A união voluntária entre duas pessoas nos dias de hoje evidencia como passamos por mudanças significativas ao longo dos últimos dois anos. Os modelos tradicionais foram substituídos por celebrações personalizadas e muitas até migraram para o online. A Transformação Digital, que aconteceu em vários âmbitos, tem chamado a atenção principalmente pelos benefícios de agilidade e eficiência nas operações e nas tomadas de decisão também.
Porém, ao avaliar as recentes inovações, raramente vejo a segurança digital desempenhando um papel-chave. Como exemplo, destaco as constantes notícias sobre vazamentos de informações pessoais e as paralisações das operações de empresas bem conhecidas por ataques de ransomware – uma ameaça que podemos dizer que é bem conhecida. Creio que todos se lembram de 2017 e a epidemia do WannaCry, que deveria ter resultado em melhores condutas no ambiente digital das empresas.
Não se pode focar na Transformação Digital, inovação e melhorias na experiência do cliente (UX) e ignorar a proteção desses processos, produtos ou serviços. Por isso acredito que cibersegurança e inovação precisam se desenvolver juntas, como um casal que acabou de iniciar uma relação.
Mas como garantir a competitividade e agilidade da inovação, sem renunciar à segurança? Minha primeira recomendação é que o casal precisa ter um objetivo em comum que servirá de referencia para as decisões que eles terão que tomar ao decorrer da jornada. Definir alguns valores que ambos devem compartilhar é um bônus a mais neste quesito que pode ajudar a solucionar futuros conflitos. Um desse valores pode ser “escolher sempre o caminho que não colocará em risco a relação”.
Talvez você esteja pensando em infidelidade, desconfiança. Mas também me refiro a reputação da marca e garantir uma operação lucrativa. Essas são as principais consequências que as organizações vítimas de um ataque de ransomware estão enfrentando com a exposição pública do caso e os prejuízos financeiros, como a paralisação da empresa, custo para retomar a operação, possíveis multas e, em alguns casos, no pagamento do resgate. Nesses casos, a ineficácia de proteção corporativa enfraqueceu a relação inovação-segurança e ainda teve consequências gigantescas para a saúde da empresa.
Para evitar problemas e tentar manter o equilíbrio da relação inovação-segurança, me inspirei na maneira como casais desenvolvem um vínculo íntimo ou a intimidade. Isso ocorre depois de muito conversas e compartilhando muitas experiências. Chega-se a um ponto em que um consegue prever o que o outro fará. Por isso, a comunicação dentro os times que estão planejando e implementando os projetos de inovação e o time de segurança é extremamente importante.
Acredito que todos saibamos que intimidade e vínculos sólidos não se constroem da noite por dia, da mesma forma, não se pode esperar que algo novo atenda aos requisitos mínimos de segurança chamando o time ao final do processo. O casal precisa conversar sobre assuntos importante desde o início. Claro que conflitos irão surgir, pois na maioria das vezes cada um tentará defender a escolha que mais que convém, e é aqui que definir valores e objetivos em comum previamente ajudará a solucionar os debates e encontrar a melhor decisão para o casamento (ou o negócio).
Com a experiência que tenho, devo alertar para os riscos que algumas práticas comuns levam. A principal delas é “varrer os problemas da relação para debaixo do pano e tenta-lo esquecer”. Infelizmente isso apenas acumulará as dificuldades, assim como a poeira se junta embaixo de camas e tapetes. Porém, quando se mexe neles, ela é liberada de uma vez só.
Para quem não vive o dia-a-dia de cibersegurança, pode parecer um exemplo exagerado, porém adiar atualizações ou correções importantes dos programas ou escolher a segurança por “obscuridade” (ao iniciar uma operação na nuvem sem proteger esse ambiente) são práticas mais comuns do que parecem e foram causas frequentes dos casos de ransomware que tivemos a chance de avaliar.
Se importantes decisões fossem tomadas nos momentos corretos, o casal não teria que enfrentar a aprovação que foi gerada pelos seus erros, pois teriam criado uma certa proteção contra esses riscos. Falando de maneira mais claro sobre a relação inovação-segurança, as pequenas e importantes proteções – ao se acumulares e se sobreporem – criarão uma rede sólida que protegerá tanto a longevidade do “casamento” quanto o presente e o futuro dos negócios.
Por Roberto Rebouças, gerente-executivo da Kaspersky no Brasil.
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