É quase uma certeza: todas as empresas, incluindo pequenas, investiram em tecnologia para a captura e tratamento dos Dados internos, de seus clientes, fornecedores e do mercado onde atuam para que, organizados de forma adequada, se tornem insumo para análises que visem aumentar eficiência e produtividade.
Muito dinheiro foi investido nessa área. No caso das grandes empresas, o montante chega à casa de centenas de milhões de reais. Mas boa parte dos executivos saíram frustrados: o investimento não deu o retorno esperado.
As informações coletadas não resultaram em ganhos de eficiência ou melhores entregas para os clientes. Isso quer dizer que investir em Dados é em vão?
Longe disso.
O que acontece, na verdade, é que os Dados apenas não estão sendo utilizados. Isso se deve à falta de uma cultura e governança que favoreça a utilização de dados nas tomadas de decisões.
A boa notícia é que uma nova cultura pode ser implantada — e, com isso, os resultados virão.
Menos tecnologia…
A origem da insatisfação está na atenção exagerada dada às tecnologias utilizadas nas soluções de Dados. Sim, estamos falando de um foco exagerado na coleta e processamento de uma quantidade de informações enorme, que podem ser capturadas e cruzadas com softwares baseados em Machine Learning, por exemplo. É fascinante montar toda a estrutura necessária para um Data Lake e vê-lo acumular petabytes de Dados.
Mas, ainda que a tecnologia esteja avançada e suas bases de Dados carregadas, as decisões — desde as executivas até as mais operacionais — são tomadas pelas pessoas. Não basta implantar a tecnologia sem que as pessoas estejam dispostas a aproveitá-la. Não basta ter o dado e não saber usá-lo.
Sim, parece absurdo, mas é real: diversas empresas subutilizam a tecnologia e seus Dados. De diversas formas. Um exemplo é o executivo sênior que prefere confiar na experiência e intuição sem dar a importância devida aos insights gerados a partir da análise dos Dados. Outras empresas centralizam os Dados num determinado setor, que acaba isolado das linhas de negócio. E, por fim, há o diretor que até demonstra disposição para o uso dos Dados — mas exagera: pede um dashboard com dezenas de indicadores que se mostram impossíveis de serem acompanhados. Na prática, o processo se torna tão complexo que acaba não usando nenhum Dado.
Mais cultura
Durante o processo de implantação dessas tecnologias, deve-se criar uma cultura organizacional para o uso do Dado. Não se trata de um processo burocrático ou que coloque o Dado como o ator principal. Pelo contrário. É a partir de uma questão real, com resultados palpáveis, que se muda o mindset das pessoas.
Nunca é demais reforçar: os Dados servem aos negócios; eles não são um fim em si próprio. Por isso, não podem estar centralizados num setor e sob o controle exclusivo de um Chief Data Officer. Terá falhado em sua missão de construir uma insight driven company o CDO que foque nos aspectos técnicos da construção de bases de Dados centralizadas, mesmo que completas e bem alimentadas, deixando em segundo plano a cultura e conhecimento necessários para que os colaboradores da empresa possam realmente tomar decisões baseadas em Dados.
Com uma cultura de uso de Dados implementada, os resultados virão — e todo capex dispendido não terá sido em vão.
Qual a receita?
Não existe um único caminho ou regra para uma empresa se tornar Data Driven. Mas, seguramente, não é por meio de um projeto “big bang”, que tente mudar a cultura e os processos da empresa inteira de uma única vez. Esse é um desafio que se vence por etapas.
Pode-se começar identificando um determinado problema ou necessidade de uma área ou processo específico da organização. A partir daí, estruturar a área para resolver essa questão com uso de Dados, através do modelo organizacional, da governança e das ferramentas e Dados adequados. Por fim, oferecer a tecnologia e capacitar as pessoas para capturar dados, acessá-los e analisá-los. Trata-se de um processo totalmente prático.
Dividir essa jornada insight driven em passos menores, além de simplificar o processo permite comprovar o real valor da iniciativa de forma rápida e assim conquistar o patrocínio interno da empresa para as etapas seguintes.
Por Priscila Wertz , gerente de Data & Analytics , Marcia Kagohara Souza, gerente de Digital Strategy e Bayard Rocha é gerente de Data & Analytics da NTT Data.
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo