Depois de quatro anos de estabilidade, o número de profissionais de tecnologia que atuam em empresas que não têm como foco produtos ou serviços de tecnologia, chamados in house, voltou a crescer no Brasil. O movimento foi captado pelo Tech Report 2020 – estudo realizado pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia, Acate e pela Neoway, com apoio da Finep – e reflete um maior investimento do setor produtivo na digitalização de processos. De acordo com o documento, enquanto que entre 2014 e 2017 esse grupo era composto por algo em torno de 310 mil profissionais em todo o país, em 2018 saltou para 365 mil – alta de 17%. É um panorama que segue impulsionado até pela atual crise econômica causada pela pandemia de coronavírus.
“A transformação digital tem papel fundamental no desenvolvimento da economia. Ela beneficia e estimula a expansão da conectividade e se torna uma facilitadora das empresas. Movimenta negócios, gera meios para a redução de custos, maximiza receitas e contribui para o desenvolvimento de novos projetos. Inseridos neste contexto, profissionais ligados à área de Tecnologia estão se estabelecendo cada vez mais nas instituições e em todos os setores da economia”, observa Iomani Engelmann, presidente da Acate.
Só para ter uma ideia da dimensão dessa corrida, em 2019, a Supero Tecnologia, empresa que atua há 17 anos com um portfólio de produtos e serviços que inclui alocação de profissionais especializados para auxiliar empresas no processo de digitalização, registrou alta de 45%, em relação a 2018, no número de pessoal alocado em clientes cuja atividade fim não está relacionada à tecnologia. As projeções para 2020, segundo o gerente comercial da empresa Adriano Kasburg, indicavam uma nova alta, em torno de 20%:
“Numa crise, seja ela econômica ou pandêmica como a que estamos passando, as empresas precisam fundamentalmente preservar caixa, priorizando investimentos na transformação digital para criar valor para o cliente final. Independentemente do segmento, em maior ou menor intensidade elas precisam se adaptar, rever processos, investir em Business Intelligence e Data Science para tomar decisões mais assertivas para vender numa realidade em que cada vez menos as pessoas sairão de casa”.
Pix e Open Banking impulsionam contratações
Um exemplo é o grupo HR Restaurante, que usa as soluções da WK Sistemas, empresa de softwares para gestão empresarial, ou ERP, e percebeu uma melhora na agilidade dos processos, mais controle das informações, aumento de produtividade e diminuição de gastos com papel. Hoje, o ERP é usado nas três frentes de negócios do grupo ( uma rede de restaurantes, uma distribuidora e uma fazenda). José Alves, gerente de TI do Grupo, acredita que digitalizar as empresas foi fundamental para ter uma visão mais completa e precisa do negócio. “A utilização do sistema trouxe para a empresa, de imediato, uma visão mais detalhada e apurada das informações para a tomada de decisões, além de diminuir significativamente os controles paralelos. Todos os dados estão integrados, o que significa muito mais rapidez e assertividade nos processos”, comenta.
De acordo com Kasburg, este crescimento também vem sendo acelerado por questões regulatórias, que têm exigido maior investimento em digitalização dos setores financeiro e de energia, por exemplo. O primeiro, em razão da implementação do Pix, o novo sistema de pagamento digital do Banco Central, e do Open Banking, plataforma que promete mudar a forma como o mercado financeiro funciona. O segundo porque está passando por um processo de mudança na forma como capta e vende energia.
“Qualquer empresa que queira se manter no mercado precisa investir em tecnologias que aproximem a marca dos clientes, sejam eles B2B ou B2C. Isso se faz entendendo o nível de maturidade tecnológica existente na organização e criando um mapa de transformação digital adaptado à estratégia de negócio”, explica o gerente comercial da Supero.
Locar, em vez de contratar, agiliza digitalização
Nesse contexto, muitas empresas optam por contratar serviços de alocação de profissionais especializados para realizar essas atividades, em vez de investir em departamentos próprios de TI, por razões que vão desde a maior agilidade na execução do projeto, já que há aporte de expertise tecnológica imediata, sem curva de aprendizagem; a gestão das pessoas e dos projetos, que normalmente são pontos sensíveis, ficam sob responsabilidade da empresa prestadora do serviço; e ao não precisar arcar com a folha de pagamento de profissionais com alto valor de mercado, caem os custos.
“Temos uma metodologia de recrutamento desenvolvida para selecionar o mais rápido possível o profissional mais adequado para cada projeto, por meio de triagem qualificada, entrevista por competência, prova e entrevista ,técnica”, explica Bárbara Daniel Vieira, coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional, da Supero.
Segundo o Tech Report da Acate, os profissionais que compõem o grupo de especialistas em tecnologia considerados pelo estudo exercem as funções de diretores de serviços de informática, analistas de sistemas computacionais, gerentes de tecnologia da informação, técnicos em programação, engenheiros em computação, técnicos em operação e monitoração de computadores e especialistas em Informática.
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