Apenas 14% dos distribuidores de tecnologia que atuam no Brasil demitiram funcionários durante a pandemia e em agosto, 57% das empresas do setor adotaram o home office, com 75% dos profissionais passando a trabalhar em casa. Esses dados constam da 4ª Pesquisa Salarial Abradisti (Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação), que ouviu 21 distribuidores associados e este ano investigou os efeitos da pandemia de Covid-19. “Temos 40 distribuidores na entidade, pouco mais da metade respondeu, mas entre os participantes estão as quatro maiores multinacionais – Ingram Micro, Tech Data, Scan Source e Synnex-Westcon -, além dos grandes distribuidores nacionais”, afirma Mariano Gordinho, presidente da Abradisti.
Segundo ele, do pessoal dispensado no período, seguramente não estão profissionais especializados, mão de obra rara e muito disputada no mercado, mas aqueles que ficaram ociosos, como recepcionistas e copeiras, entre outros da área administrativa. “Com maior nível de automação no fluxo de trabalho, uma tarefa que demandava três funcionários hoje, com uso de software, se faz com dois”, explica Gordinho.
De acordo com o estudo, o número de distribuidores que não tinham um programa estruturado de participação de resultados caiu de 80% em 2019 para 52% em 2020. Outro dado que demonstra o maior cuidado das empresas em oferecer benefícios aos funcionários é a avaliação formal de desempenho, que não existia em 60% das empresas em 2019, número que caiu para 43% em 2020. O desenvolvimento de lideranças, que era ausente em 75% das empresas, em 2020 não esteve presente em 62% delas – número ainda elevado, mas com tendência de queda.
“A melhor forma de manter bons profissionais é ter um bom programa de retenção de talentos, que não é só ter bons salários, é preciso ter plano de carreira, crescimento profissional, qualidade de vida participação nos resultados – o profissional pode ter até um salário menor em comparação ao mercado, mas se ele trouxer resultados para empresa, ele participa daquela conquista”, observa Gordinho.
Para Rejane Silva, coordenadora do Grupo de Trabalho de RH da Abradisti, dois fatores explicam o aumento dos investimentos em capacitação e remuneração. Primeiro, o aquecimento do setor de tecnologia registrado durante a pandemia e, depois, o fato de os funcionários das distribuidoras também terem sido, em boa parte, deslocados para o regime de teletrabalho, o que exigiu dos departamentos de Recursos Humanos ferramentas de controle e recompensa. “A mão de obra especialista, que representa a maioria dos trabalhadores do setor, é movida por KPIs (indicadores-chave de desempenho). São precisos programas de remuneração e incentivo que ajudem nesse exercício de autogestão”, resume a coordenadora, que ressalta que essas iniciativas não excluem a importância da capacitação e da liderança. “Não é porque implementamos novos programas que as pessoas ficam mais bem preparadas”, observa.
Pandemia
A pesquisa deste ano, cuja coleta de dados foi de março a agosto, procurou investigar como a pandemia impactou as empresas do setor. “A pandemia antecipou tendências. O setor de distribuição estava caminhando para ter um modelo de trabalho remoto, pelo menos híbrido, alinhado com outras empresas de tecnologia, mas isso era mais para frente. A pandemia obrigou todos a acelerar essa adoção”, afirma o presidente. “Em pouco tampo, as empresas foram obrigadas a se ajustarem para o trabalho remoto, algumas tinham planos, um projeto-piloto, permitindo que o funcionário trabalhasse um dia da semana em casa e estavam avaliando os resultados, mas julgavam que não tinham ainda todas as ferramentas necessárias para essa iniciativa”, conta.
Em sua opinião, passados dez meses do início da pandemia, muitas empresas e profissionais ainda estão procurando se adaptar. Muitos têm problemas com cadeiras, mesas, lugar apropriado para trabalhar, equipamentos adequados, conexão rápida com a Internet etc. “Vendedores que estavam acostumados com reuniões presenciais com os clientes, tiveram de fazer tudo remoto e nem sempre é fácil conseguir marcar esses encontros”, comenta.
Um fator positivo identificado no estudo foi um maior estreitamento do relacionamento no ecossistema de canais, envolvendo fabricantes, distribuidores e revendas. Todos passaram por problemas financeiros e tiveram de se apoiar mutuamente. “Uma revenda tinha um projeto que foi adiado pela pandemia e o dinheiro não entrou no caixa. Por sua vez, o distribuidor teve de conversar com o fabricante porque a revenda repactuou sua dívida”, explica gordinho. “Isso ocorreu também em outras frentes, com o fabricante prorrogando o prazo das certificações que estavam vencendo, por exemplo. As empresas se ajudaram mais neste período e a relação comercial melhorou”, afirma o presidente.
Serviço
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