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O caminho sem volta da democratização dos dados dentro das empresas vs. a cultura da resistência

Utilizar a palavra “silo” no ramo agrícola não é nenhuma novidade aos profissionais desta área. Na Tecnologia da Informação (TI), os silos também se tornaram muito conhecidos, especialmente na área de dados. Enquanto no setor agro o termo se refere ao armazenamento e conservação de produtos acondicionados sem estarem ensacados, o conceito em TI segue um princípio semelhante, consistindo em uma espécie de estoque de informação mantidas por uma determinada área, ou até mesmo uma pessoa da empresa, que se encontra isolada dos demais departamentos. Na prática, são aqueles dados ou informações coletadas com muito esforço humano, por caminhos em alguns casos desconhecidos da maioria, salvas em dispositivos restritos a uma única pessoa ou equipe, por exemplo, sem que o acesso esteja compartilhado ou conectado com os demais dados da companhia.

Em meio à era do Big Data, em que o volume de dados disponíveis segue em constante crescimento, encontrar equívocos na manipulação de dados, ou até mesmo dados soltos – sem utilidade ou usados de forma isolada, fora de contexto – dentro de uma empresa é um cenário muito comum, principalmente, por companhias de grande porte. O fato é que a eficácia do processo da transformação “data driven” está diretamente associado a análise e interpretação dos fatos dentro de um contexto ampliado, ou seja, quanto mais os dados estiverem conectados, mais profunda e completa se tornam as análises e possibilidades de geração de valor.

Retomando o termo citado inicialmente, o Data Silos (ou silos de dados, em português) gera impactos negativos na gestão adequada da informação, especialmente em tempos de LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, além de impossibilitar que um cliente, por exemplo, possa ser analisado de forma corporativa, em toda a sua jornada. Além disso, o aspecto cultural presente nesse cenário muitas vezes faz com que apenas a camada de gestão tenha acesso aos dados, ou uma única equipe, fator que automaticamente colabora para a criação dos silos.

A mudança no status quo
Tendo em vista este contexto de desconexão entre os dados, a transformação cultural se mostra indispensável para que os dados sejam utilizados adequadamente, extraindo todo o seu potencial. Nesse sentido, é importante destacar que mudar o status quo em relação ao senso de “dono dos dados” da empresa é o primeiro passo para que uma companhia siga o caminho ideal na sua jornada de transformação.

Dessa forma, ao evitar a mentalidade de silos e entender a necessidade de democratizar o acesso aos dados, as empresas elevam a integração dos departamentos envolvidos, gerando resultados cada vez mais positivos nos seus processos analíticos. Ademais, para que um alto nível de maturidade de dados seja estabelecido, também é importante compreender que os sistemas tecnológicos por natureza muitas vezes são estruturados em “silos”, porque resolvem processos operacionais, e que além do ambiente de sistemas é preciso um ambiente específico montado para fins analíticos e uso estratégico. Ainda assim, não basta acreditar apenas que a existência de um ambiente analítico resolverá o problema, se deixarmos de lado o aspecto cultural que também precisa ser trabalhado.

Democratize os dados de sua companhia!
Iniciando o processo de mudança do status quo quanto à “propriedade” dos dados, é importante saber que tais insumos hoje em dia são considerados ativos da empresa, e não devem servir apenas a um colaborador ou time isoladamente. Se faz necessário prosseguir rumo à democratização dos dados, o que pode significar a necessidade de desapego ou a “desapropriação” para alguns indivíduos e departamentos. Democratizar os dados consiste em disseminá-los por toda a corporação, tornando-os verdadeiras e cada vez mais completas fontes de análise para a empresa.

Transformar uma organização e torná-la orientada a dados passa, necessariamente, pela derrubada dos silos departamentais e até mesmo pessoais, bem como pela transformação da cultura.

Em suma, reunir os dados corporativos, muitas vezes fragmentados por diversos sistemas e processos, e disponibilizá-los amplamente para alavancar a capacidade analítica das áreas, promovendo o desprendimento do sentimento de posse quanto aos dados da empresa, mostra-se uma opção que efetivamente destrava a evolução na forma como as empresas usam e potencializam a geração de valor por meio dos dados. A tecnologia tem papel protagonista nesse cenário de transformação, mas não deve ser usada de forma isolada, sem que haja uma visão integrada e conexão prática com a estratégia do negócio.

Por Marcos Palmeiro, founder da DataStrategy.

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