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Quem são os profissionais que o setor de TIC tanto precisa?

Veja como fazer carreira num dos setores que mais crescem no País e o que os profissionais esperam das empresas para ser contratado
Quem são os profissionais que o setor de TIC tanto precisa?

ideias saindo de cabeçasDe um lado mais de 12 milhões de brasileiros desempregados. De outro um setor que está sempre com vagas abertas e pensando em estratégias para não perder seus talentos para outras empresas. Essa é a realidade do segmento de tecnologia. Levantamento da consultoria IDC, encomendada pela Salesforce, estima que só no Brasil serão criadas 195 mil novas vagas no setor de TI até 2022. O problema é que faltam profissionais especializados, com conhecimentos técnicos.

Só a Softplan, uma das maiores empresas do ecossistema de TI de Santa Catarina, está com 110 vagas abertas. Entre os requisitos desejados no perfil profissional estão experiência, conhecimento em diferentes linguagens tecnológicas e o desejo de autodesenvolvimento. “Como a empresa está num movimento de inovação bem forte, buscamos pessoas que tenham um mindset transformador, que não se contenta com o status quo, que tenha um perfil resiliente e que busca a mudança, embasada em dados, fatos e benchmark”, salienta Luisa Simon, coordenadora de desenvolvimento humano e organizacional da Softplan.

Além do conhecimento aprofundado do seu cargo, o profissional precisa ter uma noção da rotina de outros departamentos

Mas quem são os profissionais que o setor de TI tanto precisa?

De acordo com a pesquisa Brazil IT Snapshot, divulgada neste ano pela Logicalis, os gestores buscam profissionais proativos, que sugerem soluções tecnológicas importantes para os clientes da empresa antes mesmo de serem demandados por seus chefes. A experiência e capacidade de mapear os processos e sugerir mudanças foi a competência mais citada por 42% dos entrevistados.

“Os candidatos com espírito empreendedor têm preferência na lista dos recrutadores do setor de tecnologia. Isso porque esse mercado é formado, sobretudo, por startups ou pequenos negócios, onde a hierarquia é menor e, consequentemente, as pessoas precisam ter a capacidade de lidar com as situações de forma autônoma. O chamado ‘senso de dono’, tão alardeado em vários setores, é primordial no caso do mercado de TI”, explica Júlia Pacheco, gerente de Gestão de Pessoas da Cianet, fornecedora de soluções tecnológicas para provedores regionais de internet.

Outra característica importante é a visão sistêmica da empresa. Para Júlia Pacheco, é importante que o profissional não fique limitado a sua função. “Os setores costumam ser complementares e, por isso, além do conhecimento aprofundado do seu cargo, ele precisa ter pelo menos uma noção da rotina de outros departamentos”, afirma a especialista.

A qualificação técnica também é um desafio. Uma saída para as organizações com dificuldades na contratação de novos profissionais da área de desenvolvimento é investir em programas de capacitação. Pensando nisso, a Code:Nation criou uma plataforma online baseada na metodologia Challenge Based Learning, que facilita o aprendizado por meio de desafios de programação. A empresa também oferece programas de aceleração gratuitos e presenciais para desenvolvedores. A startup atende tanto a estudantes e formandos sem experiência, quanto a profissionais que já trabalham na área, mas não conseguem ocupar as posições abertas nos pólos de tecnologia.

O que os profissionais esperam das empresas de tecnologia e inovação?

Uma das principais consequências da escassez de profissionais qualificados para o segmento de tecnologia e inovação é a alta rotatividade de profissionais nas organizações. Essa realidade não é restrita a empresas menores. Pesquisa feita pela Paysa mostra que a média de permanência de um profissional no Facebook é de dois anos. Pouco? Pois é a maior entre os gigantes de tecnologia. A lista segue com Google, um ano e nove meses; Apple e Amazon, um ano e oito meses. Ambientes descolados com com mesas de pingue-pongue e sem dress code já deixaram de ser diferencial. Mas não significa que práticas de bem-estar não sejam importantes, só não se sustentam de forma isolada.

