A Anatel atendeu à reivindicação da Coalizão Direitos na Rede que democratiza o acesso ao WiFi 6e e abre consulta pública por 45 dias. A iniciativa é um avanço sem precedentes.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) manifestou-se favorável à destinação da totalidade da faixa de 6 gigahertz para uso não licenciado por equipamentos de radiação restrita, o que permitirá a exploração completa da tecnologia WiFi 6 no Brasil. A decisão, adotada na reunião do Conselho Diretor da Anatel realizada em 10 de dezembro, atende à reivindicação da Coalizão Direitos na Rede (CDR), uma articulação de mais de 40 organizações da sociedade civil, entre as quais entidades de pesquisa acadêmica, defesa do consumidor e inclusão digital. A Coalizão reúne gigantes da indústria como Amazon, Apple, CommScope, Facebook e Google, entre outros. Na mesma reunião a Anatel abriu a Consulta Pública nº 82, que durante 45 dias, até as 23h59 de 24 de janeiro de 2021, receberá contribuições que, posteriormente, serão avaliadas pela área técnica e submetidas ao Conselho Diretor, para decisão final.
Essa era a notícia que a Coalizão e vários segmentos da sociedade tanto esperavam. Acreditamos que a decisão da Anatel atende diretamente aos interesses do País. A destinação da totalidade da faixa de 5.925 MHz a 7.125 MHz para equipamentos de radiação restrita representa, em resumo, a democratização do acesso à tecnologia WiFi 6 no Brasil. Esse é um momento importante na história de nossa sociedade no qual devemos criar novas vias de conhecimento e não o momento de limitá-las. Acreditamos na complementariedade entre as tecnologias sem fio de alta performance e a criação de novas vias de conhecimento e geração de valor nas bandas 3.5 GHz e mmWave para o 5G complementando os espectros não licenciados (2.4, 5 e 6 gigahertz) para o uso de tecnologias de Wi-Fi.
No caso específico do WiFi 6e (“e” de enhanced, melhorado ou estendido), além da ampliação da velocidade e do volume de tráfego haverá também um aumento na capacidade e na estabilidade de redes com grande número de dispositivos conectados simultaneamente. Essas características são importantes para a aplicação e o desenvolvimento de tecnologias como a IoT e, ao mesmo tempo, estimulam a implantação de dispositivos em escolas, universidades e comunidades e nas áreas de saúde, cultura e esportes.
Na reunião de 10 de dezembro, o relator da matéria, conselheiro Emmanoel Campelo, lembrou que em 2023 haverá no Brasil mais de 755 milhões de dispositivos conectados, ou quase 50% a mais do que em 2018, e o número de hotspots Wi-Fi deverá se multiplicar por cinco no mesmo período. O uso de Wi-Fi deixou de ser uma via de acesso doméstico ou individual, constituindo-se em um modelo complementar de acesso à internet também em áreas rurais ou remotas, redes comunitárias e áreas de acesso público.
Vários países já iniciaram a regulamentação do WiFi 6, percebendo-se um claro direcionamento para o uso não licenciado de toda a faixa, impulsionado também pela possibilidade de uso futuro para o “5G não licenciado”. A proposta da área técnica da Anatel é seguir a tendência dos países americanos. “O WiFi 6 e as correspondentes iniciativas regulamentares da Agência constituem um marco para as telecomunicações e para o desenvolvimento da banda larga no Brasil”, disse Emmanoel Campelo.
De fato, países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Chile já definiram que o melhor caminho é mesmo a destinação da totalidade da faixa de 6 GHz para uso não licenciado do WiFi 6e. Para justificar essa posição, basta lembrar os muitos benefícios proporcionados por uma tecnologia quatro vezes mais rápida do que o Wi-Fi 5, mais econômica, com mais capacidade, melhor desempenho, menor consumo de energia e com a incorporação de uma série de inovações quando comparada às gerações anteriores de redes sem fio.
A liberação da faixa de operação em 6 GHz abre espaço para que mais dispositivos se comuniquem ao mesmo tempo, sem queda no desempenho, além de proporcionar um avanço sem precedentes em tecnologias como Inteligência Artificial, IoT, Machine Learning e impulsiona a Transformação Digital com múltiplos benefícios para o País.
Por Hugo Ramos, diretor de tecnologia da CommScope para a América Latina e Caribe
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