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Diversão para uns, negócio rentável para outros

Em tempos de quarentena, o consumo de games deu um salto, aumentando também o tráfego na internet
Diversão para uns, negócio rentável para outros

Com a pandemia da Covid-19, as pessoas estão mais em casa, não somente as crianças e adolescentes, que estão com as aulas suspensas, mas também os adultos. Por conta disso, o consumo de jogos eletrônicos, seja em computador, console, celular ou TV, cresceu vertiginosamente. Como muitos games são online, com possibilidade de se conectar a um servidor e jogar em equipe, o tráfego na internet também deu um salto.
Um recente debate online, chamado Gaming: Oportunidade no Hemisfério Sul, reuniu profissionais de infraestrutura e games do Brasil e de Angola. A motivação do encontro foi o crescimento espetacular que o mercado de jogos eletrônico tem registrado em todo o mundo, que está exigindo investimentos e mudanças conceituais por parte das empresas de infraestrutura, a fim de prover conectividade com baixa latência para a utilização de games.
Para Crisostomo Mbundu, coordenador de Gaming da Angola Cables, multinacional que administra cabos submarinos e data centers, Brasil e Angola são realidades distintas. “Como também atuamos no Brasil, conseguimos enxergar as diferenças. O mercado brasileiro é o 13º em receita de games, é mais maduro, com tecnologias mais avançadas e tem grandes players; já a África em geral tem uma população jovem, mas poucos recursos, mas por outro lado isso pode se tornar uma grande oportunidade, já que há muito a fazer no continente”, diz Mbundu.
A Angola Cables é focada na venda de soluções para infraestruturas de data center, venda de conectividade, serviços cloud para IP providers e ISPs para o setor corporativo. Atualmente, opera os sistemas de cabos submarinos SACS, Monet e WACS, gere dois centros de dados, o AngoNAP Fortaleza e o AngoNAP Luanda, em Angola, e faz a gestão do Angonix, um Internet Exchange Point, que está entre os cinco maiores de África. Por meio de sua rede, a companhia conecta diretamente a África, Europa e as Américas, além de ter parcerias estabelecidas para se conectar à Ásia.

O Brasil já tem uma empresa unicórnio (startup com valor acima de US$ 1 bilhão) que desenvolve games para celular, a Wildlife Studio. Temos de nos orgulhar disso  

O executivo comenta que, antes de os cabos submarinos conectarem Brasil e Angola, o tráfego saia da África, ia para a Europa, cruzava o Atlântico, seguia para os EUA e descia para o Brasil. O tempo de latência era muito grande. Do momento do clique até a resposta havia uma demora de 365 milissegundos (ms). “É uma latência impraticável do ponto de vista de game”, afirma. Agora, esse número reduziu cinco vezes, ficando em apenas 65 ms, o equivalente a um piscar de olhos.
Mbundu conta que na África há jovens ávidos a entrarem neste mundo dos games. Em outros países, inclusive no Brasil, tem gente que vive exclusivamente dos jogos eletrônicos, mas para os africanos isso ainda é uma utopia. “O acesso à tecnologia é complicado, um celular ainda custa muito caro e é inacessível para uma parcela grande da população”, diz.
“Criamos um caminho direto para atender empresas com alta tecnologia que estão no Brasil, de forma que elas encontrem um ecossistema favorável. Temos um data center, o AngoNAP Fortaleza, na capital do Ceará, com certificação do Uptime Institute. Isso significa que podemos receber todo conteúdo de game, jogos online, com a possibilidade de agregar vários operadores, permitindo que eles possam trocar tráfego entre si”, afirma Mbundu. “A Angola Cables já consegue oferecer uma qualidade de conectividade de nível internacional. São mais de 20 Pontos de Troca de Tráfego (PTT) internacionais, onde estão os grandes usuários e criadores de games”, informa.
Mercado em ascensão
Para outro participante do debate, Nilson Silva, gerente de Desenvolvimento de Negócios da empresa de hospedagem MaxiHost, que tem em seu portfólio de clientes muitos desenvolvedores de games, durante esses meses de pandemia o consumo de banda teve forte crescimento. “O NIC.br divulgou que os PTTs (Ponto de Troca de Tráfego) bateram recorde acima de recorde, principalmente por consumo de streaming e jogos”, diz.
Como muitos games são online, com possibilidade de se conectar a um servidor e jogar em equipe, o tráfego na internet também deu um salto  

A empresa possui parcerias com operadoras de ponta para manter a latência muito baixa para os usuários de games, já que hospeda servidores desses jogos. “O Brasil tem uma limitação que é a chamada última milha, que são os provedores locais. De nada adianta eu oferecer uma latência muito baixa se o provedor local dá saltos, ou seja, ele compra a conexão de um, que comprou de outro, que sua vez comprou de outro, o que acaba aumentando o tempo de resposta”, explica Silva. “Os provedores de internet estão preocupados com isso, pois tem aumentado a reclamações por parte dos consumidores”, afirma.
Em sua opinião, a tecnologia no Brasil está muito boa e há bons cursos de desenvolvimento de games preparando mão de obra especializada. “Existem polos como em Porto Alegre e demais cidades da região Sul, que estão fazendo bons trabalhos. O Brasil já tem uma empresa unicórnio (startup com valor acima de US$ 1 bilhão) que desenvolve games para celular, a Wildlife Studio. Temos de nos orgulhar disso”, diz. “As nossas agências de publicidade são conceituadas internacionalmente pela criatividade e isso pode acontecer também no mercado de games”, compara.
Números do setor
Ezequiel Norões, CEO da União Cearense de Gamers (UCEG), trouxe alguns números deste mercado. Segundo ele, no Brasil, quatro em cada dez pessoas jogam games em alguma plataforma. Dessas quatro, três preferem jogar no celular. “Uma pesquisa recente do Data Folha diz que 32% da população brasileira jogam games, o que daria mais de 65 milhões de pessoas”, diz.
Segundo ele, faturamento do mercado americano de jogos para celular gira hoje em torno de US$ 10 bilhões. O mercado brasileiro está em US$ 380 milhões. “A estimativa é de US$ 11,3 bilhões de faturamento só em games para mobile nos EUA em 2025. No Brasil, as estimativas apontam para US$ 450 milhões no mesmo período”, comenta Norões. “Os celulares estão mais acessíveis e com maior poder de processamento, o que contribui para o crescimento do mercado. Para este nicho estamos falando de celulares e tablets”, finaliza.
Serviço
www.angolacables.co.ao
www.maxihost.com.br
www.ucegamers.co,.br
 

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