Ainda que o Dia Internacional da Mulher seja uma data de celebração, uma vez que a cada dia as mulheres conquistam mais espaços e ganham mais voz em ambientes corporativos, políticos, econômicos, esportivos, familiares e educacionais, essa também é uma data de reflexão, planejamento e engajamento de toda a sociedade.
Não se trata da busca pelo trabalho fácil ou por um ambiente que não tenha cobranças ou pressões, mas sim a busca da mulher por um ambiente de trabalho igualitário e com as mesmas oportunidades para homens e mulheres, sem discriminação pelo simples fato da mulher ser mulher ou em razão de dogmas, paradigmas diferentes ou até mesmo por sua aparência ou personalidade. O que a mulher busca é reconhecimento pela sua competência e capacidade, sem qualquer rótulo, mas com o respeito que deve prevalecer em qualquer ambiente.
Neste cenário, a estrutura e um programa de compliance são determinantes para garantir um ambiente propício e efetivo nas conquistas das mulheres dentro do ambiente corporativo. A área tem a missão de adequar as políticas da companhia aos seus princípios e valores, visando sempre combater a discriminação, os abusos e a violência, estimulando, sobretudo, a igualdade de gênero.
A realidade do compliance nas empresas e no cotidiano das mulheres traz reflexos sólidos e eficazes no exercício das atividades profissionais, principalmente por permitir e garantir que elas possam atuar com mais segurança, confiança e igualdade de oportunidades, sem que tenham que renunciar às suas carreiras em virtude das dificuldades e barreiras encontradas em ambientes nocivos e não aderentes à nova realidade e às normas de trato social.
Não à toa, programas efetivos nas companhias mundo à fora tem protegido e estimulado cada vez mais a participação feminina em posições e carreiras que, até então, eram exercidas quase que integralmente por homens. E tudo isso feito com integridade e ações sérias voltadas primordialmente para a disseminação da informação e mecanismos de transparência na apuração de desvios.
A área de compliance dá o suporte à organização com treinamentos que reforçam os conceitos de igualdade e melhores práticas de mercado, fortalecendo, assim, a companhia com a adoção de medidas igualitárias, que ampliam o rol de ações cotidianas de combate às distorções de conduta e ao assédio, de forma a tornar o ambiente mais competitivo e equiparado. A mudança de cultura é a chave necessária para a transformação e a forma mais adequada para alcança-la é com informações claras sobre os objetivos, valores e visões da companhia.
O que antes se conversava de forma restritiva, hoje passa a ser discutido abertamente em busca de soluções e alternativas para garantir a igualdade no ambiente de trabalho. Grande parte dessa conquista se deve ao fato de a mulher ter encontrado sua voz e o apoio necessário dentro dos muros e estrutura das empresas.
Além de ajudar a esclarecer dúvidas sobre condutas a serem adotadas, o compliance garante o anonimato e a segurança jurídica necessária para apurações de eventuais desvios de conduta e que vão contra os princípios da empresa. Contudo, é importante reforçar que essa prática não tem o objetivo de restringir a atuação dos profissionais. Ao contrário, tem a missão de prover informações e instruções, além de buscar a correção de comportamentos inadequados que, por vezes, é confundida com limitação de liberdades. A bem da verdade, a missão da estrutura de compliance é proteger as liberdades, provendo informações e treinamentos que visam coibir condutas discriminatórias, assediadoras e que vão de encontro com a ética da companhia.
Além dos treinamentos executados pelas companhias, há o Canal de Denúncia, que se traduz em uma ferramenta de grande valia para as mulheres, já que garante a confidencialidade e retira a sensação de que a parte mais fraca será prejudicada, pois resguarda a identidade do denunciante e garante a devida apuração das denúncias sobre comportamentos que estejam em desconformidade com o Código de Conduta e Ética, bem como de práticas socialmente toleráveis, como elogios e brincadeiras, que acabam denegrindo, diminuindo ou constrangendo a mulher em seu ambiente de trabalho.
As denúncias apuradas devem ser analisadas por um Comitê de Integridade multidisciplinar no qual a participação de conselheiras em sua composição traz um olhar diferenciado e enriquecedor, contribuindo para as discussões dos temas com paradigmas complementares às análises das denúncias e às melhorias ao seu programa de compliance.
Importante reforçar que a influência do programa de compliance, nas atividades desempenhadas pela mulher dentro do ambiente corporativo, traz resultados não só para a companhia, que terá um ambiente mais integrado, respeitoso, produtivo, com mais resultados, com colaboradores mais felizes e satisfeitos, reduzindo assim a rotatividade de pessoas e a perda de informações, mas também traz impactos no ambiente familiar e econômico, já que as companhias terão mais mulheres contribuindo para a renda familiar e consequentemente, para a economia do país, gerando assim mais demanda em produtos e serviços.
Convidamos a todos a refletir em como podemos melhorar o nosso ambiente de trabalho sem privar a atuação na relação cotidiana, buscando ainda um ambiente transformador com mais igualdade de oportunidades, respeito nas relações e atenção ao valor feminino nas corporações, já que a cada dia as mulheres vêm ocupando o seu espaço e evidenciando as suas qualidades e competências.
Késsya Curvo, gerente de Compliance da Sonda
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