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NTT mira em rede 5G privada para a Indústria 4.0

A tecnologia 5G vai oferecer muito mais banda do que as soluções de IoT industriais tradicionais e custo menores em comparação ao Wi-Fi

NTT mira em rede 5G privada para a Indústria 4.0

O 5G foi notícia em todos os jornais recentemente, primeiro Brasília, que foi a primeira cidade a ter o serviço no dia 6/7 e agora São Paulo, que no dia 4/8 também passou a oferecer a quinta geração de telefonia móvel, além de Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Porto Alegre (RS). Na onda do 5G para o público, entra com força a pauta das redes privadas que também usam essa tecnologia. Nesta entrevista, Augusto Panachão, vice-presidente de Soluções e Tecnologia da NTT Ltd, conta sobre a tecnologia e as perspectivas de negócio nesta área.

Poderia fazer uma breve explicação sobre como atua a NTT?

A NTT é uma operadora no Japão, ela praticamente domina o setor de telecomunicações lá. Fora do Japão atuamos em várias áreas, mas na América Latina o nosso DNA é de integração, somos um canal. Embora no Brasil a NTT tenha um PoP de operadora para atender a nossa rede IP global, nosso negócio principal é o de integrador. O nosso business é pegar a tecnologia de nossos parceiros fabricantes, juntar as peças do quebra-cabeça e oferecer a solução para os clientes. Outra confusão no Brasil é que há duas famílias NTT, uma com a antiga Everis e outra com a Dimension Data. Essas duas famílias vão se juntar e teremos uma empresa com DNA de consultoria tradicional da Everis, juntamente com expertise de integração, que trabalha com infraestrutura e revende tecnologia de parceiros.

Como é a atuação no Brasil?

A NTT Ltd trabalha com grandes players de tecnologia e monta o quebra-cabeça para os clientes, fazendo a integração. Trabalhamos muito com conectividade, atendendo todas as verticais, com redes cabeadas, roteadores, switches e Wi-Fi por meio da nossa divisão de redes. Agora vamos trabalhar com o 5G privado. Nos projetos de conectividades usamos muito o Wi-Fi – nos escritórios hoje se usa mais a rede sem fio do que cabeada. Pegamos soluções de parceiros como a Cisco e outros, fazemos a instalação no cliente e fazemos também a gestão.

Qual a vantagem da tecnologia 5G em redes privadas?

As operadoras eram as donas das redes de celular, nas gerações anteriores eram elas quem montavam a rede. O 5G veio com uma coisa diferente: além da operadora ter sua rede, tem outro pedaço dedicado às empresas, que podem montar as próprias redes 5G, o que não era comum no 4G e nas gerações anteriores. Com o 4G LTE era possível, mas muito menos regulamentado e muito mais complicado de se fazer. Existem redes privadas LTE em operação, inclusive no Brasil, mas é muito pontual. Com o 5G isso foi regulamentado, tem uma faixa de frequência que a Anatel separou de 3,4 e 3,5 GHz, que são usados em muitos lugares do mundo. Agora, o cliente consegue fazer uma coisa que nunca fez e não precisa depender da operadora para montar uma rede com tecnologia de celular.

Quais as aplicações das redes 5G privadas?

O case mais comum e que está bombando é o da Indústria 4.0. A empresa tem um local ermo ou uma planta grande, não tem a cobertura de celular, ou até tem, mas ela quer uma rede privada por segurança. Ela pode instalar uma antena na planta e conecta seus devices à rede. A empresa não faria isso em uma rede celular pública, pois são máquinas conectadas. Estamos olhando os setores de mineração, cimento, automobilístico etc, que têm máquinas capacitadas para isso. O 5G vai dar muito mais banda do que as soluções de IoT industriais que existem hoje.

Quais as vantagens em relação às rede Wi-Fi?

Comparado com o Wi-Fi, o 5G cobre mais com menos antenas. Uma montadora de veículos que queira conectar suas máquinas na fábrica tem como opções IoTs convencionais, que trafegam poucos dados; ou uma rede Wi-Fi, mas é preciso usar muitas antenas e esses projetos costumam não se pagar. Isso acontece também com Wi-Fi 6, 6E, todos eles, pois é uma característica da tecnologia. O seu raio de ação é de poucas dezenas de metros da antena, normalmente. Em uma planta de quilômetros, são necessárias muitas antenas, deixando o projeto muito caro. O 5G cai como uma luva, oferece uma performance parecida com o do Wi-Fi com uma necessidade menor de infraestrutura, com menos antenas para fazer a cobertura da planta. Nas aplicações de Indústria 4.0 é preciso muita banda, tem robôs, tem máquina falando, o uso de câmeras exige muito banda. O Wi-Fi é caro e as outras tecnologias não oferecem banda suficiente.

Como a NTT ajuda os clientes?

O papel da NTT é ajudar os clientes a escolher a melhor tecnologia, os melhores fornecedores, a parte lógica, comunicação; a parte de gestão é um pouco complicada, é preciso montar uma Nuvem para isso. Temos boa locução com os clientes no Brasil, atendemos os Top 1.000, mas os Top 500 são nossos clientes mais fortes. Estamos tendo muita procura e interesse.

A rede 5G privada é a melhor solução para todas as aplicações?

Um caso discutível é o de escritório, que chamamos área de carpete. O mercado diz que devemos continuar com Wi-Fi. Os devices hoje são todos para essa tecnologia, o Wi-Fi 6E entrega muita banda e daqui a pouco vem a geração 7 com mais banda ainda. O custo benefício também é bom. Temos um case em que a empresa queria que o celular do executivo se conectasse a uma rede celular privada para dados e quando ele saísse da empresa, se conectasse à rede pública. Existem testes assim, gente pensando em fazer por uma questão de segurança. Mas para cobertura e banda em áreas carpetadas, achamos que se deve continuar com Wi-Fi nomomento.

Quais outras áreas de atuação da NTT?

O cliente hoje tem uma diversidade grande de tecnologias, tem as redes locais de escritório principalmente com Wi-Fi e alguns switches cabeados. A preocupação ali é principalmente com experiência do usuário. Outra preocupação do cliente é a conexão com a WAN e suas aplicações estão muito na Nuvem. Para isso tem a SD-WAN, software que quando acessa a Nuvem escolhe um caminho, quando é para um local interno, vai por outro. Depois tem a conectividade com as Clouds. Vemos muito projetos em que o cliente sobe os dados para a Nuvem, não cuida da rede e quando ela cai, paralisa tudo, pois não cuidou da rede como fazia antes com o Data Center local. Estamos sendo muito procurados, não para vender a rede, mas para oferecer Network as a Service, oferecendo uma solução empacotada e operada por nós. É isso que o cliente procura no integrador hoje. Ele procura o integrador à frente do vendor. No momento em que ele pede para a NTT trazer rede como serviço, ele compra de mim, não do fabricante. Não sou mais uma revenda, um canal de antigamente, tenho uma relação mais importante, pois vou operar para ele. Temos vários clientes em que operamos a  rede.

serviço
www.global.ntt

 

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