Se já era simples adquirir o produto de grandes marcas online, com o impacto da pandemia se tornou possível comprar de pequenos fornecedores e empreendedores sem sair de casa. Este fenômeno deixa claro que a tecnologia não está restrita às grandes empresas e pode colaborar com pequenos empreendimentos desde o início. Além disso, mostra a força de superação das pequenas iniciativas que, muitas vezes, atendem um público regional – seja do mesmo bairro, distrito ou até em pequenas cidades.
Passando parte da quarentena em uma cidade do interior, próxima a São Paulo, testemunhei empresas que tiveram que acelerar seus processos de digitalização do dia para a noite e, sem tempo de planejar, colocar em prática um novo repertório para vendas online. Com isso, cheguei à conclusão de que tudo é possível: pequenos restaurantes com Apps super práticos para delivery; sítios e produtores locais de pão artesanal; docerias com toda produção, estoque e controle de entregas via smartphones.
Estou citando pequenos empresários com pouquíssimos recursos para projetos sofisticados de digitalização – muitas vezes, microempreendedores individuais (MEIs) com equipes de 1 ou 2 pessoas. Analisando através de uma perspectiva de mercado, o diferencial desses produtores está no atendimento com personalidade e simpatia, desde o cuidado das embalagens sempre impecáveis e genuinamente cheias de propósito, até o pós vendas de forma one-to-one para saber a opinião do cliente, algo que nem sempre faz parte do processo dos grandes conglomerados.
Outro exemplo, a forte inserção das microempresas nas plataformas. Aqui onde estou, um sítio montou um marketplace com produtos locais, a “Amazon dos produtos rurais”, com foco na venda de orgânicos e que aproveita a própria logística para integrar produtos de mais de 10 fornecedores locais de produtos diversos, como queijos, embutidos, doces caseiros e também produtos gourmetizados. Essa movimentação é muito interessante e, longe de ser apenas um fato pontual, gera novos desafios e aprendizados para especialistas em vendas no geral.
Ainda ressalto, algumas iniciativas como o case de sucesso do Mercado de Flores e Plantas de Campinas, um pólo de vendas que se assemelha ao CEASA, em São Paulo. Com a inserção online, ao solicitar um orçamento pelo site, os empreendedores associados recebem imediatamente a solicitação e enviam ao cliente uma proposta, ou seja, a iniciativa agrega agilidade e cuidado no processo desde a pré-venda.
É importante compartilhar e estudar essas experiências com foco na gestão de negócios. Através de uma metodologia ágil e de forma engajada, essas pequenas empresas elevam o nível do atendimento para todas as outras – grandes, médias ou micro. Dessa maneira, o impacto que a digitalização causou é uma lição sobre como se reinventar em momentos de crise e, sobretudo, como provocar novos caminhos para as vendas em cenários complexos e imprevistos.
Por Luciana Cartocci, diretora executiva da Teleinfo Soluções
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