Para Júlia Pacheco é preciso oferecer remuneração justa e a possibilidade do profissional ser protagonista em suas atividades, além de um relacionamento transparente com a liderança. “Os profissionais esperam encontrar um lugar para colocar seus talentos em ação com autonomia e responsabilidade. Um local onde possam ser eles mesmos, sem precisar vestir um ‘personagem profissional’. Ninguém mais quer abrir mão dos seus valores para trabalhar em alguma empresa, por isso buscam este alinhamento com a cultura organizacional”, afirma Júlia. “Os mais jovens ainda buscam fazer parte de uma empresa que gere impacto positivo socialmente”, complementa.

Valores na hora de decidir — Carlos Dias é engenheiro de software e morava em Minas Gerais quando viu o anúncio de vaga de uma startup que ficava em Brusque, interior de Santa Catarina. Ele procurava por uma empresa que tivesse objetivos claros e vontade de crescer, saindo da zona de conforto, e encontrou isso na Hiper, startup que desenvolve software de gestão e vendas para o micro e pequeno varejo. “O ponto final da decisão foi durante a entrevista de emprego. Durante toda a nossa conversa era deixado claro que a empresa tem um objetivo maior, que é ajudar o varejista a ter sucesso no negócio dele e não simplesmente possuir uma carteira de clientes cheia ou chegar a um faturamento elevado. O que eu senti é que eu iria trabalhar em um lugar que foca nas pessoas antes do negócio”, comenta.

Responsabilidade Social — Ao unir bem-estar e impacto social, os resultados podem ser muito reveladores das necessidades sentidas pelos colaboradores. Um exemplo é o case da equipe da PayPal. Ao utilizar a plataforma online de saúde e bem-estar corporativo da GoGood, a empresa atingiu 260% de sua meta – percorrer 2,5 mil km em 60 dias – e realizou o sonho de uma criança com câncer pela ONG Make a Wish. A ação, além de atuar na melhoria da saúde dos colaboradores com o estímulo à caminhada, promoveu grande engajamento, fortaleceu a cultura interna e gerou alto impacto social com a recompensa promovida pela GoGood. “Ações como esta são cada vez mais procuradas por colaboradores que querem realmente fazer a diferença no mercado de trabalho”, afirma Bruno Rodrigues, CEO da GoGood.

Motivação — CTO da divisão de Agricultura da Hexagon, multinacional sueca referência em soluções digitais, Adriano Naspolini comanda uma equipe de 40 colaboradores e diz que a motivação em trabalhar com o que há de mais avançado em tecnologia no mundo é um dos diferenciais da divisão de Agricultura, que tem sede em Florianópolis. “Aplicamos aproximadamente 25% de nossa receita em Pesquisa e Desenvolvimento. É um percentual bem acima do mercado em empresas deste porte e faz a diferença para quem é apaixonado por tecnologia e busca desafios”, afirma Naspolini.

O engenheiro e mestre em computação Luan Silveira, 28 anos, está há dois anos e meio na Hexagon. Gaúcho, ele foi para Florianópolis para trabalhar na multinacional e diz que é muito comum receber propostas de outras empresas, já que a capital catarinense é um pólo de negócios com base tecnológica. “O que me mantém na Hexagon é o desafio constante e a motivação pelo que faço. Cada dia é diferente do anterior, sempre aparece um novo desafio que não havia sido mapeado e desenvolver soluções que ajudem a aumentar a produtividade agrícola é muito legal porque dá a sensação de estar fazendo algo bom para o mundo”, afirma Silveira.

Pertença e autonomia — O desenvolvedor Web, Bernardo Smaniotto, começou a trabalhar na Cheesecake Labs, empresa que desenvolve aplicativos web e mobile, logo no primeiro mês de funcionamento da mesma. Hoje, cinco anos depois, Bernardo compõe a diretoria do negócio. Para o profissional, a autonomia e sensação de pertencimento são fatores essenciais para manter a motivação. “Quando eu entrei, ainda não tinha muita experiência, então tinha como motivação o espaço para aprender e me desenvolver. Conforme o tempo foi passando, a motivação evoluiu para a sensação de que fazia a diferença, minha opinião era valorizada, as liberdades individuais de cada um eram respeitadas. Quando entrei para diretoria minha relação ficou ainda mais próxima, porque me senti reconhecido e hoje tenho autonomia para implementar algumas coisas que eu acredito”, conta Bernardo.

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