Os jogos eletrônicos estão se tornando, cada vez mais, a principal isca para que criminosos apliquem golpes na internet. Segundo relatório divulgado pela Kaspersky, tradicional desenvolvedora de soluções de segurança para a internet, os “gamers” sofreram quase 6 milhões de ataques nos últimos 12 meses. A empresa identificou que malwares e softwares indesejados são disfarçados de jogos populares, como Minecraft, CS:GO e Fortnite.
A preferência dos golpistas pelo universo gamer é vista por especialistas do segmento como um reflexo do fato de o público ser formado majoritariamente por crianças e adolescentes e, principalmente, pelo crescimento deste mercado com a chegada da pandemia. Santiago Blanco, CEO da Prota Games, principal produtora de conteúdo voltado para especialização em games no Brasil, afirma que, nesses ambientes, é comum que os jogadores busquem diversas formas de melhorar seus desempenhos e experiências. Segundo ele, isso pode induzi-los à vulnerabilidade.
“Na maioria dos casos, esse aprimoramento se dá através da compra de equipamentos e itens dentro dos próprios jogos, o que necessita do fornecimento de dados bancários que, dependendo da forma como são usados, podem facilitar a ação de criminosos. Outra prática comum é a utilização de trapaças, conhecidas como “cheaters”, que, além de ilegais, em praticamente 100% dos casos são acompanhadas de arquivos maliciosos”, alerta.
Para manter a diversão imune aos ataques, conheça cinco dicas de cibersegurança:
Senhas
Victor Hugo Pereira Gonçalves, fundador e presidente do Instituto SIGILO, ONG de Defesa da Proteção de Dados Pessoais, Compliance e Segurança da Informação, afirma que a dica primordial é escolher senhas fortes e que fujam do comum. “Informações como o próprio nome, sequências ordenadas de números e preferências pessoais como nomes de times de futebol devem ser evitadas, pois são tentativas que os hackers normalmente fazem. O ideal é mesclar palavras neutras a números caracteres especiais como “@”, “﹩”, “#”, entre outros. Outra dica importante é nunca escolher a mesma senha para diversos logins, pois uma vez descoberta, o criminoso terá acesso a todas as suas contas”, explica.
Plataformas oficiais
As compras mais comuns nos jogos, de acordo com Victor Hugo Pereira Gonçalves, devem ser evitadas em páginas de terceiros e nunca negociadas com perfis pessoais que, em muitos casos, podem se tratar de fakes. “Se um jogador deseja comprar algum item extra do jogo, deve procurar a página oficial do mesmo, conferindo se o endereço do site está correto e se a página é verificada pelo navegador como segura para compras. Outros cuidados são com as promoções falsas, que podem chegar por e-mail, e também ao negociar com perfis de supostos jogadores, já que é difícil identificar se são pessoas bem intencionadas ou não”, diz.
Download de cheaters e arquivos desconhecidos
A já citada utilização de ferramentas de trapaça é uma das principais fontes de vírus e outros programas maliciosos, que podem roubar todos os tipos de dados, desde os bancários até arquivos pessoais como fotos e vídeos. “O estrago que a utilização de cartões de crédito por criminosos pode fazer é óbvio, mas já pensou ter outros dados pessoais de posse deles? Muita gente não sabe, mas essa prática é bastante comum e resulta em chantagem por parte dos hackers. Baixar qualquer arquivo de sites desconhecidos é uma prática que não deve ser feita em hipótese alguma”, alerta Gonçalves.
Vigilância dos pais
Em se tratando de internet, o presidente do SIGILO ressalta a importância de os pais estarem antenados a tudo o que os filhos acessam e fazem na rede. Nesse caso, é um cuidado que, segundo ele, evita até mesmo que sejam vítimas de outros crimes. “As crianças são muito vulneráveis na internet, e podem ser alvos fáceis para perfis anônimos mal intencionados e de páginas falsas. Se elas têm acesso aos dados de cartões de crédito dos pais, por exemplo, não apenas podem fazer o uso deliberado deles como também utilizá-los em locais destinados a roubar essas informações. É importante que qualquer compra seja feita unicamente pelos responsáveis, que também devem conferir diariamente o que seus filhos estão acessando”, afirma.
Ferramentas de proteção
Muitos navegadores já possuem plugins e extensões que informam sobre a segurança de sites que utilizam informações bancárias, por exemplo. Mas segundo Victor Hugo Pereira Gonçalves, os antivírus ainda são imprescindíveis. “Há muitos programas de proteção, os antivírus, que podem ser baixados e instalados gratuitamente. Eles protegem contra a maior parte dos malwares e outros arquivos prejudiciais e devem ser mantidos sempre atualizados. Apesar disso, eles não garantem que os dispositivos estejam 100% imunes aos ataques, por isso os cuidados com os sites acessados não devem ser deixados de lado pelos usuários”, ressalta.
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