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Estudo do BCG mostra baixo investimento em tecnologia de baixo carbono

Outro problema é que a maior parte dos aportes nos últimos cinco anos foram direcionados a tecnologias que já são relativamente maduras, enquanto as emergentes representaram só 3% do total

Estudo do BCG mostra baixo investimento em tecnologia de baixo carbono

Dados de um relatório do Boston Consulting Group (BCG) mostram que desde 2016 cerca de US$ 160 bilhões foram investidos em tecnologias de baixo carbono. Porém, para zerar as emissões líquidas (net-zero) até 2050, a principal meta do Acordo de Paris, a Agência Internacional de Energia (da sigla em inglês IEA) estima que seria necessário o investimento de US$ 21 trilhões de 2022 a 2030 em projetos nesse campo. O valor representa uma média de US$ 470 bilhões por ano, montante equivalente a cerca de oito vezes o aplicado em 2021.

Além dos baixos investimentos, outro problema é que a maior parte dos aportes nos últimos cinco anos foram direcionados a tecnologias que já são relativamente maduras, como os veículos elétricos, foco de 41% dos investimentos, armazenamento de energia (23%), energia solar (17%) e eólica (7%), enquanto tecnologias emergentes representaram só 3% do total.

É preciso encontrar maneiras de colaborar com investidores de outros setores – e até concorrentes – para acelerar a maturidade das tecnologias investidas e ajudar o seu desenvolvimento a médio e longo prazos

O dado preocupa, pois as novas tecnologias deveriam ser as grandes aliadas da descarbonização da economia nos próximos anos – a IEA estima que mais de um terço das reduções das emissões viriam delas. Alguns exemplos dessas inovações são o hidrogênio verde, as soluções de analytics climáticas e as tecnologias de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, da sigla em inglês).

A boa notícia é que, mesmo que em estágio incipiente, os investimentos do segmento estão aumentando. Os aportes em tecnologias de baixo carbono quase dobraram desde 2020, e tem projeção de alcance de US$ 57 bilhões até o fim de 2021. Isso também vale para as tecnologias emergentes, que cresceram em representatividade, passando de apenas 1% do total em 2016 para 6% em 2021.

“Os fundos de corporate venture são os que mais estão demorando para enxergar o potencial das tecnologias novas. Elas são uma oportunidade única para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, gerar vantagem competitiva significativa – são alternativas que podem diferenciar as empresas que as adotam, mas também quem investe nelas, pois têm retorno estratégico e financeiro acima da média”, avalia Bruno Simão, diretor-executivo e sócio do BCG.

Para o executivo, o ecossistema de investimento privado é crucial para o sucesso das novas tecnologias. “É esse segmento que tradicionalmente financia startups e as iniciativas inovadoras. Eles podem estimular empresas de baixo carbono rapidamente e expandir o uso e popularidade de novas tecnologias no mercado”, diz.

O estudo ressalta, porém, que não basta que os investidores coloquem mais dinheiro nas tecnologias de carbono neutro. São quatro os passos indicados para investir da forma certa nesse mercado:

Pensar como ecossistema – Por melhores que sejam os investimentos individuais, é preciso entender que a gama de tecnologias de baixo carbono será uma força complementar na luta contra o aquecimento global. Sem essa visão ecossistêmica, investidores podem perder oportunidades valiosas. Eles precisam estruturar o portfólio com tecnologias diferentes e complementares, em diferentes modalidades.

Adotar uma abordagem de portfólio – Os investidores devem considerar qualquer investimento que façam como parte de uma carteira maior. Isso significa levar em consideração como a tecnologia em que estão investindo se encaixa em uma estratégia mais ampliada e como os retornos esperados distribuem o risco por todo o portfólio. Como a diversidade de novas tecnologias provavelmente se tornará técnica e economicamente viável em momentos diferentes, os investimentos também devem abranger uma variedade de empresas em estágios distintos de maturidade tecnológica.

Escolher os parceiros com sabedoria – É preciso encontrar maneiras de colaborar com investidores de outros setores – e até concorrentes – para acelerar a maturidade das tecnologias investidas e ajudar o seu desenvolvimento a médio e longo prazos.

Assumir riscos – Ajudar a atingir a meta de net-zero até 2050 e, ao mesmo tempo, lucrar, exigirá investimentos de risco. A recomendação é combinar investimentos em tecnologias mais antigas e maduras com outros em tecnologias menos maduras ou emergentes, além de ter uma visão de longo prazo e reservar fundos para aportes em startups em estágios iniciais, de perfil mais arriscado. Também é preciso estar preparado para o fracasso de alguns investimentos.

Serviço
www.bcg.com

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