Multinacionais devem atentar aos riscos de soberania digital, diz Gartner

De acordo o Gartner, 30% das organizações multinacionais sofrerão perdas de receitas, danos à marca ou ações legais devido ao risco soberano digital não gerenciado até 2025. O tema foi abordado nesta segunda-feira (11/9) no Gartner IT Symposium/Xpo na Austrália por Brian Prentice, vice-presidente analista do Gartner. “Nos últimos 30 anos, as multinacionais têm gerenciado operações de negócios tendo como pano de fundo a avaliação de riscos dos ambientes econômicos e políticos dos países. Eles agora precisam expandir o risco soberano para incluir o digital, a fim de evitar quaisquer consequências potenciais, à medida que ele se fragmenta cada vez mais ao longo de linhas nacionais e regionais”, alertou.

De acordo com o Gartner, a soberania digital é a capacidade de um governo realizar políticas sem impedimentos impostos pelas regulamentações digitais de governos estrangeiros diretamente aos seus cidadãos e empresas domiciliadas, incluindo aquelas exercidas através de gigantes digitais sob controle regulatório.

“À medida que mais países adotam estratégias digitais soberanas, o que emerge é um conjunto complexo de obrigações regulamentares transjurisdicionais, restrições tarifárias, proibições de importação/exportação, protocolos tecnológicos específicos de cada país e requisitos de conteúdo local”, disse Prentice. “Dado o papel crítico do digital nas operações comerciais, os executivos devem compreender o risco soberano digital e o seu impacto nas condições empresariais”, observou.

O Gartner destaca três áreas principais impactadas pelo risco soberano digital que devem ser geridas para evitar potenciais perdas de receitas, danos à marca ou ações legais.

Fluxos de risco soberano digital para clientes multinacionais de fornecedores de tecnologia

Grande parte da perturbação resultante do número crescente de estratégias digitais soberanas tem impacto nas operações dos fornecedores de tecnologia. O aumento da concorrência entre grandes potências está a ocorrer com sectores e fornecedores de tecnologia específicos, tais como restrições a fornecedores de 5G como a Huawei ou a Nokia. Isto pode ser o resultado de uma pressão regulamentar crescente, de mudanças na política nacional ou de respostas a acontecimentos geopolíticos súbitos.

De acordo com a Gartner, a forma como os fornecedores de tecnologia respondem ao seu próprio risco soberano digital pode ter um impacto significativo nas operações dos clientes multinacionais. As multinacionais devem considerar os fornecedores de tecnologia crítica como parte da cadeia de abastecimento mais ampla das suas organizações e avaliar e mitigar proativamente o seu risco soberano digital.

As iniciativas de produção digital serão dificultadas sem uma localização eficaz

À medida que a ambição digital aumenta, os esforços de produção digital empurram as empresas para a criação de produtos digitais discretos e voltados para o mercado, muitas vezes com os seus próprios lucros e perdas. Se os mercados forem encontrados em outros locais além do país de origem da empresa, o Gartner recomenda que sejam tomadas medidas para gerenciar o risco soberano digital associado a cada produto digital.

Isto requer a localização contínua do produto para se adaptar aos requisitos regulamentares, juntamente com a cultura e o idioma dos clientes num mercado específico. Padrões tecnológicos nacionais divergentes, protocolos patrocinados pelo estado e estruturas defendidas pelo governo pesam nas decisões necessárias ao produzir produtos digitais que atenderão a vários mercados.

Os negócios digitais serão apanhados no meio da competição geopolítica digital

À medida que as empresas aumentam a sua ambição digital e se tornam negócios digitais, terão de lidar com o mesmo amplo conjunto de fricções do mercado livre digital que os fornecedores de tecnologia. Isto coloca-os no meio da competição geopolítica digital, que tem impacto na estratégia empresarial.

Para ter sucesso, o Gartner recomenda que os diretores de risco (CROs) se sintam confortáveis ​​com a tecnologia digital, caso contrário, terão dificuldade em compreender o âmbito crescente, o propósito e as implicações dos fatores de risco soberanos digitais na sua organização.

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