Medições específicas viabilizam a gestão da microgeração de energia elétrica e facilitam a pulverização da geração de energia limpa.
Por *Sérgio Penna
O mercado de energia elétrica tem sofrido uma grande evolução nos últimos tempos. A maior utilização de sistemas de tecnologia da informação, em conjunto com as redes de transmissão e distribuição de energia, tem o objetivo de elevar substancialmente a automação e a eficiência operacional. Esse é o principal racional por trás do termo smart grid.
No âmbito da TI, os sistemas atualmente utilizados e dominados pelo mercado de telecomunicações têm se demonstrado com alta correlação e sinergia com a demanda das redes elétricas inteligentes. Como exemplificação de algumas funções amplamente utilizadas no mercado de telecom e que possuem paralelo ao smart grid, podemos citar a medição e análises de KPI’s (indicadores de performance) individuais de cada consumidor e em tempo real. Tais indicadores não se restringem à sua unidade consumidora como um todo, mas podem ser refinados com medições de dispositivos individuais de clientes, sejam varejo ou indústria.
No caso de grandes consumidores, são incluídas medições específicas e relevantes (ex: balanceamento de carga/fases, energia reativa etc). Tais medições, além de dar real visibilidade às companhias de energia e aos próprios consumidores, viabiliza ainda a gestão de microgeração de energia elétrica, facilitando a pulverização da geração de energia limpa.
O aprovisionamento do serviço nos clientes e sua gestão própria (ex: facilmente o cliente pode solicitar ativação de uma unidade consumidora temporária, como uma casa de praia ou de férias), é também uma possibilidade dessa convergência. Além disso, a companhia de distribuição pode criar modelos de negócios avançados, como “energia pré paga” – novamente outro recurso de grande domínio pelo segmento de telecomunicações. Outra possibilidade são os cortes de energia de maneira remota, reduzindo os elevados custos de equipes de campo. Não restritos a questões comerciais, como falta de pagamento, mas em casos de emergências, como incêndios, desastres e outros.
Mais uma funcionalidade convergente é a modulação do valor da tarifa dependendo da hora do dia e dia da semana, beneficiando clientes que consumam em horários de menor demanda e, assim, otimizando as redes. Viabiliza a concessão de bônus e promoções individualizadas para unidades que consumam de forma mais consciente e eficiente do ponto de vista da rede.
A eficiência operacional também pode ser atingida pela análise e incentivos ao consumidor para “planificar” o gráfico de consumo, trazendo mais consumo dos horários de pico para horários de baixa demanda. Isso só é possível com o entendimento refinado do comportamento de cada cliente, de forma individualizada.
Funções de analytics para, entre outros, apoiar no marketing, educação do consumo e eficiência operacional, apresentando ao cliente seu consumo instantâneo, comparativos entre vizinhos, informação a respeito de consumos elevados de dispositivos eletroeletrônicos (ex: identificação de geladeiras antigas com alto consumo comparado com modelos recentes e ganhos alcançados), entre outros. Além de entender de forma mais granular cada cliente e incentivá-lo de formas mais assertivas ao pagamento de faturas atrasadas – ao invés de suspender o serviço.
Novas oportunidades de negócios
A imensa capilaridade das distribuidoras de energia e o acesso a informações muito valiosas das unidades consumidoras, permitem agregar maior variedade de produtos e serviços ao cliente, não apenas a energia em si, incluindo o cross selling. Mais recentemente, com a popularização e barateamento de dispositivos IoT, utilizando, ou rede própria das concessionárias ou outras como LORA/5G, trazem maior necessidade de gestão, mas também muito mais possibilidades de novos negócios.
A eficiência operacional também é alcançada com a proliferação do uso de tais dispositivos, automatizando chaveamentos de rede, isolamento de circuitos, monitoramento e diagnósticos, todos de forma remota e o mais automatizado possível.
A identificação, em tempo real, de problemas e elevar o percentual de soluções remotas faz com que o OPEX com técnicos em campo seja reduzido substancialmente, além do incremento na satisfação dos consumidores e redução de perdas devido a interrupções do serviço.
Outro ponto importante é a maximização da identificação de fraudes mais rapidamente e com atuações direcionadas – uma problemática elevada no setor de telecomunicações, mas com tecnologias muito difundidas – possibilita a redução de custos.
Assim, com tais exemplos, podemos ver que sistemas que suportam fortemente o setor de telecomunicações podem apoiar muito bem o desenvolvimento de smart grids, beneficiando toda a cadeia de valor, desde a geração, transmissão e distribuição de energia, além, claro, do consumidor final com redução de custos e ampliação e serviços agregados.
*Sérgio Penna é gerente de pré-vendas e projetos especiais da Open Labs
Sobre a Open Labs SA.
A ex-PT Inovação, empresa de P&D do Grupo Portugal Telecom, a Open Labs é desenvolvedora de produtos e serviços para os mercados de telecomunicações e tecnologia da informação. Líder em sistemas de tarifação convergente e processo de negócio em tempo real do setor de Telecom, a empresa atua com uma linha de produtos convergentes para redes Telecom, serviços M2M, IoT, MVNO, TV interativa e Over The Top, além de plataformas inovadoras para a área da saúde.
Com o DNA de P&D e Inovação, a Open Labs criou em 2016, uma startup incubada na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, onde são desenvolvidos projetos de ponta em tecnologia da informação e comunicação.
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