu gera uma visão de 360º com o mesmo grau de eficácia. O gestor parte do todo para chegar à análise granular sobre o que se passa em cada sala, com cada objeto histórico ou artístico sendo monitorado. Uma das razões para se utilizar esse tipo de estratégia é garantir o funcionamento dos sistemas de segurança do museu, prevenindo de forma eficaz roubos e sinistros como incêndios ou inundações.

Museus abrigam tesouros nacionais e artefatos culturais que estão, frequentemente, sob risco. Novas soluções de monitoramento multiprotocolo utilizam a ciência para defender a história, a arte e a cultura do Brasil.

Por Camelia Badan, gerente de vendas internar da Paessler América Latina.

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