Mais do que tendência, uma realidade e necessidade para o desenvolvimento de qualquer país, a Inteligência Artificial – IA, ganha força também no Brasil com a criação de um núcleo para estudos. Batizado de C4AI, o espaço que nasce da união da IBM, da Universidade de São Paulo – USP e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp –, tem como missão desenvolver pesquisas de ponta em Inteligência Artificial para endereçar temas de grande impacto social e econômico.
Com sede no Centro de Pesquisa e Inovação InovaUSP, no campus da Universidade, o C4AI, também manterá atividades no Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação – ICMC, unidade da USP em São Carlos, interior do Estado, voltadas para capacitar estudantes e profissionais.
Com o intuito de apresentar melhorias para o bem-estar das pessoas e apoiar iniciativas para diversidade e inclusão, estarão em pauta, num primeiro momento, cinco temas: saúde, meio ambiente, cadeia de produção de alimentos, futuro do trabalho e desenvolvimento de tecnologias de Processamento de Linguagem Natural em Português, os quais devem ser ampliados e oferecerem aplicações efetivas na indústria, ciência e na sociedade.
“Hoje estamos vendo a parceria que reúne duas instituições magnificas e só desejo sucesso e que iniciativa como esta se dê também com outras organizações”, afirma o diretor da Fapesp que, a cada Real investido pela IBM, investirá mais um Real no projeto. Sylvio Canuto, pró-reitor de Pesquisa da USP, concorda que o Brasil está atrás nessa questão, mas há qualidade individual e competências em IA. “Começamos com o pé direito”, diz.
Os integrantes contam que estão em conversa com potenciais parceiros para ampliar a iniciativa, como o ITA e a PUC e, inclusive com instituições de outros Estados como Alagoas e Goiás. Há interesse na colaboração de toda natureza vinda de pesquisadores de outros Estados e países; será questão de estruturar uma atuação conjunta.
”O C4AI trabalha com pesquisa aberta, código aberto para que de forma simples e efetiva possa disseminar conhecimento, explica Cláudio Pinhanez, gerente de Inteligência da IBM Research. Hoje o Centro é composto por uma equipe de dez pesquisadores principais; 60 professores pesquisadores associados e outros colaboradores, totalizando mais de100 pessoas que atuam em diferentes campos do saber.
Cinco desafios iniciais
AgriBio – modelos de causa e efeito para processos de tomada de decisão com incerteza para o setor de agricultura. Os ciclos produtivos do agronegócio, sustentabilidade ambiental, mudanças climáticas e segurança alimentar são demandas atuais que desafiam as autoridades mundiais. Essa linha de estudo irá focar em modelos de causa e efeito para cadeias de produção de agricultura, em especial a de pequenos produtores. O objetivo será utilizar modelos de correlação avançados para a tomada de decisão baseada na causa e efeito, abordando muitas fontes de preocupações, como desperdício de água e alimento.
Knowledge-Enhanced Machine Learning – Keml – Aprendizado de máquina integrado com conhecimento simbólico com foco na Amazônia Azul, ou Blue Amazônia Brain. Combinando aprendizado baseado em dados e raciocínio baseado em conhecimento, o Blue Amazônia Brain – BLab, como o projeto está sendo chamado, pretende abordar perguntas complexas sobre a Amazônia Azul, vasta região do oceano Atlântico na costa brasileira rica em biodiversidade e recursos energéticos.
O BLab trabalhará com sistemas de conversa compostos por argumentos, causas, explicações, raciocínios e planos sobre tarefas específicas, trazendo respostas às perguntas mais diversas sobre o ecossistema marinho, como “o que causou o aparecimento de manchas de óleo na costa nordeste do Brasil?”.
Modelamento de AVCs usando técnicas multimodais de análise de redes para melhorar diagnósticos, tratamento e reabilitação – Os avanços do aprendizado de máquina na medicina são notáveis. No entanto, ainda existem questões importantes que precisam ser abordadas. Nesta frente de estudo, serão abordadas duas questões de grande importância: como integrar e selecionar recursos médicos relevantes (biomarcadores) de fontes heterogêneas e dinâmicas em grande escala e como interpretar decisões tomadas por algoritmos de aprendizado de máquina integrando inteligência humana e artificial.
A primeira fase do estudo terá duas frentes de pesquisa. Uma com o objetivo de melhorar o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação de pacientes de acidente vascular cerebral – AVC, com técnicas de análise de redes complexas em dados multimodais. E, a segunda, com foco em investigar formas de melhorar a escolha de protocolos de reabilitação em casos de AVC, o que trará uma importante contribuição social.
IA em países emergentes: políticas públicas e o futuro do trabalho. Essa frente de estudo vai envolver diversas áreas de humanas da USP, como economia, história, sociologia e ciências sociais, para mapeamento, compreensão e abordagem do impacto da IA em economias como a do Brasil. Existe um consenso significativo de que, no campo da IA, os países emergentes estão atrasados em relação aos países pioneiros, em particular, os Estados Unidos e a China.
Processamento de Linguagem Natural – PLN de última geração para o Português. Hoje em dia, existe pouca disponibilidade de ferramentas e dados para treinar sistemas de diálogo em português. O objetivo do Centro será habilitar o processamento de linguagem natural de alto nível para o português do Brasil, assim como já existe para outros idiomas, possibilitando sua melhor aplicação nas atuais demandas críticas da sociedade, como, por exemplo, aprimorar os serviços de atendimento ao cliente, o treinamento de assistentes virtuais, o monitoramento de redes sociais, bem como possibilitar a análise e a extração de conhecimento de grandes fontes de dados, entre outros.
Serviço
c4ai.inova.usp.br
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo