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Gerenciamento de Equipes Ágeis: Foco na Colaboração (Parte 2)

Na primeira parte do artigo, destaquei dois pilares para desenvolver a real colaboração entre uma equipe de desenvolvedores: um propósito em comum e a confiança entre os membros do time. Nesta segunda parte, devo lembrar que o estresse pode ser utilizado como um elemento positivo, desde que o ritmo de trabalho seja mantido de forma saudável. Explico por meio de uma analogia muito simples.

O estresse em humanos é o subproduto da colaboração e dos seus conflitos, assim como o calor nos motores dos automóveis. Do mesmo jeito que um motor precisa ser resfriado pelo sistema de arrefecimento, precisamos criar mecanismos de alívio de estresse para que os times continuem produtivos ao longo do tempo.

Nos últimos anos, os ambientes de trabalho vêm se modificando, promovendo áreas de descanso e divertimento com cada vez maior frequência. Ambientes lúdicos e confortáveis têm uma função fundamental para equipes de alto desempenho, porque fornecem o alívio tão necessário de estresse. Servem como uma válvula de escape, necessária em determinados momentos.

É comum a crença de que empresas bem-sucedidas, como Google, Facebook e Netflix, têm ambientes de trabalho divertidos justamente porque são bem-sucedidas e podem investir mais dinheiro nesses espaços e no tempo de descompressão de seus colaboradores. Não é exatamente esse o motivo.

Na minha opinião, essa crença tem uma inversão de causa e efeito, já que é justamente o ambiente dessas empresas que permite o alto desempenho dos seus times e consequentemente o sucesso das empresas. E a equação desenvolvida pelo psicólogo e pioneiro da teoria da organização social, Kurt Lewin (1890-1947), ajuda a sustentar a minha opinião:

B = f (P, E)
Behavior = function of People and Environment
*Comportamento = função entre Pessoas e Ambiente*

Lewin dedicou muitos esforços a compreender os aspectos que influenciavam o comportamento dos humanos. Chegou à equação acima, sua chamada “Teoria de Campo”, ao estabelecer que duas condições influenciam o comportamento: as pessoas e o ambiente ao seu redor. São dois fatores que precisam ser analisados em conjunto e não separadamente.

Promova a colaboração, a velocidade é consequência!
A minha sugestão para gestores de times de desenvolvimento interessados em adotar algum framework ágil e obter os resultados desejados é a seguinte: promova a colaboração entre os membros da sua equipe, até que a confiança e o comprometimento do seu time cresça!

Defina seus indicadores de desempenho – sem esquecer que velocidade é importante, mas que outros elementos são fundamentais. Acompanhe a evolução, inspecionando e adaptando as práticas e ferramentas adotadas. Não vai ser fácil, mas já sabíamos disso, certo? Os primeiros passos dos gestores na direção correta incluem:

• Ouça mais do que fale – Procure ficar próximo do time e entender os reais desafios do ciclo atual de desenvolvimento de software. Organize reuniões 1 a 1 com todos os membros do seu time, para ouvi-los individualmente e em grupo;
• Deixe o time se organizar – Ao invés de definir como as coisas serão feitas, deixe cada membro do time descobrir seu próprio caminho. Eles podem cometer erros no começo, mas esse aprendizado é muito valioso para estabelecer as relações de confiança;
• Troque ordens por perguntas – É possível orientar times de desenvolvimento fazendo as perguntas certas e deixando que eles encontrem as respostas como um grupo. Isso pode tornar o processo mais lento e complicado no início, mas isso também será muito importante para o aumento de produtividade.

No final, o que desejamos é mais orientação e menos gestão. Talvez essa conclusão seja polêmica, pois pedir para um gestor não fazer gestão é bastante contra intuitivo. O ponto aqui é que, à medida que seu time evolui na adoção de práticas ágeis, menos gestão externa será necessária.

Com a comunicação estabelecida de forma correta e com o time se sentindo responsável pelos sucessos e fracassos, gestores usarão sua experiência e conhecimento para guiar o time gentilmente na direção correta, tornando a gestão como é feita hoje cada vez menos necessária. Mas não há motivos para preocupação. O caminho parece lento, mas garante o aprendizado e o desenvolvimento pessoal e profissional de todos os envolvidos.

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