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Qual é o cenário para Inteligência Artificial em 2021?

Com a aceleração da Transformação Digital, cresce também a adoção de Inteligência Artificial (IA), permitindo uma atuação e compreensão mais profunda de suas capacidades. O boom da IA faz com que as organizações ampliem a oferta de algoritmos sofisticados em todos os segmentos, mas é preciso incorporar valores culturais e éticos para que a IA seja responsável (e também empática).
Acredito em cinco cenários que serão chave para o desenvolvimento da inteligência artificial em 2021:

 O momento da Transformação Digital (DX). A Covid-19 veio destacar a necessidade drástica da transformação digital em 2020. Uma tendência que só tende a continuar em 2021. Em 2020, as empresas foram forçadas a executar em meses, planos de DX previstos para cinco (ou mais) anos, para responder à nova realidade trazida com a pandemia. Depois de perceber esse sucesso, as lideranças se perguntam quais outros projetos de transformação digital são possíveis e que eles acreditavam ainda não ser a ocasião de implementá-los.

Com a maior demanda de consultas dos consumidores e a adoção do trabalho remoto, crescem os desafios. Ou seja, amplia-se a demanda por automação em inteligência artificial e consequentemente o
monitoramento de perto dessas interações. A hiper-automação ajudará a dar agilidade aos fluxos de trabalho na era pós-Covid, só que as empresas ainda terão que compreender o que a IA está fazendo para assim, prever e monitorá-la, para que não privem os clientes, quaisquer que sejam, de seus direitos.

O desafio dos consumidores que ignoram a IA. É fato que o avanço das discussões de proteção de dados em todo o mundo e no Brasil, por conta da LGPD que entrou em vigor em setembro de 2020, as pessoas se tornem mais céticas por ainda não compreendem ou ainda não se aperceberam que já utilizam a IA diariamente – como nas redes sociais (Facebook, Google, TikTok, etc), que já utilizam mecanismos de inteligência artificial em troca de dados pessoais. Ainda há um longo percurso para que as empresas estabeleçam processos mais transparentes e eduquem melhor seus consumidores.

Apesar disso, há algumas evidências de avanços na confiabilidade da IA. Pelo menos 81% dos líderes de negócios entrevistados em uma pesquisa da Pega (a ser divulgada) disseram estar otimistas de que o viés da IA será mitigado em cinco anos. Cabe, então, às empresas educarem seu público como a IA otimiza suas vidas em termos de agilidade, facilidade de processos e a oferta de produtos e serviços mais adequados para cada situação.

 Algo vai acontecer no quesito governança de IA. Embora a questão da regulamentação não tenha atingido o ponto máximo, especialmente na América Latina, a governança da IA continuará a ser uma tendência em 2021. À medida que a IA é difundida, as partes interessadas estão despertando para as dificuldades em potencial junto ao público. Dessa forma, as organizações de diversas localidades – das mais modernas às tradicionais – devem fornecer sistemas de IA responsáveis, transparentes e imparciais. Mas de quem é a responsabilidade de garantir uma regulamentação para a IA – o governo, as empresas, grupos industriais ou uma combinação de todos?

Se as empresas quiserem se autorregular antes que o governo assim proceda, terão que providenciar garantias que os dados que alimentam sua IA sejam justos e imparciais, e que seus modelos sejam empáticos, transparentes e robustos. As organizações também terão que implementar um jeito de monitorar de perto a IA para que nada saia dos trilhos ao ‘aprender’.

IA ultrapassando limites. Na proporção em que cresce a capacidade computacional de armazenamento, mais funcionalidades serão acessadas pela rede corporativa. Nosso estudo descobriu que 41% dos líderes de negócios acreditam que os casos de uso de Edge (borda) estendidas são altamente dependentes do amadurecimento da IA e de outras tecnologias, como automação e Machine Learning, o que sugere uma relação complementar entre elas. Com a proliferação de dispositivos de Internet das coisas (IoT) e a crescente adoção do 5G alimentando essa tendência, o poder computacional aumentará e, como consequência, a capacidade de aproveitar a IA na Edge.

Para ter sucesso, as empresas vão garantir que tudo na periferia esteja sincronizado com um cérebro central para alcançar uma visão holística do cliente. Isolar a IA em silos diminuiria o poder da Inteligência Artificial. Portanto, garantir que a Edge esteja constantemente conectada a um local central, permitirá que IA ultrapasse os limites do que é conhecido como possível.

ModelOps se tornará a abordagem “go-to” para implementação de IA. Muito semelhante a forma de como o DevOps deu estrutura a maneira como as aplicações são implementadas, o ModelOps chegará a um ponto crítico em 2021, como uma forma das empresas convencionais desenvolverem e operacionalizarem melhor seus modelos de IA. O que acarretará num jeito sistemático de desenvolver, testar e implementar modelos de IA eficientes por meio da Nuvem.

Em 2021, mais organizações se concentrarão em dar um upgrade em seus modelos de alimentação de IA, com o ModelOps, garantindo que haja estrutura suficiente para a TI colocar grades de proteção necessárias. Esse processo não deve ser tão restritivo para não sufocar a inovação e a agilidade – especialmente entre os cientistas de dados. Em 2021, o ModelOps ajudará as organizações a encontrar o equilíbrio.

Para concluir, cito ainda um estudo da Accenture, que analisou o potencial da Inteligência Artificial nos países da América do Sul, pode-se dizer que IA é a solução sustentável para melhorar a produtividade e crescimento dos países da região em até um ponto percentual até 2035 – evidenciando o real valor que IA pode criar, especialmente em países em desenvolvimento, como aqui na América Latina.

Não há dúvida de que a IA será o centro das atenções em 2021 para líderes e empresas que querem transformar seus negócios.

Por Maurício Prado Silva, presidente da Pegasystems para América Latina

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