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Indústria 4.0: tecnologias que ajudam a capacitar profissionais para o digital

Estudo do BRICS Business Council sugere que organizações devem estruturar programas de educação continuada dotados de microlearning, gamificação e Realidades Aumentada e Virtual

O distanciamento social imposto pela pandemia aumentou a dependência da tecnologia e acelerou a corrida pela digitalização. Principalmente por setores que têm crescido exponencialmente, como a indústria de alimentos – que é um dos mais intensivos em mão de obra no Brasil, com 1,68 milhão de empregos diretos, e representa 10,6% do PIB nacional. Dados da consultoria global McKinsey apontam que, até 2025, a Indústria 4.0 poderá reduzir custos de manutenção de equipamentos em até 40% e aumentar a eficiência do trabalho entre 10% e 25%. Com isso, vem outro desafio: capacitar a força de trabalho para que essa digitalização ocorra com sucesso.

O estudo Skill Development for Industry 4.0 (Desenvolvimento de Habilidades para a Indústria 4.0, numa tradução livre), do BRICS Business Council, traz recomendações para a melhoria do ambiente de negócios nos cinco países que integram o bloco (entre eles o Brasil), e sugere que programas de capacitação continuada dotadas de ferramentas como o microlearning, gamificação e Realidades Aumentada e Virtual tendem a gerar os melhores resultados entre os funcionários.

Uma das tecnologias aliadas a este processo, segundo o estudo do BRICS, é o microlearning – lições em módulos menores, geralmente com duração em torno de 3 a 10 minutos, que podem ser acessadas pelo smartphone, para que possam ser consumidas a qualquer momento e lugar 

De acordo com o documento, a digitalização tem feito com que os departamentos de Recursos Humanos deparem com alguns cenários: precisam aprimorar a qualificação das equipes para que desenvolvam novas habilidades que ajudem em suas funções atuais; têm que oferecer requalificação ao times que precisarem de recursos para assumir funções diferentes ou totalmente novas, e precisam implementar uma mudança de mentalidade, para facilitar a transição suave para processos de fabricação avançados. Em todos os casos, programas de aprendizagem contínua serão necessários para que os profissionais possam se adaptar facilmente às mudanças que o avanço tecnológico traz.

“Devido à avançada tecnologia de robótica, tarefas simples e monótonas serão realizadas por sistemas de robôs colaborativos, enquanto os operadores realizam um trabalho mais qualificado e tomam decisões críticas”, explica Daniela Oliveira, analista de Inteligência de Mercado do DOT Digital Group, empresa especialista em educação digital corporativa.

Para Sueli Andrade, especialista em Educação Corporativa do DOT Digital Group, a adoção de estratégias de educação adequadas serão determinantes para o sucesso deste processo: “Toda mudança pode gerar uma sensação de mal-estar ao transportar os funcionários de um território familiar e confortável para um novo caminho. Por isso, é importante ter uma estratégia de educação adequada e bem comunicada, para que seja satisfatória para os colaboradores e gere engajamento nos programas de capacitação”.

Microlearning, gamificação e Realidades Virtual e Aumentada
Uma das tecnologias aliadas a este processo, segundo o estudo do BRICS, é o microlearning – lições em módulos menores, geralmente com duração em torno de 3 a 10 minutos, que podem ser acessadas pelo smartphone, para que possam ser consumidas a qualquer momento e lugar. “Treinamentos extensos não retêm a atenção dos colaboradores de forma eficiente. A estratégia de dividir o conteúdo em pequenas doses diárias contribui para um consumo mais rápido e, além disso, ajuda a reter o aprendizado”, explica Sueli.

A aplicação de técnicas de jogo em processos já existentes para direcionar objetivos de negócio, a chamada gamificação, é outra delas. “Não é necessariamente ‘jogar um jogo’, mas integrar uma dinâmica de jogo a uma tarefa de aprendizagem e, assim, aumentar o envolvimento e engajamento dos participantes”, explica Sueli. Já as realidades virtual e aumentada permitem integrar o mundo virtual ao real. Elas podem criar um mundo visual detalhado do ambiente de trabalho para os funcionários interagirem com segurança e aprenderem como executar determinada tarefa. “A economia de tempo é considerável, aprender se torna mais divertido, e é possível cometer erros e recomeçar, sem consequências reais”, detalha a especialista em Educação Corporativa do DOT digital group.

O estudo do BRICS também dá algumas pistas sobre quais habilidades precisam ser desenvolvidas por meio dessas ferramentas: os profissionais precisam ter capacidade para mudar, se adaptar, tomar decisões, trabalhar em equipe e com dados, com conhecimentos básicos sobre tecnologia da informação e comunicação e com alguns conhecimentos técnicos específicos. “São profissionais com este perfil que ajudarão as empresas a se manterem competitivas e lucrativas e, num mercado onde a mão de obra qualificada é escassa, caberá às próprias organizações desenvolverem os colaboradores”, ressalta Daniela.

1. O que os profissionais da Indústria 4.0 precisam ter
Conhecimento básico sobre tecnologia da informação e comunicação
Uso e interação com computadores e máquinas inteligentes
Comunicação, segurança em Tecnologia da Informação e proteção de dados

2. Capacidade de trabalhar com dados
Processamento e análise de dados
Conhecimento estatístico

3. Conhecimento técnico
Conhecimento interdisciplinar e genérico sobre tecnologia
Conhecimento especializado sobre manufatura, atividades e processos em vigor
Conhecimento técnico de máquinas para transporte e atividades relacionadas à manutenção

4. Habilidades pessoais
Adaptabilidade e capacidade de mudar
Tomada de decisão
Trabalho em equipe
Habilidades de comunicação
Mudança de mentalidade para a aprendizagem ao longo da vida
Capacidade diagnóstica em cenário de constante mudança
Gestão e relacionamento interpessoal

Fonte: estudo Skill Development for Industry 4.0, do BRICS Business Council

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