As cidades brasileiras vêm enfrentando diversos desafios, como ineficiência devido a processos burocráticos, envelhecimento da infraestrutura e problemas de tráfego nos grandes centros urbanos. Por isso, é evidente que, cada vez mais, devem repensar seus processos, principalmente no que diz respeito à colaboração e transparência, construção de obras e gestão da informação.
Nesse cenário, a transformação digital avança como uma grande aliada dos municípios com foco em transformá-los em cidades inteligentes ou smart cities. Quarenta anos atrás, as empresas fabricantes e distribuidoras de tecnologia resolviam o desafio de trazer os softwares para o Brasil, e agora, estão voltadas a entender os desafios de cada região para implementar inovações que solucionem necessidades específicas.
Uma delas é o BIM (Building Information Modeling), metodologia que atrela processos digitais a modelos tridimensionais para compor modelos virtuais precisos de uma construção. Alinhadas a metodologia, existem diversas soluções que trazem vantagens para as cidades, como a capacidade de escanear ambientes e transformá-los em modelos 3D para a realização de levantamentos em softwares de engenharia.
Para executar essa mesma função no formato tradicional, que utiliza trena e fotos, o tempo médio de trabalho é de dois dias. Já com a tecnologia, é possível realizar o mesmo processo em cerca de 10 minutos, e ainda com uma precisão milimétrica, que evita retrabalhos.
Smart Cities e a Inovação no mercado de engenharia
No contexto do momento atual, a palavra-chave para conseguirmos inovar no setor de engenharia é a democratização. Quanto mais municípios tiverem acesso a essas soluções, mais conseguiremos avançar com o desenvolvimento das regiões de forma geral.
A gestão dos setores públicos será otimizada a um custo baixíssimo de implementação perto do retorno gigantesco que ganharão. Desde o cadastro de ativos do município, até a execução de obras, os resultados entregues pela tecnologia geram um grande impacto.
Um dos grandes desafios do setor público hoje é a execução de obras, que enfrenta questões como adequação de prazos e orçamentos, os quais, em casos de erros, trazem enormes prejuízos.
Já o plano de execução do BIM prevê extensões, tipos de documentos, metodologias a serem utilizadas, e forma de medir. Atualmente, já é possível projetar a construção virtual antes do início da obra, alinhando todos os pontos necessários, e com acompanhamento em tempo real de todas as partes. Com isso, é possível projetar uma redução de até 20% nos custos das obras.
Do lado dos orçamentos, existem soluções extremamente práticas que realizam a estimativa de obras, atendendo outro grande desafio das cidades. A precisão dessas plataformas é tão impressionante que chega a 97%.
Ou seja, contando com a transformação digital para transformar os municípios, é possível melhorar a gestão da informação; executar o planejamento urbano de uma maneira mais eficiente; melhorar a mobilidade atrelada à sustentabilidade; realizar uma gestão inteligente dos resíduos sólidos; obter maior precisão orçamentária; e aumentar a velocidade no ciclo de vida dos projetos em até 40%. Todas essas vantagens corroboram para uma melhor administração pública, que impactam diretamente na qualidade de vida da população.
Além disso, a tecnologia também proporciona outras oportunidades para os municípios, como visibilidade pública de projetos e de infraestrutura, garantindo maior transparência; redução de custos e de desgaste com fornecedores durante a execução de obras; diminuição de aditivos com valores que fogem à capacidade financeira da cidade; e otimização de investimentos públicos de maneira articulada e integrada.
Para acelerarmos o processo de implementação dessas tecnologias e avançar com o desenvolvimento das smart cities, agora precisamos superar a barreira cultural, que hoje ainda é um dos maiores impeditivos para a transformação digital no setor público tão habituadas a seguirem modelos tradicionais.
O setor privado já compreendeu que a tecnologia é uma grande aliada de produtividade, redução de aditivos, e transparência, e o setor público deve seguir o mesmo caminho.
Por Jairo Guimarães, diretor de Soluções Engenharia Digital da Pars.
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