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Multicloud híbrida traz muita complexidade, mas também oportunidades de negócios

As empresas têm preferido trabalhar com dois ou mais provedores de Nuvem, em conjunto com o Data Center local, aumentando a complexidade da arquitetura e o seu gerenciamento

Multicloud híbrida traz muita complexidade, mas também oportunidades de  negócios

Um levantamento da Accenture mostrou que 92% das companhias que estão na Nuvem optaram por uma estratégia Multicloud, com dois ou mais provedores como parceiros estratégicos. Ao mesmo tempo, 78% das organizações mantêm uma estrutura híbrida, com Nuvem pública e on-premises. De acordo com o ponto de vista da Accenture, as arquiteturas híbridas Multicloud são muitas vezes a única opção, mas elas são complexas de montar e operar. Para Marcelo Leal, diretor-executivo de Nuvem Híbrida e Multicloud para a América Latina da Accenture, essa complexidade abre as portas para inúmeras oportunidades de negócios, seja de integração, segurança, gerenciamento, desenvolvimento de arquitetura etc.

Por que as empresas estão optando por uma estratégia Multicloud híbrida?

Os líderes executivo e os CIOs têm essa visão de que não irem 100% para a Nuvem. No início dessa onda de Cloud, havia a ideia da migração total do Data Center local para a Nuvem. Quando trabalhei na AWS há 10 ou 12 anos, a ideia era que as empresas iriam deixar seus Data Centers locais para irem para a Nuvem. Algumas de pequeno e médio porte fizeram isso, poucas de grande porte estão nessa jornada, mas a grande maioria, 78% segundo o nosso estudo, estão preferindo uma solução híbrida por diferentes razões, sejam técnicas, de negócios ou de regulamentação. Elas vão continuar com o on-premises e parte na Nuvem.

Quais as consequências disso?

O primeiro ponto importante é que, se você não está 100% on-premises como antes, com um modelo de operação, tecnologia, treinamento e processos que são próprios para esse ambiente, e também não vai totalmente para outro ambiente, mas vai ficar com os dois, isso gera o primeiro ponto de complexidade. Será preciso um treinamento dos profissionais para que consigam trabalhar em um novo mundo, será preciso ter pessoas que já conhecem esse ambiente e também do on-premises, já que novos processos e ferramentas serão implementados. O segundo ponto é que a grande maioria das empresas está indo para a Nuvem no modelo híbrido com dois ou mais provedores. E quanto mais atores, mais complexidade se tem, tanto na contratação, no treinamento, nas ferramentas, na visibilidade etc. Essa é a realidade.

Quais os desafios de segurança dentro dessa complexidade?

Cada ponto que a gente pegar vai ter uma gama de complexidade, como também de oportunidades de negócios para resolver os desafios dos clientes. Os desafios de segurança começam na migração para a Nuvem, seja híbrida ou Multicloud. Uma das primeiras coisas que a gente faz é definir as Landing Zones (Zonas de Destino). Se eu quero ir para a Nuvem pública, pelo menos parte do negócio, e vou para mais de uma, preciso saber onde vou colocar cada coisa. Por exemplo, vou deixar as aplicações críticas no on-premises e o restante vai para a Nuvem. Essa estratégia pode estar diretamente relacionada a questões de segurança e compliance, que impedem de migrar essas aplicações críticas para a Nuvem. E aqui entram LGPD e outras regulamentações de outros países e regiões. Ou seja, é preciso decidir onde colocar as aplicações, como fazer a comunicação entre elas, como ter visibilidade de segurança etc. Os grandes provedores de Nuvens têm Data Centers em diferentes regiões do mundo. Quando defino as Zonas de Destino e decido que tal aplicação deve ficar na Europa, preciso me adequar à legislação europeia. Isso tudo já gera inúmeras oportunidades de negócios para as empresas, tanto brasileiras quanto de fora para entender como tratar a proteção de dados em países diferentes.

E a questão do gerenciamento desses diferentes ambientes?

