Parte da agenda de modernização do sistema financeiro do Banco Central, o Open Banking — ou sistema bancário aberto — traz como uma das grandes inovações o compartilhamento padronizado de dados entre as diferentes instituições participantes, o que deve aumentar a oferta de novos serviços e melhorar de forma substancial a chamada experiência do cliente.
Ainda antes de se aderir ao sistema, no entanto, Raphael Salmi, head de Desenvolvimento de Novos Negócios da Quod, alerta que há uma decisão crucial a ser tomada. “Definir o posicionamento e como os dados serão utilizados será essencial para uma estratégia bem-sucedida no Open Banking”, ressalta. “Mais importante, é preciso saber se a empresa está realmente preparada para lidar com isso. A melhor estratégia pode incluir a terceirização dessa análise. Assim a empresa continua focada no que ela entrega, como produtos, serviços etc.”, observa Salmi.
De fato, há um consenso de que um dos principais desafios apontados por especialistas para que essas instituições participantes possam extrair insights que impactem positivamente os negócios é como tratar a enorme massa de dados que será disponibilizada pelo Open Banking.
Essa foi a questão central que permeou o debate no webinar realizado pela Quod, uma das maiores empresas de inteligência de dados no País, em parceria com a Management Solutions, consultoria internacional de negócios, e Guiabolso, plataforma que facilita a gestão financeira de consumidores e ajuda empresas a capturar oportunidades no Open Banking.
Segundo Thiago Alvarez, fundador e CEO do Guiabolso, falta compreensão por parte das empresas de que a extração de informações valiosas dos dados que o Open Banking irá disponibilizar vai demandar muitos recursos e investimentos. “O dado é considerado o novo petróleo, mas ninguém abastece o carro com petróleo. Há uma cadeia enorme para refiná-lo e transformá-lo em combustível”, comparou Alvarez. “Cada instituição enviará seus dados de uma forma. Eles não virão padronizados. E o processo de normalizá-los, tratá-los e utilizá-los consumirá muito tempo das instituições.”
Na visão do executivo, outro ponto importante é definir a estratégia de negócio, já que o novo sistema possibilitará centenas de casos de uso ao longo da jornada do consumidor. Marco Nieto Martinez, gerente sênior da Management Solutions, concorda e salienta que esse foi um dos erros cometidos no processo de implantação do Open Banking na Europa. “Na Europa, as empresas primeiro se concentraram em cumprir o regulamento, e, somente depois, em monetizar as informações”, explica. “A lição aprendida foi que é crucial definir qual será a posição da empresa dentro do ecossistema e como ela irá monetizar os dados logo no início”, observa Martinez. O executivo alerta, portanto, que esse processo deve ocorrer paralelamente ao compliance.
No próximo dia 15 de julho, entra em operação a segunda fase do Open Banking, quando serão compartilhados cadastros e transações de clientes relativos aos produtos e serviços da primeira etapa. O objetivo do novo sistema é integrar dados pessoais de todos os brasileiros para promover o acesso seguro às informações por parte das instituições financeiras, a fim de fomentar a competição no mercado de crédito brasileiro.
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