Ao longo desse ano, cerca de 29% de todos os valores pagos pelos consumidores brasileiros acontecerão com a utilização do dinheiro vivo, mas essa proporção deve diminuir rapidamente nos próximos anos a partir da entrada em funcionamento do novo sistema de pagamentos instantâneos (PIX, marca criada pelo Banco Central, que é grande patrocinador e orquestrador dessa inovação). Com esse novo método, em 10 anos (2030), a movimentação de notas e moedas na economia do País deve cair pela metade. A expectativa é de que, ao final desta década, apenas cerca de 14 a 15% dos valores pagos pelos consumidores sejam feitos pelo instrumento mais tradicional, com tendência de continuar diminuindo nos anos seguintes.
Esta é uma das principais constatações do estudo intitulado “Pagamentos Instantâneos em contexto. Como pagamos: passado relembrado, presente vivido e futuro imaginado”. O trabalho foi desenvolvido pela Boanerges & Cia, consultoria especializada em varejo financeiro, ou seja, serviços financeiros para o consumidor, como pagamentos, crédito e fidelidade.
Num cenário considerado conservador, em 2030 os pagamentos instantâneos já movimentarão um montante de R$ 831 bilhões, o que representaria 15% de um total de R$ 5,6 trilhões que serão movimentados no consumo privado brasileiro naquele ano. Enquanto isso, uma visão mais agressiva prevê que este tipo de solução já terá conquistado 24% deste montante e movimentará R$ 1,37 trilhão.
Segundo o presidente da Boanerges & Cia., Boanerges Ramos Freire, a estimativa revela o poder transformador desta ferramenta na história dos pagamentos do país. “Os cartões, por exemplo, que foram criados na década de 50, levaram quase 70 anos para se igualar e superar o dinheiro, fato que só aconteceu em 2019. Agora, com os pagamentos instantâneos, teremos uma nova ultrapassagem, com inversão de posição, em apenas uma década”, explica. Segundo ele, toda essa transformação se dará principalmente em função dos benefícios reais que os pagamentos instantâneos oferecerão para os diversos participantes envolvidos nas transações de pagamentos.
Ele cita, por exemplo, que os pagadores/consumidores poderão ter maior rapidez e segurança, menor custo, aumento de praticidade, uma vez que poderão usar simplesmente suas listas de contatos do telefone celular, um e-mail ou um código de QR Code para iniciar um pagamento, além da possibilidade de integração com outros serviços do smartphone.
Por sua vez, os recebedores/vendedores terão a disponibilidade imediata dos recursos transferidos, com facilidade e rapidez de checkout (sem a necessidade das maquininhas de POS), e maior facilidade de conciliação de pagamentos.
Essas características trarão ao ecossistema maior competição entre meios de pagamentos, estímulo à entrada de fintechs e big techs e maior potencial para a inclusão financeira.
“O futuro mostra um cenário de convivência entre cartões, mobile e pagamentos instantâneos. Neste ambiente, os tradicionais plásticos serão puxados principalmente por sua função crédito e embarcados em novas tecnologias, como o mobile, QR Code, biometria etc. Assim, pagamento será cada vez mais meio e menos um negócio em si”, conclui.
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