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Por que a Computação de Borda é uma tecnologia crucial para o 5G

A chegada da quinta geração da internet móvel nas capitais brasileiras até setembro de 2022 abre portas para um mundo de possibilidades. Além de aumentarmos a conectividade da população, os benefícios do 5G irão muito além do que baixar nossos filmes favoritos em poucos minutos. A velocidade ultrarrápida do 5G nos permitirá desenvolver soluções tecnológicas inéditas nos mais variados setores como cidades inteligentes, educação, telemedicina, varejo, entre outros, revolucionando a forma como acessamos e utilizamos a internet especialmente no meio corporativo.

Com transmissão de Dados até 100 vezes mais rápida do que o 4G, o 5G também irá permitir mais dispositivos conectados à rede sem perdas de velocidade — enquanto o 4G suporta por volta de 10 mil dispositivos por quilômetro quadrado, a quantidade de dispositivos conectados por quilômetro quadrado na quinta geração pode atingir cerca de 1 milhão. O acréscimo de aparelhos conectados também deve aumentar consideravelmente a quantidade de dados gerados no mundo.

Somente em 2020, o mundo gerou diariamente, em média, 176 bilhões de GB de dados, e a previsão é de que até 2025 esse número aumente para algo em torno de 495 bilhões de GB diários, segundo a consultoria IDC. Além disso, a indústria prevê que aproximadamente dois terços da população global terão acesso à internet em meados de 2023, com cerca de 5,3 bilhões de usuários e com o número de dispositivos com IP conectados à rede sendo mais de três vezes o número da população mundial de 2023.

Um suporte mais amplo a mais dispositivos conectados ao mesmo tempo deve disseminar ainda mais a utilização de recursos como IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial (IA), e uma estimativa da Intel aponta que até 2025 55% dos Dados produzidos no mundo serão gerados por dispositivos IoT. Neste contexto de um aumento vertiginosos de Dados gerados, é natural que empresas e governos utilizem essas informações para melhorar suas operações e experiência do consumidor final, e isso só pode acontecer com agilidade no processamento desses Dados, que tende a acontecer com uma descentralização do uso do Data Center neste processo e aproximação do processamento de Dados onde eles são gerados, perto dos usuários.

Diante disso, a Computação de Borda, ou Edge Computing, em inglês, aparece como opção perfeita para a infraestrutura não ser um gargalo para todas as possibilidades que o 5G pode trazer, de modo que se mostra essencial para suportar novas cargas de trabalho, IoT e suporte à transformação digital devido à redução de latência em comparação ao processamento de dados no data center. Isso é possível porque a Computação de Borda permite a coleta e o processamento de Dados no local onde eles são gerados, seja em lojas, semáforos de grandes cidades, chão de fábrica, entre muitos exemplos. A redução de latência acontece devido ao fato de, no Edge Computing, os Dados não precisarem trafegar até o Data Center tradicional para serem processados, analisados e aplicados — um servidor de borda pode ser instalado nos próprios locais onde os Dados são gerados e realizar esses procedimentos. A cobertura 5G deve habilitar esse processamento em tempo real, mesmo em lugares remotos, utilizando recursos de Inteligência Artificial e desbloqueando, assim, o potencial da Computação de Borda.

Essa descentralização do uso do Data Center é especialmente importante quando falamos de um País de dimensões continentais como o Brasil. De acordo com estimativas do Gartner, 75% dos Dados gerados pelas empresas globalmente serão processados na borda em 2025, e otimizar a maneira como os Dados são processados diretamente no ponto de origem deve alavancar ainda mais a Transformação Digital.

As vantagens da utilização da Edge Computing vão além da agilidade no processamento de Dados e diminuição de latência. Dentre os benefícios estruturais da tecnologia estão ainda menor custo de rede após a instalação, já que possui diversos gateway de borda, menos atrasos para o envio de Dados, evita limites de largura de banda, mais controle sobre os Dados confidenciais, experiência mais rápida para usuários finais, menor tempo de carregamento e aumento na disponibilidade devido ao monitoramento em tempo real, características que trazem mais competitividade às empresas e uma consequente aceleração nos insights de negócios.

Mesmo ainda sem atingir o potencial máximo do 5G, alguns lugares do mundo já combinam a nova geração da rede móvel com a Computação de Borda. A cidade de Barcelona, na Espanha, apostou na Edge Computing como base para seu conceito de Cidade Inteligente, combinando a tecnologia com outros serviços que efetivamente criarão um ecossistema de inovação aberta para impulsionar a transformação nas experiências diárias na cidade. Dentre os setores que caminham para uma transformação inteligente estão a área educacional, com amplo suporte no ensino à distância, Indústria 4.0, mobilidade na cidade e em ambientes industriais, experiência do cliente utilizando tecnologias como Realidade Virtual e Aumentada e aumento na segurança pública por meio de captura de imagens.

A tecnologia 5G e as soluções de Computação de Borda oferecem potencial inovador e nos permitem solucionar problemas do mundo real, como ensino à distância, cirurgias à distância, as já mencionadas cidades inteligentes e muito mais, além de gerar novos fluxos de receita para companhias de muitos outros segmentos. O Brasil, com tradição na adoção de tecnologias emergentes, tem a chance de utilizar esses dois métodos em conjunto para pavimentar o caminho das empresas, de todos os tamanhos, na transformação inteligente e, assim, ajudar a construir uma sociedade mais inclusiva e inovadora.

Por Claudio Stopatto, gerente nacional da Lenovo ISG.

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