Trabalhar de maneira remota certamente não é um conceito novo, mas boa parte das pessoas jamais teve acesso a esse modelo de trabalho, e muitos sequer ouviram falar dele.
Essa foi a realidade de praticamente todo o mundo durante o século XX e início do século XXI. Em 2020, entretanto, a rápida evolução do quadro epidemiológico da Covid-19 causou uma pandemia de alta gravidade, com devastadoras consequências sociais e econômicas em todos os países.
As altas taxas de mortalidade associadas à infecção pelo novo Coronavírus obrigaram a população mundial a reestruturar suas atividades. O objetivo era acomodar as novas necessidades de isolamento, distanciamento social e controle do contato humano. Assim, as atividades econômicas foram fortemente impactadas.
Buscando preservar a integridade de suas operações, algumas empresas precisaram reestruturá-las. Agora o trabalho remoto, quando viável, tornou-se a melhor opção das empresas para manter seus negócios ativos.
O que é Trabalho Remoto?
O Trabalho Remoto, também conhecido como teletrabalho (ou home office, em inglês), é aquele conduzido pelo trabalhador a partir de um local que não seja propriedade da empresa.
Normalmente, é associado com o trabalho a partir da própria casa, mas o trabalhador pode executar sua função de onde estiver. Basta dispor das ferramentas e recursos necessários.
Nos dias atuais, essas ferramentas e recursos são, para a maioria das pessoas, resumidas em um único objeto: um computador com acesso à internet.
Na era da Transformação Digital, cada vez mais indústrias e setores estão migrando ou estendendo suas operações para a internet. Isso significa que um número crescente de trabalhadores devem passar a exercer suas atividades de maneira total ou parcialmente computadorizada.
Essa tendência foi impulsionada pela necessidade de distanciamento social e pelos novos padrões de consumo e comportamento que a acompanharam.
Cumprir atividades rotineiras através destes novos meios acentuou a presença da tecnologia no cotidiano, mostrando que os novos padrões vieram para ficar — mesmo após o fim da pandemia.
A transição para o Trabalho Remoto
Quem trabalhava em um escritório, por exemplo, ou desempenhava sua função exclusivamente a partir de um computador, não encontrou grandes problemas na transição.
Pelo contrário: a experiência inicial de trabalho remoto (no primeiro lockdown coletivo em março de 2020) deixou impressões geralmente positivas nos trabalhadores contemplados.
Os subsequentes lockdowns, impostos pelas alarmantes estatísticas epidemiológicas da Covid-19, ocasionaram consecutivas extensões do regime remoto. Aos poucos foi se desfazendo a sensação de provisoriedade, e os trabalhadores passaram a encarar o modelo com crescente simpatia.
As novas rotinas de trabalho foram aperfeiçoadas ao longo do tempo, e o ambiente doméstico se tornou o local de trabalho preferido de um grande número de pessoas.
Na sociedade e no mercado de trabalho, viu-se uma mudança das expectativas e percepções sobre expectativas comportamentais e rotinas de trabalho. O mais animador é que as empresas que adotaram o modelo não observaram significativas diferenças de produtividade antes e após a transição.
Isso alimenta a projeção de um futuro com esquemas de trabalho mais flexíveis e adaptáveis às necessidades de cada funcionário. Na verdade, grandes empresas já começaram a declarar compromisso com essa agenda, como é o caso da Meta Inc. (antiga Facebook Inc.) e da Twitter Inc.
Vagas remotas atraem mais que vagas presenciais?
De modo geral, a aceitação do trabalho remoto foi muito grande nas mais diversas indústrias e setores. Os trabalhadores alegam múltiplos benefícios do modelo como razões para desejar mantê-lo. As estatísticas confirmam essa opinião amplamente testemunhada.
As mudanças comerciais, econômicas e comportamentais do período pandêmico alimentaram numerosas pesquisas do mercado de trabalho. Essas pesquisas foram conduzidas para mensurar o impacto econômico da crise sanitária e delinear projeções para o desenvolvimento econômico futuro.
Os achados são bastante interessantes e, sinceramente, não surpreendem. Em um levantamento conduzido pela CoSo Cloud, 77% dos funcionários entrevistados (trabalhadores remotos) alegaram ligeiros ganhos de produtividade quando trabalham de casa.
Possivelmente, esse sentimento se deve à maior facilidade de concentração fora do local de trabalho, como apontam 75% dos entrevistados em uma pesquisa da FlexJobs.
Além disso, trabalhar de maneira remota devolve ao indivíduo o tempo que gastaria se deslocando até o local de trabalho. Para muitos, isso significava uma fatia de 3 ou até 4 ou mais horas do dia.
Ter esse tempo devolvido permite ao trabalhador descansar mais e garante mais foco para se dedicar a outras atividades. A eliminação da necessidade de deslocamento também implica em economia dos gastos com transporte, alimentação, cuidado infantil, etc.
Como as empresas lidam com isso?
Segundo dados da Owl Labs, 44% das empresas do mundo ainda não permitiam o Trabalho Remoto até 2020. Com as mudanças enfrentadas por todo o mundo desde então, é provável que este número já tenha diminuído bastante, e continue a diminuir.
No mercado de trabalho, o impacto do regime remoto foi geralmente positivo e bem recebido, especialmente pelos setores pioneiros em sua adoção. É o caso do Marketing, Tecnologia da Informação, Educação e Comércio, dentre outros.
As mudanças de estilo de vida do século XXI pós-pandemia também alimentam expectativas preexistentes de um mercado de trabalho em que os indivíduos tenham mais liberdade e autonomia. Isso significa oferecer mais flexibilidade ao funcionário para cumprir sua função nas condições ideais.
Além disso, as empresas observaram redução dos custos de operação, um fator certamente decisivo para a manutenção do modelo. Com esses resultados positivos, fica mais fácil alimentar expectativas de um futuro com dinâmicas de trabalho como expedientes mais curtos e/ou fins de semana de três dias.
Perspectivas para o mercado de Trabalho Remoto
Para quem deseja encontrar uma vaga de trabalho em regime remoto, o mercado está altamente competitivo. Há um grande número de trabalhadores buscando oportunidades, e um número grande de vagas abertas buscando profissionais qualificados.
Indústrias como a da TI e do Marketing já se encontram em avançado estágio de adaptação ao novo modelo. Além disso, a pandemia acelerou o progresso da digitalização de setores como a educação à distância e até mesmo a telemedicina.
Outra mudança notável é nos comportamentos de busca por trabalho. Hoje, os trabalhadores têm menos receio de buscar novas oportunidades após uma “curta” experiência em uma empresa (1 ou 2 anos). Além disso, a alta demanda por profissionais torna-os menos receosos de mudar totalmente de área ou objetivo profissional.
Para as empresas, isso significa abandonar modelos anteriores de avaliação da qualificação e do perfil de trabalhadores. Antigamente, era visto com maus olhos possuir múltiplas experiências “curtas” no currículo (como 2 anos em uma empresa, 1 em outra e mais 2 em outra, por exemplo).
Hoje, este fenômeno é visto com muito mais normalidade, e não necessariamente levanta suspeitas por parte do recrutador. Em muitos setores, os profissionais têm se desenvolvido com muita rapidez, o que os inspira a ir adiante mais cedo.
O ritmo de trabalho e o desenvolvimento social e econômico do século XXI aceleram as relações de aprendizado e crescimento profissional. Por isso, líderes devem estar mais atentos à progressão de seus profissionais, e favorecer seu desenvolvimento para continuar se beneficiando de sua colaboração.
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