Depois que se decidiu onde as aplicações vão ficar, o segundo ponto é definir a arquitetura, que está muito ligado a um terceiro ponto, que é processos e tecnologias. Na arquitetura, se tenho ambientes, aplicações e cargas de trabalho em diferentes lugares, é preciso integrar tudo isso. Preciso entender como vou colocar tecnologia, pessoas, conhecimentos e processos para que isso funcione de uma maneira integrada. Quando faço isso, se chega ao que chamamos na Accenture de ter um Plano de Controle Contínuo, olhar para esse ambiente não como pedaços espalhados em diferentes regiões, mas com visibilidade, com uma orquestração, de maneira que funcione para a empresa. Mas voltando para a arquitetura, pessoas, processos e ferramentas, é onde se tem mais oportunidades. Se dividirmos em uma pirâmide, temos as ferramentas da própria Nuvem oferecidas pelos provedores bem no topo. No meio tem as ferramentas dos grandes vendors de integração, como VMware, CloudHealth para FinOps, Red Hat OpenShift para orquestração de contêineres etc. Depois, na base da pirâmide estão os inúmeros distribuidores, butiques, integradores etc., que criam soluções muito específicas, tanto no quesito para trabalhar a integração dessa complexidade, quanto no negócio do cliente. Olhando a pirâmide, no topo tem alguns provedores, no meio são dezenas de fornecedores e na base estão milhares de empresas. Há oportunidades para todos os segmentos, de vendors de Cloud até canais de TI.

Como a Accenture se posiciona?

A Accenture se posiciona naquele item de ter um Plano de Controle Contínuo, que vai unir e orquestrar todo o ambiente e suas ferramentas. Para a AWS se usa tal ferramenta, que não administra o pedaço que está no Google Cloud, que por sua vez não fala com o on-premises. Além disso, há aplicações de nicho, que funcionam bem no on-premises, mas não funcionam na Nuvem. Para que tudo funcione, é preciso fazer a integração e orquestrar toda essa complexidade.

O que leva uma empresa a optar por uma estrutura tão complexa, com diversos ambientes?

A opção de ter diversas Nuvens ocorre por diferentes razões. Uma delas tem a ver com a continuidade de negócios. A estratégia que as empresas tradicionalmente têm é de não colocar todos os ovos na mesma cesta, ou seja, não colocar toda a infraestrutura nas mãos de um único provedor. Essa questão é bem forte em diferentes indústrias, de que é preciso trabalhar com pelo menos dois provedores para dividir o risco. Outro ponto importante é a afinidade da carga de trabalho. Algumas Nuvens têm uma vantagem competitiva e certas características que fazem muito sentido para um cliente. Imagine um provedor que seja forte em HPC, tem bastante poder computacional para aplicações de simulações, engenharia pesada etc. O cliente faz uma análise de requisitos técnicos e conclui que é a única Nuvem para a sua aplicação rodar. Só que há o restante da empresa e que não faz sentido colocar nessa Nuvem, até por questões financeiras, sendo mais vantajoso em outro provedor. Outra razão seria conhecimento técnico, imagine que a área de desenvolvimento com CAD use plataforma Mac e o administrativo use Windows e por isso haja vantagens em usar Nuvens diferentes.

Essa complexidade tende a continuar no futuro?

O futuro é o Edge computing, que deve aumentar muito nos próximos cinco anos, principalmente com o 5G. Isso não vai diminuir a complexidade, pelo contrário, é mais um ponto a entrar no Cloud Continuum, que hoje tem o Data Center do cliente, a Nuvem pública e híbrida, Multinuvem e agora o Edge. Este último, com o 5G, é mais um ator, que vai crescer muito. Outro ponto tem a ver com a nossa estratégia de Plano de Controle Contínuo, que a Accenture está desenvolvendo para dar transparência a toda essa complexidade que falamos. A ideia não é diminuir artificialmente essa complexidade ou não olhar para ela. Um erro que algumas empresas cometem é tomar a decisão de ir para um único provedor, pois acabam não tendo o ROI desejado na jornada, porque não se tem a melhor ferramenta para desenvolver o seu trabalho. Um segundo ponto é que muitas empresas foram para uma segunda Nuvem, mas não olharam o modelo operacional, como vai ser a governança, processos, ferramentas e pessoas. Tem metade do processo feito, mas não consegue operar dentro de um ambiente complexo como esse. Segundo dados da nossa pesquisa, dois em cada três C-levels disseram que não tiveram o retorno que esperaram da Nuvem.

Quais os planos da Accenture frente a esse panorama?

No início, as empresas queriam migrar 100% para a Nuvem, ou parte das aplicações, para ganhar agilidade, flexibilidade e custos, e muitas conseguiam. Em um segundo estágio, as empresas viam a necessidade de ter mais controle, na tentativa de trazer aquele modelo operacional on-premises para a Nuvem, perdendo muito da agilidade e flexibilidade. A maioria está nesta fase. O futuro, para a Accenture, é entregar esse Plano de Controle Contínuo, um conjunto de ferramentas e processos, para que a gente coloque em cima desse Cloud Continuum, e o cliente possa ter flexibilidade, agilidade, escalabilidade e custo melhor da Nuvem, com o controle e segurança que tinha no passado; aumentando em complexidade, mas com a Accenture entregando as ferramentas necessárias para que tudo seja transparente.

Serviço
www.accenture.com

 

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