Na última apresentação do Cyber Security Summit Brasil 2020, evento online realizado ontem (29/09), David Brassanini, chefe de Operações do FBI, contou sobre a nova estratégia da polícia federal norte-americana contra os crimes cibernéticos. Brassanini trabalha na embaixada dos Estados Unidos em São Paulo e é o braço do FBI aqui no Brasil; da mesma forma, na embaixada brasileira em Washington há um policial da PF e ambos trocam informações sobre investigações, pois eles não têm jurisdição em países estrangeiros.
Segundo o policial, aquela imagem que Hollywood costuma contar, de que o FBI é uma elite e age sozinho, não conta o que faz, ficou no passado. A orientação agora é firmar parcerias, pelos menos quando o assunto for crimes virtuais. “Quando as coisas ficam difíceis, nós nos adaptamos, inovamos e evoluímos. Estamos adotando uma postura diferente, envolvendo agências governamentais, empresas privadas, pesquisadores e organizações sem fins lucrativos em vários países. Temos de usar nossa expertise para um propósito comum: manter nossos países, povos e famílias seguros e protegidos dentro de um mundo conectado digitalmente”, disse Brassanini.
Ele contou que há muitos anos que o FBI trabalha contra as ameaças cibernéticas, o que parece ser uma batalha sem fim: uma investigação sobre um grande hacker quase sempre leva a outro e depois a outro; ao desorganizar as ações do que ele chama de um adversário de estado, que visa prejudicar uma determinada infraestrutura ou roubar propriedade intelectual, sempre se encontra um governo por trás e a polícia não pode fazer muita coisa. “Queremos tornar tudo mais difícil e doloroso para os hackers e criminosos, eles precisam saber que podem ser punidos. E a melhor maneira de fazer isso é avançando nossa autoridade com parcerias duradouras, inclusive no Brasil. É uma mudança de mentalidade que queremos desenvolver”, disse.
Segundo Brassanini, atualmente as ameaças mais perigosas que o FBI tem enfrentado são do governo chinês contra a propriedade intelectual, e dos russos contra infraestruturas críticas de vários países, não só dos EUA, que são alvos de ataques cibernético. “Temos notado grupos grandes de hackers, que estão cada vez mais sofisticados e são muito perigosos”, disse.
Um exemplo é o grupo conhecido por APT 41, que se mostraram bem sofisticados e organizados. “O setor privado considera esse grupo uma das principais ameaças dentro e fora dos EUA. A investigação do FBI revelou que o grupo tinha como alvo uma ampla gama de vítimas, nos setores de hospitalidade, medicina, tecnologia, comunicações, videogames, universidades de pesquisa, ONGs e governos estrangeiros”, afirmou. O grupo hackeava empresas de onde roubaram código-fonte, certificados de assinatura de código, dados de clientes e informações comerciais valiosas. As empresas vítimas eram dos EUA, Austrália, Brasil, Chile, Hong Kong, Índia, Indonésia, Japão, Malásia, Paquistão, Cingapura, Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia e Vietnã. “A nossa investigação mostrou que os hackers tinham sua base na China e eram patrocinados pelo governo desse país. O FBI quer que o mundo saiba das acusações contra esse grupo”, salientou.
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