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Poucas empresas estão preparadas para a regulação da Inteligência Artificial

Estudo do BCG alerta companhias de que os primeiros progressos no desenvolvimento de projetos de Inteligência Artificial Responsável demandam cerca de três anos

Poucas empresas estão preparadas para a regulação da Inteligência Artificial

Apesar de ainda não ser regulado, o uso da Inteligência Artificial nas empresas tem crescido de forma exponencial. Diante desse avanço, o Boston Consulting Group (BCG) desenvolveu um novo estudo e encontrou um cenário limitado de preparação dos negócios para essa nova fase da tecnologia: apenas 28% dos 2.700 líderes globais entrevistados afirmaram estar totalmente prontos para as leis e regulações que estão por vir.

Segundo a análise do BCG, a melhor forma para o mercado se preparar para esse futuro da IA é por meio do desenvolvimento de um programa de Inteligência Artificial responsável (RAI, na sigla em inglês). Essa iniciativa tem como objetivo garantir o uso ético da tecnologia, considerando seus impactos nos negócios e pessoas, além de facilitar a governança dos sistemas. Uma RAI deve ter foco em um conjunto de princípios como: responsabilidade, transparência, privacidade e segurança. Assim, há uma diretriz clara para que os algoritmos sejam desenvolvidos e implementados de forma equitativa e inclusiva. Essa é uma estrutura benéfica tanto para criadores quanto usuários de inteligência artificial e ajudará ambos a estarem prontos para qualquer regulamentação que surgir no futuro.

Um programa de IA responsável deve ser visto como um mecanismo de inovação, que aprimora o desempenho da tecnologia e estabelece ciclos de melhorias e de revisão, que ajudam a prevenir falhas ao levantar preocupações que envolvem a tecnologia

“Um programa de IA responsável deve ser visto como um mecanismo de inovação, que aprimora o desempenho da tecnologia e estabelece ciclos de melhorias e de revisão, que ajudam a prevenir falhas ao levantar preocupações que envolvem a tecnologia. Empresas que compreenderem esse conceito e tratarem as regulamentações como oportunidade, em vez de um obstáculo, podem se destacar no mercado”, afirma Henrique Sinatura, diretor executivo e sócio do BCG.

O artigo também aponta que os negócios com maior maturidade digital são mais propícios a desenvolverem um programa de RAI e que a iniciativa leva cerca de três anos para fazer um progresso significativo, por isso exige esforço e comprometimento. Porém essa dedicação traz vantagens: a inteligência artificial responsável ajuda as empresas a dimensionarem seus investimentos de IA, a identificar e corrigir problemas de forma antecipada, e a aumentar a adoção da tecnologia por clientes e colaboradores, ao mesmo tempo em que minimiza falhas.

“Nossa pesquisa mostrou que companhias mais maduras digitalmente têm quase seis vezes mais chances de estarem preparadas para a regulamentação da IA. Notamos, também, que os setores de telecomunicações, tecnologia e consumo estão na frente dos demais em termos de preparação, mostrando que a ferramenta pode colaborar, e muito, com o relacionamento e jornada do consumidor”, aponta Sinatura.

De forma geral, o BCG conclui que existem cinco princípios em comum em empresas que desenvolveram um programa de IA responsável bem-sucedido. São eles:

Liderança de RAI emponderada: os líderes de um projeto de RAI precisam desempenhar um papel crítico na manutenção das iniciativas no caminho certo. Para terem sucesso, eles ainda precisam ser colaborativos e devem contar com uma equipe multifuncional (representando unidades de negócios, bem como os departamentos jurídico, de RH, de TI e de marketing) para projetar e liderar programas RAI. Por isso, os relacionamentos são essenciais para a liderança, dando suporte para implementar os programas da RAI em toda a organização.

Construir e fomentar uma estrutura ética de IA: no centro da RAI está um conjunto de princípios e políticas que devem ser incorporados à cultura e às políticas da empresa. Isso estabelece uma base que faz com que seja mais fácil a empresa se adaptar caso surjam regulamentações específicas, pois ela já pratica esses princípios. Assim, mitiga o risco de prejudicar metas e investimentos.

Humanos na IA: a maioria dos regulamentos de IA atuais e que estão sendo propostos exigem uma forte governança humana, o que se alinha com um princípio central da RAI: envolvimento humano em processos e plataformas de Inteligência Artificial. A pesquisa aponta que quase dois terços dos respondentes acreditam que é importante projetar sistemas de IA que aumentam a capacidade humana, e não a sua substituição – e eles já estão aplicando esse princípio.

Ferramentas e métodos para revisão: a IA responsável abrange o ciclo de vida de um sistema de Inteligência Artificial e a sua meta é detectar e resolver problemas o quanto antes, além de manter a atenção aos riscos durante e após seu lançamento. O primeiro passo para isso é garantir a revisão constante de que os princípios básicos do RAI, como transparência e inclusão, estejam integrados nos processos para construir e trabalhar com algoritmos. Para as organizações, a grande vantagem de se investir nesse monitoramento está na possibilidade de ter mais credibilidade diante de governos e clientes.

Participar do ecossistema de RAI: na pesquisa do BCG foi apontado que quase 90% das empresas contribuem ativamente para um grupo de trabalho de Inteligência Artificial responsável. Essa é uma estratégia válida que promove a colaboração e o compartilhamento de informações, o que pode ajudar direcionar o desenvolvimento das melhores práticas nos projetos. Além disso, o ecossistema RAI é vasto e está crescendo rapidamente, tornando-se um lugar para encontrar parceiros, clientes, organizações e fóruns que podem ajudar a desenvolver e dimensionar casos de uso de IA.

“Usar a Inteligência Artificial com responsabilidade é, de certa forma, criar valor com ela. A incerteza que temos sobre o escopo dos regulamentos que estão por vir não pode ser um fator para impedir o desenvolvimento de um programa de uso da tecnologia de forma responsável. Quem começar agora a trabalhar na RAI conseguirá ajudar a moldar o futuro da IA”, finaliza Sinatura.

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